Por Carlos Vogt
Sociedade da informação (em inglês, global information society), ou sociedade do conhecimento, e nova economia, são expressões geradas no interior do mesmo fenômeno e que, se não recobrem exatamente os mesmos significados, pertencem, contudo, ao mesmo campo semântico estendido na planura da retórica redencionista da globalização. Nesse sentido, o Brasil, antes mesmo da apropriação da materialidade abstrata da globalização, que é a livre circulação do capital financeiro, foi se apropriando, pelos projetos e programas que constituem os marcos das aspirações da sociedade mundializada, dessa retórica-simulacro-de-inclusão.
As perorações dos sacerdotes do novo credo formam arengas que, pela recitação insistente, vão constituindo mantras de verdades oraculares: novo paradigma tecnoeconômico; resgate da dívida social; alavancagem do desenvolvimento; constituição de uma nova ordem social; exclusão da exclusão; economia baseada na informação, no conhecimento e no aprendizado; “onda de destruição criadora”; não formação de uma classe de “infoexcluídos”; alfabetização digital; fluência em tecnologias da informação e comunicação (TICs); lema do aprender a aprender; inclusão social como prioridade absoluta; democratização dos processos sociais pelas TICs; vitória sobre a clivagem social entre o formal e o informal; agregação de valor; redes de conteúdos que farão a sociedade se mover para a sociedade da informação; educação a distância; igualdade de oportunidades de acesso às novas tecnologias ─ condição indispensável para a coesão social no Brasil. Há mais! Mas essa amostra basta para dar uma ideia do curso das águas claras desse pensamento simplista que constitui o ideário ambicioso da sociedade global da informação.
O governo brasileiro oferece aos cidadãos uma série de serviços informatizados que antes requeriam, em geral, longas vias burocráticas de dificuldades variadas e o pagamento de atravessadores para sua facilitação. Hoje, serviços que envolvem Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), Programa de Integração Social/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep), Imposto de Renda (IR), Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), Cartão Nacional de Saúde (CNS), Título Eleitoral e Passaporte estão, entre outros, disponíveis via rede eletrônica, além de instâncias de serviços que muito facilitam a vida do cidadão, como é o caso do Poupatempo, no estado de São Paulo. Então, o Brasil está dentro desse novo contexto? Está dentro e fora ao mesmo tempo. Inclui-se pela modernidade dos programas e pela ambição das metas, além das récitas das ladainhas da pós-modernidade que tão bem decora e reproduz. Está fora porque, embora o número das inclusões digitais seja crescente e cada vez maior, o número do residual ainda é grande e a qualidade do funcionamento das redes de internet ainda deixa a desejar, sobretudo num setor crucial para o pleno exercício da cidadania: o da educação.
Não há receita fácil para os problemas criados na esteira da globalização nem é certo que o fenômeno perdure mais que o tempo de tornar o capitalismo mais forte e mais concentrado, pela agregação de capital, como se diz agora, ou por sua acumulação, como já se dizia anteriormente. O fato é que, socialmente, num sentido amplo, seus benefícios têm sido feitos mais de simulacros do que de distribuição efetiva da riqueza do mundo, a qual está cada vez mais transnacional, livre para circular como capital financeiro, mas ancorada na propriedade exclusiva dos grandes conglomerados que, ao enriquecerem mais e mais, empobrecem os Estados, os governos, as nações e as populações marginalizadas da Terra. Nesse sentido, não paira a mínima dúvida de que há exclusão social. O desafio é também entender como ela se dá ─ e como sempre se deu ─ nesse espaço cada vez menos físico, cada vez menos geográfico da universalidade da máquina, da globalidade da vida, tecida na teia intrincada do fluxo e da circulação da informação.
A vida globalizada é a vida estendida no tempo, mas também no varal do território árido do deslumbramento. Simultaneidade de ausências! O homem não só não tem centro, como não está, ao mesmo tempo, em toda parte. Nesse contexto, a informação manipulada pode ser a manipulação informada, sob a condição de deixá-la disponível integralmente, sem risco de que seja compreendida efetivamente, isto é, vivenciada na verticalidade da individuação de cada vida como fato único, definitivo e transitório, em sua permanente finitude.
