Por Fernanda Gallo
O debate sobre as relações de aproximação e distanciamento entre a escrita ficcional e a escrita histórica aparece, no mínimo, desde o caderno de anotações de Aristóteles intitulado “Poética”e escrito entre os anos 334 a.C. e 330 a.C., no qual o historiador é designado como um relator do que aconteceu e o poeta do que poderia acontecer, segundo a “verosimilhança e a necessidade” vigente naquele presente momento. De todo modo, ao menos até o séc. XVIII – período em que se desenvolveu uma concepção de história enquanto progresso contínuo – o fazer literário e o histórico eram entendidos como práticas narrativas próximas, sendo a disciplinarização da ciência no século XIX (e a delimitação entre o fato e a ficção num contexto de formação dos Estados-nação europeus e da ascensão da burguesia enquanto classe dominante) o marco de separação entre as duas formas de narrar. Continue lendo Tensões entre ficção e história nas Literaturas Africanas