Por Carlos Vogt
Continue lendo Democracia
Democracia: crise e possibilidades
Por Luis Felipe Miguel
Compatibilizar a vontade de democracia com a necessidade de representação é o desafio em aberto, porque os representantes são estimulados a prestar contas prioritariamente a detentores de recursos importantes (financiadores de campanha, meios de comunicação), em vez de prestá-las aos seus eleitores. A redução da democracia à competição eleitoral representa o abastardamento do ideal de igualdade política e de soberania popular que era associado a ela. A experiência histórica demonstrou os limites da solução liberal padrão, que é afirmar uma igualdade na lei e julgar que, com ela, as assimetrias presentes na sociedade serão suspensas na política. Continue lendo Democracia: crise e possibilidades
É armadilha entoar hinos à democracia sem definir a qual democracia se refere
Por Roberto Romano
[na foto, o intelectual italiano Luciano Canfora, autor de A democracia – História de uma ideologia]
A democracia é uma palavra embreagem, no sentido a ser extraído de E. Benveniste: surge quando o discurso não tem condições de seguir uma linha lógica e factual consequente. Aí, a “embreagem” faz a narrativa seguir a marcha, deixando de lado terrenos perigosos, muito perigosos. Saliento neste artigo o elo entre as formas democráticas e as lideranças, algo que preocupa os analistas dos autoritarismos eleitos nos EUA, na Europa e no Brasil. Tal assunto mereceria um grande simpósio internacional e brasileiro, mas ele fica para quando a universidade assumir um papel de vanguarda na luta pela clarificação das falas políticas, uma das insuspeitadas fontes da tirania que surge, ameaçadora, no horizonte planetário. Continue lendo É armadilha entoar hinos à democracia sem definir a qual democracia se refere
Breves considerações sobre o mercado futuro de gás lacrimogêneo
Por Artur Araújo
Sociedades hiperdualizadas desequilibram catastroficamente as condições de exercício da democracia política, que tem um “limite máximo de elasticidade” frente ao nível de desigualdade entre os eleitores. Só podem se manter coerentes com crescente apelo ao gás lacrimogêneo, às cercas eletrificadas, aos capacetes, aos escudos, aos canhões de água e aos cassetetes. Como frisava Karl Polanyi, foi o século liberal britânico, com pleno domínio da alta finança sobre tudo e todos, que resultou em duas guerras globais, separadas no tempo por profunda crise no centro do sistema. Continue lendo Breves considerações sobre o mercado futuro de gás lacrimogêneo
A fragilidade da comunicação pública no Brasil e sua relação com uma democracia nunca consolidada
Por Eliane Gonçalves e Mariana Martins de Carvalho
Algumas sociedades construíram estruturas comunicacionais com o objetivo de reduzir as desigualdades que dão a alguns lugar privilegiado para exposição de ideias e opiniões. Sem sistemas para contrabalançar, lugares privilegiados de fala se retroalimentam e consolidam ainda mais privilégios. Ao longo do século XX sistemas comunicacionais de caráter público foram estruturados em vários países. Caracterizam-se por financiamento público, não terem o lucro como finalidade e contarem com salvaguardas para reduzir interferências do poder econômico do mercado e de ingerências dos governos: na Inglaterra, a BBC; no Japão, a NHK; nos Estados Unidos, as emissoras do sistema PBS; na Alemanha, os sistemas ZDF, ARD e a Deustche Welle (DW). Já o Brasil – apesar do princípio constitucional de complementaridade entre os sistemas privado, público e estatal de radiodifusão – mantém um dos ecossistemas comunicacionais mais desequilibrados do mundo. Continue lendo A fragilidade da comunicação pública no Brasil e sua relação com uma democracia nunca consolidada
Democracia iliberal: de Hungria e Rússia a Europa e América
[foto: Victor Orbán, primeiro ministro da Hungria]
A democracia, mais do que um conceito acabado, é uma ideia em permanente mutação e perpétuo movimento, ora avançando, ora recuando, sujeita às apreciações de cada geração e momento histórico sobre a dinâmica da constituição do poder e o sentido, função e papel do Estado frente aos cidadãos. Contemporaneamente, a democracia atinge sua expressão máxima, seu mais amplo alcance, no conceito conhecido como Estado democrático de direito, expressamente adotado pela Constituição Federal de 1988, logo em seu artigo 1º. Continue lendo Democracia iliberal: de Hungria e Rússia a Europa e América
Bolsonaro e a TV
Por Matheus Pichonelli
O resultado final da eleição pode sugerir que a campanha de 2018 sepultou alguns dos pilares que historicamente balizam as decisões políticas no país. A começar pelo poder da televisão e da chamada mídia tradicional. Mas não é bem assim. Continue lendo Bolsonaro e a TV
Mentiras lucrativas: modelos de negócio da web exploram radicalismos e ameaçam democracias
A má informação é mais popular, mais sensacional, gera mais cliques, mais reações emocionais, entretenimento e engajamento do que a informação verdadeira. E a reação das plataformas, até mesmo por esses motivos, tem sido estruturalmente agnóstica, ou seja, de incorporação do desvio como se fosse parte da normalidade. A má informação se tornou um negócio, tanto do ponto de vista político quanto do ponto de vista financeiro. A frase “não é bug, é feature” se aplica muito bem aqui, porque a má informação é incorporada e usufrui do sistema de recompensas hoje instituído. Continue lendo Mentiras lucrativas: modelos de negócio da web exploram radicalismos e ameaçam democracias
Ameaças à liberdade de expressão fragilizam o Estado democrático no Brasil
Por Luanne Caires
Polarização no contexto político fomenta discursos de ódio nas redes e dificulta a liberdade de expressão Continue lendo Ameaças à liberdade de expressão fragilizam o Estado democrático no Brasil
José Paulo Florenzano: “Chegou a hora de reconhecer que a riqueza do futebol brasileiro, a sua inventividade, também se dá no campo político”.
Por Samuel Ribeiro dos Santos Neto
O que democracia tem a ver com futebol? Quem responde é José Paulo Florenzano, professor do Departamento de Antropologia da PUC São Paulo e pesquisador do futebol. Em sua carreira, navegou entre a antropologia urbana, a sociologia do esporte e a história política para entender melhor o futebol na cultura nacional. Escreveu o livro A democracia corinthiana: práticas de liberdade no futebol brasileiro, fruto de quase uma década de trabalho. Continue lendo José Paulo Florenzano: “Chegou a hora de reconhecer que a riqueza do futebol brasileiro, a sua inventividade, também se dá no campo político”.