Com poucas palavras, Rainer Maria Rilke define, no poema “O cão”, o que considera o essencial da condição canina: “nem excluído nem incluído”. É assim que Roger Grenier inicia o capítulo “Um olhar de recriminação”, do livro Da dificuldade de ser cão, em que trata das relações entre o poeta e esses ternos ─ quando ternos ─ animais domésticos, reprovando, sobretudo, o fato de a vida desses animais não durar tanto quanto a dos humanos. O que dizer, então, de um outro animalzinho social – o homem digital – criado pelo aparato tecnológico da chamada sociedade da informação que, ao contrário do cão do poeta, é “excluído ou incluído” sem termo médio possível?
Uma das obsessões programáticas dos teóricos idealizadores da sociedade da informação é o firme desígnio da inclusão digital das populações do planeta, pela universalização do acesso ao uso dos computadores e às facilidades eletrônicas que a internet proporciona. Por sua vez, a internet é uma rede mundial que nasceu como um sistema de comunicação para uso estratégico do governo, ou seja, para permitir estratégias de comunicação alternativa às que se conheciam até o fim dos anos 1960 e que, em um segundo momento, voltou-se ao ensino e à pesquisa nos Estados Unidos, onde nasceu. A internet, alcançando interesses comerciais mundo afora, universalizou suas finalidades e utilizações, mas restringiu sua capacidade como instrumento de ensino e pesquisa e selecionou, entre o grande público, os beneficiários de seu ambicioso e retórico programa de inclusão social informatizada.
Em 1994, os usuários comerciais da internet já eram o dobro dos usuários acadêmicos e, no ano seguinte, a National Science Foundation (NSF), agência do governo dos Estados Unidos, decidiu desativar o backbone NSFNCT, não sem antes tomar medidas para garantir a continuidade da internet. Entre essas medidas, aquela que, em parceria com a empresa norte-americana MCI, possibilitou, por cinco anos, um investimento de 50 milhões de dólares para que a MCI operasse um novo backbone experimental de alta velocidade, Very High-Speed Backbone Network Service (VBNS).
A insatisfação da comunidade de ensino e pesquisa com os serviços da internet, então crescente, fez que, em 1996, duas iniciativas marcassem o surgimento de uma nova etapa no desenvolvimento das tecnologias de informação e das tecnologias de rede: a Internet 2 e a Next Generation Internet (NGI), constituindo consórcios de várias universidades e empresas do setor e anunciando poderosos investimentos governamentais com vistas a aumentar a capacidade inteligente do sistema, não só do ponto de vista físico, mas sobretudo lógico e tecnológico, ou seja, implementar e potencializar sua racionalidade informacional e comunicativa.
Para permitir o uso da internet para fins de ensino e pesquisa era preciso acelerar e fomentar a pesquisa em internet e em novas TICs de um modo geral. O domínio das TICs constitui, cada vez mais, um requisito indispensável na formação dos jovens para sua habilitação profissional num mercado extremamente competitivo e transnacionalizado. O mesmo ocorre com a necessidade de domínio da expressão linguística em sua língua materna e em pelo menos duas grandes línguas “francas” internacionais, como é hoje o caso do inglês e do espanhol. Se tiver o domínio das matemáticas, estará, então, preparado para concorrer nas primeiras fileiras dos que disputam seu lugar ao sol.
Mas a grande multidão dos que hoje não têm emprego e padecem da anorexia que tomou conta dos programas sociais dos governos pelo mundo se deve, de fato, à velha dama indigna da má distribuição da riqueza e da injustiça social. Sem o compromisso dos governos com a retomada do Estado de bem-estar social, a plena, plana e generalizada educação informacional não trará conforto à sociedade, nem a sociedade, por mais incluída que esteja, virtualmente, na democracia digital da informação, deixará de permanecer, realmente, excluída do acesso, não só aos bens de consumo, mas às condições de desenvolvimento cultural humanístico que deve continuar a ser a utopia e o traço distintivo do homem em sua humanidade.
Mas de que é feita a humanidade do homem? De muitos predicados. Bons e maus. Nem bons nem maus, a exemplo de nosso herói em Macunaíma: o herói sem nenhum caráter, de Mário de Andrade. No caso da humanidade digital do homem tecnológico poder-se-ia dizer, para contrapô-la – uma das formas lógicas da definição – ao cachorrinho poético de Rilke, que o que a define é a contrariedade entre a inclusão e a exclusão sociais, enquanto que a “caninidade” do cão seria, nesse triângulo de contrários – para usar as categorias do pensamento formuladas pelo lógico francês Robert Blanché –, o termo médio da oposição: nem incluído nem excluído, da mesma forma que indiferente, ou facultativo estão para o obrigatório e o proibido, ou o amoral, para o moral e o imoral, ou ainda o amarelo para o verde e o vermelho, nos sinais de trânsito, significando “nem pare, nem siga”.
