A violência de Estado nas periferias: genocídio físico, material e cultural

Por Tulio Custódio

Quando opera com sua força policial nas periferias, o Estado opera dentro da lógica da moralização da pobreza: o processo de violência e controle sobre os Ninguéns responde à premissa de que falharam, logo devem ser contidos ou eliminados. Mas a violência do Estado, nesse contexto, não é apenas das armas. Assim como o capital, em um processo incessante de busca e acumulação, o genocídio torna-se estratégia normativa permanente de condução de vida dos ‘niggerizados’, incessante na brutalização, na precarização e no silenciamento das culturas negras. Continue lendo A violência de Estado nas periferias: genocídio físico, material e cultural

A violência econômica: o poder dos juros e das corporações financeiras

Por Ladislau Dowbor

É estranho constatar que em todo o ciclo escolar, inclusive nas universidades, a não ser na área especializada em economia financeira, ninguém nunca teve uma aula sobre como funciona o dinheiro, principal força estruturante da nossa sociedade. A população se endivida muito para comprar pouco no volume final. A prestação ‘cabe no bolso’ (mas pesa no bolso durante muito tempo). O efeito demanda é travado. Quando 61 milhões de adultos no Brasil estão com o nome sujo no sistema de crédito, é o sistema que está deformado. Continue lendo A violência econômica: o poder dos juros e das corporações financeiras

Neonazismos – ódio e sentido

Por Adriana Dias

O ódio construído sobre três elementos – crença numa supremacia “natural” – se o branco não vence é porque foi sabotado; a criação de um “Outro conveniente” para assumir a culpa pelo próprio fracasso; e culto da masculinidade – desaloja qualquer possibilidade de diálogo. Há apenas paranoia: o povo branco vive em diáspora, visto que seus inimigos tomaram seu lugar para produzir seu genocídio. É uma resolução da incerteza pela violência. Continue lendo Neonazismos – ódio e sentido

Violência subjetiva, objetiva e da linguagem em Žižek

Por Ricardo Whiteman Muniz

A violência é chocante, aprisiona a atenção do respeitável público e dá audiência. Como um sinal da onda anticivilizatória que nos assola, são casos e mais casos por semana, ferindo sensibilidades e rendendo enxurradas de posts indignados no Facebook – tudo isso sem contabilizar as desgraças nas periferias das cidades e do mundo, para as quais, sejamos francos, a maioria não dá a mínima. Violência – Seis reflexões laterais (editora Boitempo) tenta chamar a atenção para dois tipos de violência além da subjetiva, a que faz a festa dos programas policiais de TV. Elas estão convenientemente invisíveis e são: (1) a simbólica, da linguagem enquanto tal – “a imposição de um certo universo de sentido” e (2) a sistêmica – as consequências catastróficas do “funcionamento normal” dos sistemas econômico e político. Continue lendo Violência subjetiva, objetiva e da linguagem em Žižek

Daniel Cerqueira: ‘Taxa de homicídio no Brasil é fruto de país arcaico e racista’

Por Carolina Medeiros

Ineficácia do armamento pela população, racismo, machismo e desigualdades sociais são temas abordados por Daniel Ricardo de Castro Cerqueira, um dos coordenadores do Atlas da violência, publicado pelo Ipea. “Eu diria que as desigualdades sociais, políticas e econômicas, bem como a descomunal taxa de homicídio no Brasil, são frutos de uma mesma árvore: um país arcaico e racista, cujas elites possuem mentalidade ainda escravocrata, em que é naturalizada a ideia de privilégios para poucos, em detrimento do bem comum”.
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A violência no Brasil tem cara, cor e endereço

Por Beatriz Maia

Os números mais recentes sobre homicídios no Brasil refletem as enormes desigualdades do país, e dão um retrato nítido das principais vítimas da violência – e sua associação direta com a repressão ao tráfico de drogas Continue lendo A violência no Brasil tem cara, cor e endereço

Origem e destino: migrantes sofrem violência em todas as pontas da jornada

Por Ruam Oliveira

De acordo com relatório da Secretaria Nacional de Justiça, até o início de 2017, o Brasil tinha reconhecido 9.552 pessoas em situação de refúgio vindas de 82 países – um número bastante pequeno perto do total de pedidos. Só em 2016 foram mais de 28 mil solicitações. Fugindo de situações adversas em seus países, nem sempre encontram um lugar melhor para viver. Continue lendo Origem e destino: migrantes sofrem violência em todas as pontas da jornada

Neonazismo no Brasil: uma leitura e algumas hipóteses

Por Odilon Caldeira Neto

Seja pela facilidade de colaboração e circulação de conteúdo em dimensão global, a internet é, atualmente, a principal plataforma para formação e disseminação de materiais e atividades neonazistas. É preciso ressaltar que a imaterialidade do virtual não implica inexistência no real, do mesmo modo que a intensidade do virtual não implica necessariamente massificação nas ruas. Ainda assim, a circulação dessas ideias impacta o real de diversas maneiras, seja pelas múltiplas dimensões da violência desses discursos de ódio, seja pela possibilidade de articulação em momentos de crise. Continue lendo Neonazismo no Brasil: uma leitura e algumas hipóteses

_revista de jornalismo científico do Labjor