Existem 381 grupos de pesquisa atuando na área e 12.277
pesquisadores, dos quais 3.819 são doutores. Há 33 cursos superiores em
agroecologia, ofertados por 22 instituições de ensino superior.
Atualmente, existem
no Brasil 33 cursos superiores em agroecologia ofertados por 22 instituições de
ensino superior, visto que uma mesma instituição pode ofertar o mesmo curso em
mais de um campus. Do total de cursos, 27 são tecnológicos (82%) e 6 bacharelados
(18%), ofertando aproximadamente 1.700 vagas anualmente.
Estudo realizado por
Balla et al (2014) apontou que, em 2013, havia 24 cursos de graduação em
agroecologia. Gomes (2014,
p.25) realizou uma pesquisa sobre a cronologia da criação dos cursos superiores
em agroecologia e pontuou que o surgimento maior desses cursos se deu após 2008,
com a criação e expansão da Rede Federal de Educação, Ciência e Tecnologia e a criação
dos Institutos Federais.
Dos 33 cursos
existentes, apenas um curso de tecnologia em agroecologia está em fase de
extinção, pois foi transformado em bacharelado – caso do Instituto Federal do
Sudeste de Minas Gerais. O Ministério da Educação reconheceu até o momento 17
cursos, sendo o conceito máximo (cinco) atribuído somente ao curso da Universidade
Federal do Paraná (MEC, 2016). Os demais foram avaliados com conceitos três e
quatro. Do total de cursos superiores em agroecologia, 15 são ofertados por
universidades públicas, 16 pelos institutos federais e 2 por universidades
privadas.
As instituições de
ensino superior que ofertam curso de agroecologia são: Universidade Federal de
São Carlos, Universidade Federal do Rio Grande, Universidade Estadual da
Paraíba, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal do Paraná,
Universidade de Taubaté, Universidade Federal de Roraima, Instituto Federal do
Rio Grande do Norte, Instituto Federal da Paraíba, Instituto Federal de
Pernambuco, Instituto Federal do Amazonas, Instituto Federal do Pará, Instituto
Federal de Sergipe, Instituto Federal do Sudeste de Minas, Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia, Instituto Federal do Paraná, Instituto Federal do Acre,
Universidade da Região da Campanha, Instituto Federal Baiano, Universidade
Federal de Alagoas, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul e Universidade
do Estado da Amazônia.
Com relação à distribuição geográfica,
verificou-se que a região Norte é a que mais possui cursos superiores em
agroecologia (11), seguido da região Nordeste com 10 cursos, região Sul com 6
cursos, região Sudeste com 4 cursos e a região Centro-Oeste com apenas 2 cursos.
Destaca-se o curso de tecnologia em
agroecologia da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, que emprega a
pedagogia da alternância como metodologia de ensino, sendo dividida em dois
tempos: o tempo escola e o tempo comunidade. No primeiro os estudantes estão na
universidade, em contato direto com os professores. Já no segundo, retornam
para suas comunidades de origem para desenvolverem atividades práticas.
Com relação à pós-graduação, atualmente,
existem cadastrados no sistema e-mec (MEC, 2016) 31 cursos de especialização em
agroecologia, ofertados por 21 instituições de ensino superior, totalizando
aproximadamente 1.500 vagas anuais. Somente um curso é ministrado na modalidade
a distância, o do Instituto Federal do Paraná. As regiões Sul e Norte possuem,
cada uma, 6 cursos de especialização em agroecologia, a região Sudeste possui 5
cursos, a região Centro-Oeste possui 4 e a região Nordeste tem 10. Das instituições
ofertantes, 7 são institutos federais; 9 são universidades públicas e 15 são
faculdades ou universidades privadas.
Pós-graduação
No âmbito da pós-graduação stricto sensu foram identificados, por
meio da Plataforma Sucupira (Capes,
2016) 9 programas, sendo um doutorado, 6 mestrados acadêmicos e 2 mestrados
profissionais. A maioria dos cursos (5) estão enquadrados na área das ciências
agrárias I, dois na área interdisciplinar e um na área de ciências ambientais.
Todos os programas são de universidades federais ou estaduais, com exceção de
um mestrado profissionalizante que é ofertado pelo Instituto Federal do
Espírito Santo.
Com exceção da região Centro-Oeste,
verificou-se que todas as regiões do Brasil possuem, pelo menos, um curso de
pós-graduação stricto sensu em
agroecologia. Estudo realizado por Balla et al (2014)
apontou que, em 2013, havia 4 cursos de pós-graduação stricto sensu em agroecologia, sendo um de doutorado e 3 de
mestrado. Assim como ocorreu no ensino superior, a pós-graduação em
agroecologia também apresentou acréscimo na sua oferta, representando mais do
que o dobro do que havia em 2013.