Desse modo, o cão, que jamais será socialmente digital, não sendo passível de espécie alguma de alfabetização, muito menos a tecnológica, além da importância que sempre teve na história afetiva de nossas vidas, constitui-se também um ícone de sábio ceticismo para a definição da nova humanidade do velho homem, ou da velha humanidade do novo homem e de todas as outras combinações possíveis com que gostosamente vamos nos iludindo de esperanças.
Vivemos um momento delicado na história do planeta. E não por razões cósmicas, cosmológicas, astronômicas ou mesmo astrológicas; não por razões naturais, mas por razões culturais, quer dizer, por motivações sociais, políticas, religiosas. Enumerar os graves problemas que o homem hoje enfrenta, em diferentes circunstâncias, mas com a mesma intensa e indesatável presença, é fazer desfilar uma lista interminável de alegorias do mal, da dor e do sofrimento.
Entre essas alegorias do padecimento humano nas sociedades contemporâneas está, qual uma locomotiva da crueldade do progresso, a do desemprego, a da falta de trabalho, a da ausência de perspectiva para o exercício de uma profissão, a da falta de ocupação e, consequentemente, a da negação da identidade pessoal por falta total do espelho no qual se reproduz a imagem social de nossas semelhanças e de nossas diferenças. Estamos no ponto de nos percebermos feitos ou só de semelhanças – o que produz, como significado, o ruído ensurdecedor do silêncio absoluto –, ou de puras diferenças – o que gera o silêncio alucinante do alarido contínuo.
Alguns impasses marcaram as liberdades conquistadas nas últimas décadas no nosso continente: liberdade política, liberdade de expressão, liberdade de movimento, liberdade de circulação do capital financeiro, mas também falta de confiança nos políticos, politização dos meios de comunicação, falta de mobilidade social e exclusão, muitas vezes absoluta, de parcelas enormes da população da ciranda dos cada vez mais poucos que gozam dos privilégios da livre circulação do dinheiro pelos mercados internacionais.
Em outras palavras, globalizam-se as condições de reprodução do capital financeiro ao preço de sacrifícios regionais – chamados emergentes – nunca antes conhecidos. Por isso, o risco das motivações para induzir, tal como revelam os relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU), as populações a dissociarem da democracia as virtudes do bem-estar social gerado pelo desenvolvimento da economia. O que é ruim para os indivíduos, péssimo para a sociedade e pior ainda para o futuro da qualidade de vida do homem e do meio ambiente no planeta.
Já se disse com sincera hipocrisia ou com disfarçada virtude que a hipocrisia é o tributo que o vício paga à virtude. Uma das virtudes apregoadas da democracia é a visibilidade de suas formas de decisão, de representação e de participação das sociedades na formulação dos destinos de seus repousos e de suas transformações. A hipocrisia democrática que só põe ao alcance das populações os simulacros de seus benefícios sem, contudo, permitir-lhes o acesso real ao conforto material de suas liberdades ideológicas e/ou virtuais corre o risco de gerar, na percepção de seus atores e usuários, uma contradição perversa entre liberdade e bem-estar social.
Nesse momento, a hipocrisia subsumirá a sinceridade e o vício, não tendo mais tributo a pagar a quem quer que seja, confundirá a virtude com uma inconveniência passageira a ser contornada para o pleno triunfo dos finalismos que tudo justificam. Passa-se, assim, do equilíbrio ético construído entre o vício e a virtude para a plena vigência do cinismo de resultados competitivos, acirrando os individualismos a ponto de ameaçar a consistência dos elos que sustentam o contrato social que oferece condições de vida ao homem e que é razão de ser de sua vida em sociedade.
A questão do trabalho, do emprego, da ocupação, da mobilidade social é grave no mundo contemporâneo e mais grave ainda em países como o Brasil, pois aponta para a necessidade de medidas políticas urgentes dos governos, das entidades e das instituições nacionais e internacionais que alterem a rota de colisão em que nossas sociedades foram postas pelo primado do capital especulativo e pouco produtivo, não só do ponto de vista econômico, mas sobretudo, do ponto de vista social, político e cultural.
