Obra aborda importância da geoconservação com destaque para o Projeto Corumbataí

Por Lívia Mendes Pereira

O livro Geoparque Corumbataí foi elaborado por pesquisadores das universidades estaduais paulistas e de entidades ligadas ao meio ambiente, e apresenta o patrimônio natural e cultural do território localizado nos arredores da cidade de Rio Claro, interior de São Paulo.

Essa região possui um vasto patrimônio geológico, com 141 geossítios catalogados atualmente, que conservam 3 bilhões de anos da história. Na Bacia Hidrográfica do Rio Corumbataí, especificamente, estão inseridos onze desses geossítios.

A obra faz parte do projeto Geoparque Corumbataí, idealizado por professores de geologia da Unesp em Rio Claro, que realiza diversas ações educacionais e científicas. A ideia é que o local seja reconhecido como um Geoparque Mundial da Unesco.

O projeto parte do princípio de que, para a conservação de qualquer espécie de patrimônio (natural, histórico, cultural), primeiro é preciso conhecê-lo para depois dele gostar e conservar. Assim, o livro, recheado de mapas e tabelas, além de fotos das paisagens e da diversidade da região, com toda certeza cumpre o objetivo de fazer com que o leitor goste do tema e se inspire em trabalhar na conservação desse território.

A obra reúne todo o histórico da concepção do geoparque, desde meados da década de 1990, além de informações detalhadas sobre a geoconservação e a geodiversidade; a história geológica da região; as questões que envolvem a gestão da água; os projetos arqueológicos; e a relação da ciência da geoconservação com o turismo, a educação e o desenvolvimento socioeconômico local. O livro foi organizado por vários especialistas da área de geologia e tem o apoio da Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo), além do patrocínio de diversas instituições públicas e privadas.

Geoconservação

 Muito se fala sobre a conservação da biodiversidade, que abrange todas as formas de vida (plantas, animais, microrganismos) e suas interrelações, mas muito pouco sobre a geodiversidade. Segundo a União Internacional para Conservação da Natureza, a geodiversidade é a variedade de elementos geológicos, tais como minerais, rochas, solos, fósseis e relevos e seus processos geológicos e geomorfológicos.

A partir dos conhecimentos da área, foi possível desenvolver a ciência de geoconservação. Desde o final do século XX, a geoconservação visa à proteção de geopatrimônios, que são conjuntos de elementos e processos da geodiversidade que possuem valor patrimonial, seja científico, pedagógico, cultural, turístico ou funcional. Desde os anos 2000, seguindo as teorias ligadas à geociência, começaram a ser desenvolvidos os geoparques, com o objetivo de colocar em prática estratégias para o desenvolvimento sustentável e a conservação de geosítios, unindo turismo, educação e desenvolvimento territorial.

Como indicam os autores do livro, a natureza escreveu a história, e a geologia consegue demonstrá-la com suas ferramentas (rochas, minerais, fósseis, estruturas e paisagens). O geólogo tem o papel de ler essa história, que deve ser contada e informada.

A obra pode ser adquirida neste link.

Lívia Mendes Pereira é doutora em linguística (Unicamp) e cursa especialização em jornalismo científico pelo Labjor/Unicamp