O papel do trabalho, sempre mais significativo em nossas vidas, fez com que se tornasse referência nos processos educacionais e das relações sociais.
Para a maioria das pessoas, está cada vez mais distante a sensação do trabalho como castigo, como algo penoso, mas sim cada vez mais próximo da possibilidade de inclusão e de desenvolvimento social.
É por intermédio do trabalho que o homem produz o seu existir em muitas dimensões, encontra-se a si mesmo e exprime a relação cooperativa com os outros homens.
Nas últimas décadas, a incorporação da microeletrônica, da informática, bem como novos processos de produção na organização do trabalho fizeram com que surgissem prognósticos de um possível adeus ao trabalho, ou seja, da perda gradativa da importância do trabalho em nossas vidas. Estaríamos caminhando para a ampliação do tempo de lazer, de um ócio produtivo.
O que se tem observado, contrariando as expectativas de muitos analistas, é uma intensificação do trabalho, seja ele de caráter operacional ou de maior complexidade intelectual. Hoje, com o apoio das tecnologias da informação, trabalha-se no trajeto de casa para a empresa, durante as refeições, nos fins de semana etc, ou seja, em qualquer lugar. Foi-se o tempo em que saíamos do “serviço” e nos desligávamos.
No contexto de trabalho mais intenso e competitivo, como a educação profissional poderá ser mais eficaz? Que novos princípios nortearão os currículos e os processos ensino-aprendizagem?
Nesse cenário, os ensinos técnico e tecnológico devem se constituir em esteio para a aquisição e para o desenvolvimento de inovações tecnológicas, bem como para uma atuação criativa e cooperativa, nas relações profissionais e sociais.
Para Newton Brian, “a formação de trabalhadores com capacidade de inovar, de identificar problemas, encontrar as suas soluções e capazes de implementá-las é, assim, um imperativo para o desenvolvimento econômico, além de ser condição necessária para a construção de uma sociedade democrática”.
A qualidade e a efetividade da educação profissional dependem não só da apropriação de conhecimentos tecnológicos e de habilidades com modernos equipamentos mas, até para a sua otimização, demandam o desenvolvimento de competências pessoais relacionadas à autonomia e à criatividade de técnicos e de tecnólogos.
O trabalho como princípio educativo norteador da proposta curricular e a pesquisa como base para a integração entre os conhecimentos científicos e tecnológicos têm, nos últimos vinte anos, parametrizado os projetos pedagógicos dos cursos técnicos oferecidos pelo Centro Paula Souza.
A Feira Tecnológica do Centro Paula Souza (Feteps) tem refletido, nos últimos seis anos, os resultados das atividades de nossos professores e alunos, principalmente dos trabalhos de conclusão de cursos.
As centenas de projetos inscritos e os mais de trezentos expostos revelam a diversidade e a qualidade dos nossos cursos técnicos e tecnológicos, que têm, dentre seus objetivos, a potencialização da inteligência e da criatividade de nossos alunos e professores.
(leia mais sobre a Feteps em reportagem deste dossiê)
Almério Melquíades de Araújo é coordenador de ensino técnico do Centro Paula Souza.
|