Quando Sigmund Freud apresentou, na 18ª de suas Conferências introdutórias sobre psicanálise, a psicanálise como o terceiro golpe a atingir a soberba ingênua e o amor-próprio do homem (2), completava-se, assim, a tríade dos grandes abalos que o conhecimento foi produzindo ao longo dos séculos no entendimento ou na compreensão da vivência das relações com o cosmos ̶ o cisma cosmológico provocado pela revolução iniciada por Nicolau Copérnico ̶ , das relações com sua centralidade na criação entre as espécies ̶ o cisma do evolucionismo biológico desencadeado pela obra de Charles Darwin ̶ e das relações consigo próprio na descoberta das forças do inconsciente que o alienam de sua própria casa ̶ o cisma psicanalítico anunciado por Freud.
Um quarto abalo, também fundamental, poderia ser acrescentado, passando a configurar uma espécie de “quadrado lógico” da síndrome das grandes perdas da história vertiginosa do mundo ocidental e das apresentações de suas representações no espetáculo do conhecimento: o do cisma ontológico provocado pelo pensamento de René Descartes e pela definitiva alienação entre o eu e o mundo por ele captada e, epistemologicamente, provocada como paradigma de abordagem e de produção científicas do conhecimento.
O conjunto desses cismas provoca, por sua vez, no mundo contemporâneo, em particular a partir de Immanuel Kant e Friedrich Nietzsche ̶ Nietzsche que dizia não haver nenhum fato, mas apenas interpretações ̶ , um quinto abalo que passa a funcionar como uma espécie de epicentro dos grandes tremores do pensamento ocidental na atualidade: um cisma epistemológico de proporções geológicas e planetárias que nos leva até mesmo a identificar suas características não pelo conjunto positivo de predicados que agrega, mas pela multiplicidade de atributos que concorrem para sua desagregação desconstrutora. Ao moderno que o “quadrado císmico” configurava, segue-se, no epicentro da ruptura epistemológica, o pós-moderno, que, na falta de uma designação positiva, nega, pelo prefixo, o que sucede e afirma, pelo nome, o que nega. É a dialética da separação de que nos fala Émile Bréhier em seu livro Transformation de la philosophie française, de 1950.
O fato é que esse cisma epistemológico vem enviando sinais de abalo há muito tempo. Pelo menos desde as linhas de tensa convivência entre o racionalismo e o subjetivismo romântico, gerados, como gêmeos em conflito, pelo iluminismo e que estabeleceram, nos últimos três séculos, paradigmas de exclusão entre a ciência e a religião, a ciência e a arte e mesmo entre a ciência e a filosofia. Uma das consequências dessa eclosão epistemológica é a busca de pontos de urdidura para descoser as distâncias e os distanciamentos entre essas atitudes e posturas e os domínios do conhecimento por elas desenhados, de modo que se possa produzir, em sua plenitude, a aspiração maior de Goethe, ao buscar a união entre a ciência e a poesia numa visão da natureza fortemente carregada de uma profunda sensualidade religiosa e, ao mesmo tempo, de uma sensível religiosidade sensual.
Todos, ou quase todos, conhecemos a fábula da corrida do coelho e do cágado, segundo a qual o excesso de autoconfiança do primeiro o leva a cochilar, por desprezo ao segundo, que, por morosa persistência, ganha a prova. Depois do longo sono do coelho e do lento caminhar do cágado, temos como mora da história:
- O apressado come quente e queima a boca.
- De grão em grão a galinha enche o papo.
- Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.
- Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
- A vingança é um prato que se come frio.
- Quem espera sempre alcança.
- A esperança é a última que morre.
- Deus ajuda quem cedo madruga.
- Quem vê cara não vê coração.
- Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
Há uma enorme quantidade de provérbios, dos quais o decálogo acima é uma amostra, louvando as virtudes da calma e da paciência contra os vícios da pressa e da velocidade. In medio stat virtus (3) proclamava a cultura clássica latina, e por estar no meio é que a virtude, como valor, constitui-se, em oposição às categorias do excesso, para menos e para mais, tanto de falta como de abundância. Como escreveu o poeta romano Horácio nas Epistulae: Virtus est medium vitiorum et utrimque reductum (4).
Na obra Novos ensaios sobre o entendimento humano, Gottfried Wilhelm Leibnitz escreveu natura non facit saltus (5) e, quando crianças, nós aprendemos, com os ensinamentos do catecismo, que um mesmo Deus, todo-poderoso, criou o mundo em seis dias e escolheu o sétimo para descansar, legando-nos a gostosa preguiça dos domingos calmos e vagarosos e, às vezes, chatos de tão demorados de passar. Mas ninguém se iluda com o hedonismo horaciano do carpe diem (6) ou com o bucolismo virgiliano do sub tegmine fagi (7), de que fez eco explícito, com o poema “Sub tegmine fagi” de Castro Alves, e outros poetas românticos brasileiros que deitaram seus versos à sombra das laranjeiras, debaixo dos bananais.