O único programa de doutorado
existente é ofertado pela Universidade Estadual do Maranhão, avaliado com conceito 4 pela Capes, que também
possui o curso de mestrado. O curso de doutorado iniciou a primeira turma em
2013 e o de mestrado em 1996, sendo o mais antigo do Brasil. As linhas de
pesquisa do programa são: estrutura e funcionamento de ecossistemas naturais e
agroecossistemas tropicais; sistemas de produção agroecológicos; ecologia de
insetos, fitopatógenos e ervas espontâneas em agroecossistemas. Segundo
informações da universidade, até fevereiro de 2015, foram titulados 161 mestres
em agroecologia.
A Universidade Federal
de Viçosa oferta mestrado acadêmico em agroecologia, tendo iniciado suas
atividades em 2011. Atualmente está avaliado com conceito 4 pela Capes. Dentre
as linhas de pesquisa está o manejo de agroecossitemas tropicais; sistemas
agroalimentares de agricultores familiares; processos físicos, bioquímicos e
dinâmica de recursos em agroecossistemas. Informações da universidade relatam
que 34 estudantes formaram-se até agosto de 2016.
A Universidade
Federal de São Carlos oferece mestrado acadêmico em agroecologia e desenvolvimento
rural. O curso foi
criado em 2006 e atualmente possui conceito Capes 3. O curso possui quatro linhas de pesquisa: diversidade biológica e sua
aplicabilidade em agroecossistemas; indicadores de sustentabilidade em
agroecossistemas e gestão ambiental; políticas públicas e o desenvolvimento
rural; sistemas de produção agroecológicos. Até 2015, foram titulados 119
mestres.
O Instituto Federal
do Espírito Santo iniciou o curso de mestrado profissional em agroecologia neste
ano (2016), com conceito Capes
3. O curso possui duas linhas de pesquisa:
manejo de ecossistemas naturais e agroecossistemas e sistema de produção
agroecológico. A Universidade Estadual de Maringá deu início à primeira turma
do mestrado profissional em agroecologia em 2014, também com Capes 3. As
linhas de pesquisa são: manejo agroecológico do solo, manejo agroecológico de
pragas e doenças e sistema de produção agroecológico. Em abril foi defendida a
primeira dissertação de mestrado.
A Universidade Estadual de Roraima
teve a primeira turma do mestrado em agroecologia iniciada em 2014, com
conceito Capes 3. Esse mestrado é fruto de uma associação entre a Universidade
Estadual de Roraima, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Roraima e a Embrapa. As linhas de pesquisa são: biodiversidade funcional em
agroecossistemas amazônicos e sistemas agroecológicos, gestão territorial e
sustentabilidade na Amazônia. Foram
defendidas oito dissertações.
A Universidade Federal da Fronteira
Sul oferta curso de mestrado em agroecologia e desenvolvimento rural sustentável
desde 2014, com conceito Capes 3. As linhas de pesquisa são agrossistemas,
sustentabilidade e agrobiodiversidade e dinâmicas socioambientais. Foram
defendidas 16 dissertações de mestrados até agosto de 2016.
Na Universidade Federal da Paraíba o
mestrado é em ciências agrárias com ênfase em agroecologia. A primeira oferta
ocorreu em 2012, com conceito Capes 3. As linhas de pesquisa são ciências
agrárias, indicadores e sistemas de produção e desenvolvimento rural, processos
sociais e produtos agroecológicos. Foram defendidas 28 dissertações de
mestrado.
A partir dessas informações
verifica-se que, atualmente, há 367 mestres em agroeocologia titulados em
programas de pós-graduação stricto sensu
brasileiros.
Grupos de pesquisa
A pesquisa na agroecologia também tem
apresentando um aumento. Estudo de Aguiar (2010) mostra que em 2008 havia 101
grupos de pesquisa relacionados ao tema da agroecologia e em 2011 esse número
aumentou para 189. Balla et al (2014) verificaram a existência de 280 grupos de
pesquisa que trabalhavam com agroecologia. Seguindo a metodologia desses
autores verificou-se que, em 2016, a quantidade de grupos de pesquisa em
agroecologia (nome do grupo, existência de linhas de pesquisa ou palavra-chave
contendo agroecologia na linha de pesquisa) foi elevado para 381 grupos.
Esse aumento ocorreu em função dos
novos cursos superiores e de pós-graduação stricto
sensu em agroecologia e também pelo incentivo do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) juntamente com o Ministério do
Desenvolvimento Agrário e da Ciência, Tecnologia e Inovação no lançamento de
editais voltados para formação de centros vocacionais de tecnologia em agroecologia
e núcleos de estudo em agroecologia, além de projetos na área. Desde 2010,
foram investidos, por meio desses editais, cerca de R$ 92 milhões, sendo
apoiados um total de 208 projetos.
O número de pesquisadores que
trabalham com a agroecologia também aumentou no Brasil. O mesmo estudo de
Aguiar (2010) apontou que em 2008 havia 2.383 pessoas pesquisando temas
relacionados à agroecologia; em 2011 esse número passou para 4.989 pesquisadores;
em 2013 já eram 8.097 e atualmente, em 2016, foi encontrado na busca da
plataforma Lattes um total de 12.277 pesquisadores. Considerando somente o
número de doutores tem-se 3.819 doutores atuando em pesquisas, orientações,
bancas e eventos correlatos ao tema da agroecologia.
