Por Antonio Risério
Confinamento e distanciamento interpessoal impostos pela peste são uma violentação antropológica com a qual teremos de conviver. Seremos obrigados a recriar nossas formas cinésicas e proxêmicas específicas, as brasileiras, de relacionamento. Ao mesmo tempo, tenho birra com a expressão “distância social”: adoto a distância física, mas com envolvimento social. A própria opção pelo isolamento é, neste momento, signo de solidariedade. O problema é que o país, empurrado por um governo destrambelhado e criminosamente irresponsável, mergulhou em estado de desorientação nacional. Diante da peste, surge em todo o mundo uma fantasia compensatória: a velha conversa de que a tragédia é véspera de uma nova e melhor humanidade, mais limpa, mais justa, mais fraterna. Não consigo acreditar nisso. Continue lendo Figuras em busca do azul →
Por Vitor Chiodi
Na introdução do clássico A mão esquerda da escuridão, Ursula Le Guin (2014) diz que a ficção científica é muito mais um comentário sobre o presente que uma forma de tentar prever o futuro. Ainda assim, é muito comum que se avalie ficções científicas do passado a partir da sua suposta capacidade de antecipar acontecimentos. Um sinal no presente que confirme alguma suspeita e, quase instantaneamente, surge um novo oráculo que já estava ali, a dizer os próximos passos, e o que e a quem temer. A ficção científica conecta ciência e público em torno de imaginários tecnocientíficos. Em certo sentido se torna uma forma de pensar a ciência e a tecnologia e especular para onde elas podem nos levar. Narrar o futuro se torna uma ferramenta para pensar o presente, como tão bem descreveu Le Guin. Continue lendo Os oráculos da pós-modernidade: ficção científica, ciência e o futuro →
_revista de jornalismo científico do Labjor