O século XIX já anunciava que os tempos mudavam numa velocidade antes não conhecida de mudança e que a oposição entre campo e cidade, cara ao século XVIII, acentuava, em suas diferenças, a rapidez da vida moderna. A cidade e as serras, de Eça de Queirós, é um belo registro desse contraste. Eadweard Muybridge, com o seu gênio inventor e seu talento fotográfico, fez vários estudos sobre o movimento, entre eles o que mostrou, através das 24 câmeras fixadas na linha do chão, o galope de uma égua e sua imagem suspensa com as quatro patas no ar, num balé de beleza, graça e agilidade etérea, o que não é pouco para um corpo pesado e que ninguém conseguia ver, em velocidade, sem um ponto de apoio no chão. Estava nascendo o fotograma e com ele a tecnologia que permitiria o cinema.
Os filmes do início do cinema, no começo do século XX, têm um deficit tecnológico que faz que tudo o que registram se mova em velocidade surpreendente. Entretanto, o que é uma insuficiência tecnológica é também uma técnica descritiva e narrativa que acaba por constituir um estilo, um modo de ser, sempre em movimento frenético. Nesse sentido, Tempos modernos, de Charles Chaplin, é uma comédia da ruptura. O filme é uma crítica e um registro lírico de uma perda, mas é também a enunciação de um anúncio: o mundo mudara e não só era feito de mudanças, como anotaram os clássicos do Renascimento, mas de mudanças velozes.
Com o fenômeno da globalização da economia, consolidado com a queda do Muro de Berlim no final dos anos 1980, consolidou-se também a imperiosa necessidade de padrões cada vez mais rápidos de comunicação e de circulação de informações para permitir, entre outras coisas, a livre e ágil circulação do capital financeiro por todas as partes do globo e o giro incessante da máquina virtual de fazer lucro que o carrega. Ainda nos anos de 1980, a IBM, numa loja em Paris, na Place des Voges ̶ local de concentração de joalherias, em vez de uma pedra preciosa, expôs, à luz de spots, um chip de computador, sozinho, numa vitrine, protagonizando o enredo do novo conceito de riqueza que a economia e a sociedade do conhecimento estavam, então, aprimorando, para lançar em nossos carnavais. Condensação e velocidade, que buscadas cada vez mais intensamente para e pelas TICs acabariam, não por acaso, levando ao prêmio Nobel de Física de 2007 dois físicos, Albert Fert e Peter Grünberg, cujas pesquisas levaram a aumentar a capacidade de armazenamento de dados nos discos rígidos, permitindo, por sua vez, que se tornassem cada vez menores e eficientes em rapidez, qualidade e quantidade de informação.
Em fevereiro de 1909, o poeta italiano Filippo Marinetti publicava na França, no jornal Le Figaro, o Manifesto Futurista, que iria se constituir num dos marcos do modernismo.
O futurismo, além da exaltação inicial de alguns de seus seguidores em favor da guerra e da violência, pregava a crença na velocidade e nos desenvolvimentos tecnológicos de fins do século XIX e rejeitava o passado e todas as formas de moralismo ou, ao menos, as que assim eram consideradas pelos adeptos do movimento. Essa é uma questão que vale a pena ser levada em conta já que a relação velocidade-guerra-violência se instalou de tal modo nas sociedades contemporâneas que é quase inevitável pensarmos também essa relação em correlação com o fenômeno da indigência ética e com a presentificação leviana do passado que caracterizam o mundo industrial moderno e sua versão tecnocientífica no pós-moderno.
Para isso, alertou Walter Benjamin quando falou do fim da narrativa ou das condições de narratividade do mundo colados nos acontecimentos pela simultaneidade de suas imagens em circulação informativa e comunicacional, o tempo do símbolo, achatado, no que simboliza, tira-nos a distância da vivência e da reflexão e nos põe no frenesi de uma corrente de fatos que surgem do nada, desfilam no vazio e desaparecem na sucessão atropelada de novos fatos, novos acontecimentos, que são os mesmos já vistos e presenciados virtualmente, mas que, céleres, não se deixam captar pela memória e pela lembrança.