Periódicos científicos
Os principais
periódicos científicos brasileiros para publicação de artigos na área da
agroecologia são Revista Brasileira de Agroecologia,
Cadernos de Agroecologia, Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento
Sustentável e Revista Agroecologia e Desenvolvimento
Rural Sustentável. A Revista Brasileira de Agroecologia foi lançada pela Associação
Brasileira de Agroecologia em novembro de 2006, com publicação quadrimestral.
Seu melhor extrato no Qualis 2014 é B2 na área multidisciplinar. São
encorajados artigos que apresentam abordagens sistêmicas, interdisciplinares,
contextualizadas e complexas dos agroecossistemas e suas interações. Os Cadernos
de Agroecologia foram lançados em 2010, pela Associação Brasileira de
Agroecologia, e tem como objetivo a divulgação de trabalhos apresentados em congressos
e seminários apoiados pela entidade. Em 2014, esta revista não apareceu no
extrato Qualis. Porém, em 2013 sua melhor classificação foi B4 na área
interdisciplinar e na geografia.
A Revista
Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável é trimestral, eletrônica, destinada a publicação de
artigos técnico-científicos originais e inéditos. Seu melhor extrato no
Qualis 2014 é B3 na área de planejamento urbano e regional. Periódico de
publicação quadrimestral, a Revista Agroecologia e Desenvolvimento Rural
Sustentável se destina a promover trabalhos de agricultores,
extensionistas, professores, pesquisadores e outros profissionais.
Eventos acadêmicos
Os eventos acadêmicos são importantes
para o desenvolvimento da agroecologia por propiciar a troca de experiências e
informações. Em 2013, Balla et al (2014) identificou 18 grandes eventos
(seminários, congressos, encontros etc). Dentre os eventos destaca-se o
Congresso Brasileiro de Agroecologia, que já se encontra em sua 9ª edição,
em 2015. Esse congresso ocorre a cada dois anos e nele são debatidos e
discutidos diversos assuntos pertinentes à agroecologia, além da oferta de
oficinas e visitas técnicas.
Considerações finais
A partir das informações apresentadas,
nota-se que há iniciativas educacionais em agroecologia em todas as regiões brasileiras.
Caporal (2009) menciona que o “Brasil é provavelmente o país com maior número
de cursos de agroecologia ou com enfoque agroecológico em funcionamento na
atualidade, tanto de nível médio como de nível superior”.
Apesar de alguns estados não ofertarem
cursos formais de agroecologia, verificou-se que abrigam diversas iniciativas
no campo da agroecologia, seja com os núcleos de agroecologia, a oferta de
cursos de educação não formal em diversos graus e a promoção de eventos importantes
na área.
Apesar do crescimento do número de
grupos de pesquisa e da quantidade de pesquisadores em agroecologia, ela ainda
não aparece como subárea de conhecimento específica no CNPq. Os projetos em agroecologia
enviados devem ser enquadrados de acordo com seu foco em outras áreas, como agronomia
e ecologia. De acordo com comunicado do CNPq,
por enquanto não há previsão de alteração ou inserção de novas subáreas de
conhecimento na tabela de áreas do conhecimento. Tal tabela sofre alterações a
partir de reuniões entre CNPq, Capes e agências de fomento.
Luciana Miyoko Massukado é doutora em ciências da engenharia ambiental
(USP/São Carlos). Docente do curso superior de tecnologia em agroecologia do
Instituto Federal de Brasília. Luciana.massukado@ifb.edu.br. João
Vitor Balla é técnico do Instituto Federal do Espírito Santo e egresso do curso
superior de tecnologia em agroecologia do Instituto Federal de Brasília. Referências Aguiar, M. V. A. “Educação em agroecologia
- que formação para a sustentabilidade?” Revista
Agriculturas, Rio de Janeiro, v. 7, n. 4, p. 4-6, dez, 2010. Balla, J. V.;
Massukado, L. M.; Pimentel, V. C. “Panorama dos cursos
de agroecologia no Brasil”. Revista
Brasileira de Agroecologia, v. 9, n. 2, set. 2014. Caporal, F.
R. Agroecologia: uma nova ciência para
apoiar a transição a agriculturas mais sustentáveis. 1.ed. Brasília:
MDA/SAF, 2009. v.1. 30 p. Capes –
Plataforma Sucupira. Disponível em https://sucupira.capes.gov.br/ sucupira/public/consultas/coleta/programa/listaPrograma.jsf. Acesso em 02 out. 2016. Gomes,
T.O. “Formação superior em agroecologia e educação no campo: práticas sociais
que transbordam áreas de conhecimento”. 2014. Dissertação (mestrado). Programa
de Pós-Graduação em Agroecologia. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, Minas
Gerais.
Ministério da Educação. Sistema e-mec.
Disponível em http://emec.mec.gov.br. Acesso em 02 out.2016.
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