Nós nos acostumamos a julgar que democracia e eleições caminham sempre juntas. Onde há eleição, haveria democracia; promover a democracia seria expandir o processo eleitoral. Por isso, quando surgem determinados resultados eleitorais, nós quase desanimamos da democracia. Como é possível que tanta gente apoie quem debocha do sofrimento que causa? Democracia e eleições caminham juntas, sim, mas mantêm uma relação tensa e contraditória. Limitar a democracia ao processo eleitoral é desfigurar o ideal democrático – e, ao mesmo tempo, reduzir a qualidade potencial do voto. Continue lendo Democracia: muito além de eleições
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Falsa ciência e pós-ciência?
Por Peter Schulz
Fake science existe já há um bom tempo sob o nome de pseudociência, algo que quer se passar por ciência sem ter o seu estatuto. Existem critérios para diferenciar a pseudociência da ciência, pois, como diz o filósofo da ciência Bruno Latour, “o objetivo da ciência não é produzir verdades indiscutíveis, mas discutíveis”. As verdades discutíveis são refutáveis e “verdades” indiscutíveis são pós-verdades, “verdades” da pseudociência. No entanto, em tempos pós-verdadeiros, a atividade científica é também ameaçada pela falta de rigor nos mesmos cuidados necessários para identificar as fake news cotidianas. Continue lendo Falsa ciência e pós-ciência?
Notícia falsa e inadequação das mídias em lidar com ela não são novidade, novidade é a saturação de fake news
Por Carlos Orsi
O início da Era da Pós-Verdade é fake news: o problema, para desespero dos populistas e dos marqueteiros, não é que as pessoas não se importam com a verdade, que a única forma de se comunicar com o público é por meio de apelos à emoção, à vaidade e ao preconceito, e sim que a verdade tem dificuldades em chamar a atenção num ambiente de mídia tão saturado quanto o contemporâneo. Continue lendo Notícia falsa e inadequação das mídias em lidar com ela não são novidade, novidade é a saturação de fake news
Embrapa e Unicamp debatem pós-verdade e jornalismo científico em 14 de novembro
4º Encontro Mídia e Pesquisa, no Centro de Convenções da Universidade de Campinas, trará convidados como Maurício Tuffani (Direto da Ciência), Roberto Romano (Unicamp), Jorge Duarte (Embrapa), Carlos Alberto Zanotti (PUC-Campinas), Daniel Bramatti (O Estado de S. Paulo) e Ângela Pimenta (USP) Continue lendo Embrapa e Unicamp debatem pós-verdade e jornalismo científico em 14 de novembro
PÓS-VERDADE: Mídia e política, redes sociais, Trump e muito mais. Confira aqui todo conteúdo do dossiê de março
Pós-verdade e pós-falsidade
Por Carlos Vogt
Pós-verdade é mais um conceito-coringa, próprio da contemporaneidade, como pós-modernidade, e outros pós que virão. Diz tudo e diz nada, porque é feito da confusão entre o que se transforma, por conhecer, e a transformação do conhecimento na banalidade de receitas de autoajuda epistemológica. Mas é, ele próprio, derivado, entre outras coisas, da mudança de paradigma científico que se deu ao longo do século XX, com ênfase na substituição de um modelo ontológico de verdade por um modelo probabilístico. Continue lendo Pós-verdade e pós-falsidade
Poder de automação: interferência de bots sociais na política global
Por Samuel C. Woolley
As formas como softwares sociais automáticos estão sendo implantados, bem como os grupos por trás da implantação, estão mudando. Os pesquisadores de ciência da computação descobriram que os bots sociais podem ser usados além da simples interação homem-bot, rumo a uma garimpagem em larga escala dos dados de usuário e verdadeira manipulação da opinião pública em sites como Facebook e Twitter.
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Leonardo Sakamoto: O futuro das redes sociais está diretamente ligado ao futuro da educação para as redes sociais
Por Gustavo Almeida e Tiago Alcantara
As redes sociais são maravilhosas; elas aproximam pessoas, facilitam revoluções, encurtam distâncias. Mas, ao mesmo tempo, você tornar possível o contato de muita gente que não está preparada para essa comunicação sem prepará-la para isso, pode significar que essas pessoas se tornem veiculadoras de boatos e mentiras que possam criar problemas graves para a sociedade, ou mesmo acreditarem em boatos e mentiras porque não estão acostumadas, inclusive, em entender, por exemplo, que uma matéria bem apurada é mais forte que um meme que foi enviado pelo seu “best friend forever” de algum lugar E, não sendo preparada, ela pode cair mais facilmente numa rede de mentiras ou se tornar, ela mesma, vetor de difusão de mentiras. Continue lendo Leonardo Sakamoto: O futuro das redes sociais está diretamente ligado ao futuro da educação para as redes sociais
Um fantasma assombra o mundo. Mas… qual é mesmo sua identidade?
Por Reginaldo C. Moraes
O reino da pós-verdade não é uma consequência de qualquer “determinismo tecnológico” ou o fruto da “explosão da informação” que, supostamente, caracteriza nosso cotidiano, balcanizando e fragmentando a informação, disseminando a crença em tudo e, portanto, em nada. Aquilo que por vezes se tem chamado imprecisamente de “sombra do fascismo” é um filho legítimo do movimento de fim da história, isto é, da caricatura de democracia liberal e de mercado livre que os poderes fáticos do centro do mundo impuseram ao planeta como destino inelutável. É surpreendente que os personagens vocacionados para o sucesso hoje sejam encarnação da “anti-política”? Pode ser um empresário excêntrico e agressivo, pode ser um chefe cripto-hitleriano. A emergência desses tipos é uma descendência legítima da apologia da globalização. A mídia conservadora americana não via Trump como o candidato dos sonhos. Mas não podem rejeitar a paternidade. A imprensa liberal também o recusa, evidentemente. Mas não pode negar que ele é a versão cínica e truculenta daquilo que fazem, elegantemente, os falcões globalistas do Partido Democrata. Continue lendo Um fantasma assombra o mundo. Mas… qual é mesmo sua identidade?
Uma consciência 3.0 para as redações
Por Rogério Christofoletti
Tão logo passou o furacão, decidimos sair de nossos abrigos para observar os estragos. A internet, redes sociais, smartphones e tudo ao seu redor tinham varrido nossas certezas preservadas há décadas nas redações. A partir disso, sabemos todos, o jornalismo não foi mais o mesmo porque perdeu a primazia de informar, porque uma horda de amadores ocupou largos territórios e porque a economia da gratuidade chacoalhou (e fez despencar) muitos negócios na área. Continue lendo Uma consciência 3.0 para as redações