A velocidade é um valor caro ao presente, avesso ao passado e arrogante de futuros. É um risco, uma aposta, um jogo de dados que também, mais uma vez, não abolirá o acaso. No livro Modernismo, Peter Gay escreve que a locomotiva foi considerada, com razão, segundo ele, fundadora de um novo mundo dominado pela mecanização, acelerando as comunicações com os melhoramentos revolucionários nos correios, nas estradas e demais vias de transportação. Desse modo, entre as várias características que podem ser atribuídas ao modernismo, cujas raízes devem ser buscadas no século XIX e no processo de industrialização intenso que consolidou socialmente a burguesia como classe dominante, está, sem dúvida, a da paixão pela velocidade, pelo movimento rápido, pela rapidez da mobilidade. É interessante notar que, nessa perspectiva, o trem e a locomotiva estão para o mundo moderno, também como símbolos, como as caravelas estão para o mundo dos descobrimentos e da Renascença.
A verdade que Darwin ajudou a contar de forma definitiva, ao menos até agora, é que o homem nasceu inquieto ou inquietou-se depois do nascimento, tanto do indivíduo, como da espécie ̶ neste último caso, desde a mãe África, onde ele surgiu, por diversificações da linhagem do chimpanzé, cerca de 5 a 7 milhões de anos atrás. De lá para cá, deu-se uma grande variedade de ocorrências em seu processo evolutivo, desde o Sahelanthropus tchadensis, supostamente o hominídeo mais antigo, até o Homo sapiens,que, ereto desde 100 mil anos passados, colonizou todos os continentes, começando sua imensa peregrinação na Terra há mais de 200 mil anos, quando era ainda Homo neanderthalensis. Então,espalhou-se pelo planeta como Homo sapiens sapiens, chegando às Américas há cerca de 15 mil anos, embora haja controvérsias entre seus descendentes antropólogos e paleontólogos quanto às datas de sua chegada mais ao sul do continente.
O fato é que o indivíduo viajou e a espécie também, movimentando-se, por ondas migratórias, uma ou três, três ou mais, por terra e por mar, ao que supõem as hipóteses também em disputa para explicar a origem do homem na América. Se nascemos sabendo ou se adquirimos a sabedoria do pensamento simbólico depois, por alguma mutação genética, ainda não sabemos, mas temos fé e esperança de que viremos a saber. O que já sabemos, entre tudo o que é sabido, é que o homem continuou a andar, a circular, a voar, a girar, a viajar também pelo ar, a se movimentar: para um lado e para o outro, para cima e para baixo, para o fundo e para o raso, para a superfície e para o profundo, para si próprio e para o outro, para Deus e para o diabo, para a penitência e para o pecado, para a solidão e para o convívio, para a cidade e para o campo, para a produção e para o consumo, para o trabalho e para o ócio, para o amor e para o ódio, para o não e para o sim, para o talvez sim e para o talvez não, para o real e para sua ilusão… Portanto, movimento e repouso, como categorias do ser movente e da movimentação do ser mutante.
Se a locomotiva é um ícone do modernismo e a caravela um símbolo do Renascimento, tudo que é pós-industrial e pós-moderno pode ser simbolizado no computador como ícone das TICs, que aceleraram a velocidade do homem no espaço e no tempo, dotando-o da simultaneidade das imagens e dos simulacros que abalroam os vazios de suas distâncias e o peso de suas aproximações. O viajante chegou ao porto movimentado de sua imobilidade, em que navega sem sair do lugar e se planta deslocando célere e obsessivamente o eixo de sua concentração.
No ponto dessa máxima imobilidade, o mundo se movimenta e o homem evolui também incorporando, na mudança, comportamentos e ações que sua inteligência imprimiu nas máquinas que simulam sua capacidade simbólica e lhe devolvem influências que certamente marcarão os caminhos de suas transformações futuras. Nelas, já se sabe, o presente tenderá a se alongar, não como passado histórico, mas como imagem congelada de simultaneidades espalhadas na superfície do tempo colado ao espaço dessa imobilidade vertiginosa.
A seleção natural como princípio e processo explicativo da transformação das espécies incorpora o conhecimento e a capacidade que tem o homem de ação e interferência sobre o meio ambiente como um dado do processo seletivo das formas de vida ─ o homem inclusive ─, que, aturdidas, oscilam entre as forças da natureza e a dominação científica e tecnológica que a cultura do conhecimento permite estabelecer, não propriamente sobre elas, mas com elas, em contratos de utilidade social e econômica.
Entre os muitos sinais de que, no modernismo, o novo trazia já, em si, os elementos de sua superação, um deles pode ser destacado, porque é emitido de um lugar, de um tópos cultural menos esperado, mais discreto talvez e, por isso, quem sabe, mais surpreendente. Ele vem da linguística e de sua concepção tal como proposta no Curso de Linguística Geral, publicado em 1905 por obra de discípulos do mestre suíço, Ferdinand de Saussure, reunindo em livro as aulas, palestras e conferências que o autor, ele próprio, não teve tempo de organizar em vida.
