Por Carlos Vogt
“Outro dia estava lendo um livro de Arthur Koestler, As razões da coincidência, em que ele fala do neutrino. Explica que esse elemento demorou para ser detectado porque não tem propriedades físicas, nem massa, nem carga elétrica, nem campo magnético e só pode ser detectado quando colide com outro elemento, pois o neutrino, por suas propriedades, é capaz de atravessar qualquer corpo até que encontre outro elemento que se anteponha a ele. Penso que o ato de escrever tem muita coisa do neutrino. A gente escreve e vai atravessando os corpos mais densos e opacos possíveis, até encontrar o elemento de colisão. Então, para esse elemento, tudo o que dissemos e que pareceu incompreensível, obscuro, torna-se claro, rutilante”. Hilda Hilst
A propósito e por ocasião da visita do professor Francesco Vissani à Unicamp, a revista ComCiência publica este número voltado à física e astrofísica de neutrinos.
Vissani é professor do Gran Sasso Science Institute (GSSI), na Itália, e está na Unicamp a convite do Instituto de Estudos Avançados (IdEA) para difundir e divulgar suas pesquisas e seus trabalhos na área.
Com esse objetivo, suas atividades principais vem sendo desenvolvidas: um encontro com pesquisadores da área duas vezes por semana e duas palestras abertas de divulgação científica, cujos nomes sugestivos são “Por que o Sol brilha?” e “Vampiros, fantasmas, mutantes: metáforas sobre os neutrinos”.
Vissani está na Unicamp inaugurando o “Programa Cesar Lattes do Cientista Residente”, do IdEA, como seu primeiro convidado, devendo ainda estabelecer com a universidade, através do IdEA, uma cooperação para implantar, no Brasil, o prêmio Asimov, cujo objetivo é motivar jovens do ensino médio para a leitura de obras de divulgação da ciência e da cultura científica.
É na confluência dessa oportunidade intelectual e acadêmica que a ComCiência dedica esse número ao fascínio, ao mistério, desvendando-se, dos neutrinos.