Por Camila Nunes Dias e Josiane da Silva Brito
No Brasil, a produção da delinquência se efetiva na constituição da prisão como lócus de articulação da criminalidade e de conformação de redes criminais mais amplas, densas e complexas. Para que a posição política estratégica da prisão seja preservada, faz-se necessário recriar continuamente formas de justificá-la, dispositivos técnicos e discursivos que a legitimem e permitam o fortalecimento do círculo vicioso que articula a dinâmica criminal e o encarceramento em massa como elementos políticos centrais.
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Por Bruna Bumachar
Quando entrei pela primeira vez na Penitenciária Feminina da Capital, na capital paulista, em meados de 2008, deparei-me com uma população que girava em torno de 800 presas, sendo cerca de quase metade composta por não nacionais e a outra metade por brasileiras. Lá se encontravam estrangeiras de mais de 60 nacionalidades, com perfis variados, falantes de mais de 30 línguas, mas que traziam em comum, em 76% dos casos, a maternidade, e, em 95% dos casos, o tráfico de drogas como causa do encarceramento, todas na função de mula. A maioria maciça era primária no sistema carcerário (ao menos no brasileiro), residia anteriormente em seus países de origem e não falava português, único idioma dominado pela quase totalidade de presas brasileiras e funcionários. Continue lendo Nem dentro, nem fora: notas sobre a experiência prisional de estrangeiras em São Paulo →
_revista de jornalismo científico do Labjor