E aqui vai o sinal de uma primeira ausência: Saussure é autor de um livro que não escreveu, mas cujas ideias revolucionaram os estudos da linguagem humana e todos os sistemas de signos. Por isso, ao fundar a linguística moderna, Saussure funda também a semiologia e lança as bases para os estudos de todos os sistemas de significantes em qualquer tipo de linguagem, tendo como princípio de sua organização a função comunicativa. A segunda ausência, agora parte integrante e constitutiva da teoria, diz respeito à noção de valor do signo linguístico. Para Saussure, o valor do signo linguístico é relacional, não é uma coisa em si, não é uma substância. É na relação de um signo com outros, dentro do sistema a que ele pertence, que ele vale por alguma coisa que ele representa, mas que não é. Desenha-se, pois, como consequência dessa noção relacional do valor do signo, o princípio de classificação e de organização dos fenômenos de comunicação, princípio que domina todo o estruturalismo, do ponto de vista teórico e metodológico, e que consiste em procurar estabelecer as regras de funcionamento de um dado sistema de significações pela estrutura das relações de oposição entre os elementos significantes que integram o referido sistema.
A linguística tem como objeto explicar como se dá a relação som-sentido, isto é, como uma cadeia material de sonoridades com propriedades mecânicas e físicas específicas produz sentidos e significados cuja natureza é imaterial, sem nenhuma relação de motivação necessária entre um nível e o outro. Assim, o fenômeno da significação da linguagem humana e de todos os sistemas semiológicos é explicado negativamente, por uma ausência: a de ser o que ele não é. Isto é, para que a linguagem realize plenamente sua função maior, que é a comunicação, ela nega sua materialidade física e afirma a imaterialidade do que ela significa nos atos de fala e de enunciação que entrelaçam a comunidade dos falantes numa rede de reconhecimentos e de estranhamentos que formam a dinâmica da vida em sociedade. Portanto, a linguagem é, para forçar o paradoxo, o que ela não é.
Essa visão negativa, relacional, da linguagem e da comunicação será fortalecida, ainda mais, com o advento da informática e da internet, isto é, da rede mundial de computadores e de seus vários produtos sociais como o são, entre outros, os sites, os blogs e o Twitter.
Com eles, ganha força o conceito de rede social, sobretudo com as últimas formas de organização da comunicação rápida, veloz e instantânea, baseada numa limitação cada vez maior do número de caracteres a serem utilizados pelos adeptos, em número crescente no mundo todo, dessa nova espécie de tribalismo virtual.
Com o processo de semiotização da vida social no mundo contemporâneo ─ processo caracterizado pela substituição da coisa por sua representação, isto é, por sua imagem, por seu signo, e no qual as TICs têm papel fundamental ─, vem se constituindo também uma espécie de nova metafísica, uma metafísica não do ser, mas de seu simulacro, não do mundo real e das ideias de sua concepção, mas da virtualidade da forma de suas apresentações. Breve, uma metafísica da imagem. Associe-se a isso a velocidade dos dados e informações e tem-se, com o instantaneísmo, a presentificação do tempo e do espaço feitos agora em imagens de simultaneidade que se oferecem a uma nova forma de percepção, sem perspectiva, porque sem passado; sem passado, porque sem distância; sem distância, porque sem futuro de possibilidades.
Se tudo cabe no cenário familiar da sala de jantar, da biblioteca, do escritório, da caminhada pelas ruas, da viagem de carro, de ônibus, de navio, de avião, entrando pela janela da televisão, do computador, do laptop, do celular, tendemos também a estar em toda parte e em lugar nenhum, não como uma nova espécie de divindade jansenista, mas como uma ausência tecida nos intervalos dos nós que amarram a rede, feita do vazio relacional que nos constitui, no jogo dinâmico, veloz e fugaz das representações, em imagem, não do que somos ─ porque isso já não saberemos ─, mas do que somos levados a ser e logo a deixar de ser.
Um dos aspectos característicos da sociedade contemporânea, sublinhado pelo fenômeno das redes sociais, é o da banalização da privacidade, homólogo, de algum modo, ao da banalização da violência, já tão apontado, descrito e analisado como traço marcante do cotidiano de nossas vidas. O Twitter, independente das utilizações práticas e boas que dele se podem fazer, como as que, por exemplo, permitem uma grande otimização dos serviços na administração pública, é uma consagração da banalidade e uma banalização da privacidade.
Consagra o banal porque registra para as tribos de seguidores a “planitude” infinita do “sem importância” de que todos somos investidos em boa parte de nosso dia a dia. Acordamos, levantamos, vamos ao banheiro, escovamos os dentes, tomamos café, saímos, conversamos, trabalhamos, bebemos, comemos, vamos ao cinema, deitamos, dormimos, namoramos, e por aí vai. Não é viver que é banal. A banalização da vida é tentar fazê-la brilhar só pelo banal, erigindo-o, nas tribos, em mantras de revelação pela boca do sacerdote cuja eminência é, no momento, mais evidente, ou, o que dá no mesmo, cuja evidência é mais eminente.
Nesse sentido, é ilustrativa a minicrônica de humor de Tutty Vasques:
Se você é desses que de vez em quando vai dar umas voltinhas no Twitter e volta com a impressão de que não sabe andar nessa bicicleta, calma! Na maioria das vezes, a falta de intimidade com a linguagem das redes sociais é até louvável num ambiente sem cerimônia ou privacidade. Muita coisa que você lê ali e não entende não é mesmo da sua conta.
Quer ver só?
Dia desses, me embrenhei nas novíssimas mídias eletrônicas pra ver se aprendia a ganhar dinheiro com isso. Cheguei ao Twitter de Eike Batista já nos finalmente da conversa fiada do bilionário: “Vou bater mais um papinho com meu Pillow” ─ sem duplo sentido, por favor!
Como nunca tinha ouvido aqui no Brasil alguém chamar travesseiro de “Pillow” (ainda mais com inicial em caixa alta), resolvi pesquisar no Google a respeito. Descobri um certo Pillow Talk, travesseiros que, por meio de sensores, se comunicam a grandes distâncias, permitindo que namorados sintam a presença e até o batimento cardíaco um do outro quando dormem em cidades diferentes.
Daí a você começar a imaginar se a namorada do Eike Batista está viajando é um pulo que, sinceramente, parece coisa de maluco, né não? Sei lá se ele tem namorada, caramba! (8)
À banalização do banal, segue-se a banalização da privacidade, a tal ponto que, há algum tempo, foi noticiado em todo o país, por diferentes meios de comunicação, o caso do casal de adolescentes que se expuseram pela Twittcam, transmitindo uma relação sexual, sem outro propósito, ao que parece, se não o de mostrar esse ato de grande intimidade na praça pública das trivialidades corriqueiras e das banalidades virtuais. Não sendo apenas isso, o que serão também as redes sociais? Entre outras coisas, um impressionante veículo de mobilização política nas sociedades contemporâneas!
Referências:
Castro Alves, A. F. de. “Sub tegmine fagi”. Espumas flutuantes. São Paulo: Ática, 1998.
Andrade, M. de. Macunaíma: O herói sem nenhum caráter. São Paulo: Oficinas Gráficas de Eugênio Cupolo, 1928.
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Notas
1 A primeira versão deste ensaio foi publicada em Vogt, C. “Parábola do cão digital”, ComCiência, Campinas, v. 30, abr. 2002. Atualizado e republicado em: Vogt, C. A utilidade do conhecimento. São Paulo: Perspectiva, 2015. P. 63-79; e em Vogt, C. “Parábola do cão digital”, ComCiência, Campinas, v. 170, jul. 2015.
2 “Mas a megalomania humana terá sofrido seu terceiro golpe, o mais violento, a partir da pesquisa psicológica da época atual, que procura provar ao ego que ele não é senhor nem mesmo em sua própria casa, devendo, porém, contentar-se com escassas informações acerca do que acontece inconscientemente em sua mente”. S. Freud, Conferências introdutórias sobre a psicanálise, p. 292.
3 “A virtude está no meio”, locução latina que remonta a Aristóteles. Ética a Nicômaco, p. 53-55.
4 “A virtude é o ponto médio entre dois vícios equidistantes dos extremos”. Horácio, Obras completas, p. 272.
5 “A natureza não dá saltos”. G.W. Leibniz, Novos ensaios sobre o entendimento humano, p. 29.
6 “Aproveite o dia”. Horácio, Odes e epodos, p. 39.
7 “Sob a larga faia”. Virgílio, Bucólicas, p. 28-29.
8 Vasques, T. “Você conversa com o seu pillow?, O Estado de S. Paulo, 19 ago. 2010, p. C-12.