Segundo o Ibope Media, pelos dados do Net Insight, em dezembro de 2012 o Brasil ocupava a terceira posição no mundo em quantidade de usuários da internet. À sua frente apenas Estados Unidos e Japão, cujos números, 198 milhões e 60 milhões, respectivamente, batiam os seus 52,5 milhões de usuários.
Na mesma pesquisa, o Brasil é primeiro quando considerado o tempo de acesso e permanência na rede de cada internauta: na média, os brasileiros ficaram 43 horas e 57 minutos navegando, a França, em segundo lugar, gastou 39 horas e 23 minutos e a Alemanha, em seguida, teve uma média de 37 horas e 23 minutos para cada usuário.
Esses números não param de crescer. Segundo o próprio Ibope, em agosto de 2013 os usuários ativos da internet no Brasil somavam 57,2 milhões, enquanto que, se considerados os diferentes ambientes possíveis de acesso como domicílios, trabalho, escolas, bibliotecas, espaços públicos e lan houses entre outros, o número ultrapassa a casa dos 105 milhões de usuários.
O crescimento é vertical e vertiginoso. Natural, portanto, que o país que tenha se destacado tanto, não só pelas quantidades expressivas de usuários, mas também pelas formas eficientes e eficazes de organização das propostas e modelos de governança da rede de computadores tenha sido escolhido para sediar o encontro da NetMundial.
A internet no Brasil, como se pode ver pelos números acima, expandiu-se em alta velocidade, embora a infraestrutura física do sistema continue a apresentar problemas e obstáculos que dificultam, em muitos casos, a fluidez do tráfego de dados e contribuem para impedir o aumento da própria rapidez do crescimento da rede no país.
De qualquer modo, os avanços foram grandes nestes últimos vinte anos e, até certo ponto, pude acompanhar de perto essa transformação, contribuindo, institucionalmente, para a sua viabilização.
A internet que nascera, em 1969, com um programa cujo objetivo era criar uma nova forma de comunicação entre as bases militares e os departamentos de pesquisa dos EUA, teve, pois, o seu berço no Pentágono, o seu nome ─ ARPANet ─ constituído como acrônico da Advanced Research Projects Agency Network, do Departamento de Defesa e os seus propósitos ligados a alternativas de segurança e garantias de comunicação estratégica num mundo dividido e imantado pela Guerra Fria.
Não demorou muito para que esse uso restrito fosse estendido ao uso acadêmico e daí, mais amplamente, para o uso comercial e institucional.
No Brasil, também neste caso, o papel da Fapesp foi fundamental com a criação da Rede ANSP - Academic Network at São Paulo e sua integração pioneira, em 1991, à internet.
Nos anos seguintes, a partir de 1994, depois de haver concluído meu mandato como reitor da Unicamp, assumi a direção executiva do Instituto Uniemp, ali permanecendo até 2001, quando fui designado como membro do conselho superior da Fapesp e depois, em 2002, como seu presidente, até 2007.
O Instituto Uniemp, criado no começo dos anos 1990 por um grupo de empresários e por um grupo de reitores, trouxe como missão promover a relação, a cooperação e a interação entre universidades e empresas no país articulando-se com as políticas públicas voltadas para a ênfase e a importância dessas relações.
Nessa época, o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) havia estabelecido três programas prioritários para a informática e contava com a lei de incentivo 8248 como um instrumento poderoso de apoio à P&D do setor.
Os três programas ─ a Rede Nacional de Pesquisas (RNP), o Programa Nacional de Software para Exportação (Softex - 2000) e o Programa Temático Multi-Institucional em Ciências da Computação (ProTeM-CC) ─ foram muito bem sucedidos com resultados fundamentais para a expansão da rede de computadores, para o desenvolvimento da indústria de software, para a formação de competências e para a produção de pesquisas e conhecimento que consolidaram as bases de crescimento seguro da internet no país.
Como o Instituto Uniemp foi parceiro na gestão dessa aproximação entre centros de pesquisa e empresas do setor, pude acompanhar mais de perto a evolução que essas transformações tecnológicas imprimiam na nossa sociedade.
Foi dentro desse espírito de interação entre universidade e empresa que o Uniemp, através de um acordo com a Fapesp, pode em meados de 1990 oferecer um provimento de acesso para uso comercial, contribuindo, assim, para inaugurar, na prática, entre nós, o domínio .com, cujo número de usuários não para de crescer, com uma tendência a multiplicar também os domínios por especificação de setor, de atividade e mesmo de recorte etário.
A internet cresce no mundo e o mundo cresce e diminui na internet pela rapidez da comunicação, pela atualização veloz da informação, pela sincronização do distante, pela distância do perto, pela maquinação do presente, pela esperteza das máquinas.
As novas tecnologias de informação e de comunicação ─ as NTICs ─ promovem transformações profundas na sociedade contemporânea e alteram padrões de comportamento e de métodos em setores fundamentais da vida social como é o caso da educação com as novas perspectivas que se abrem com o ensino virtual e a educação a distância.
Não é sempre que o Brasil acerta. Ao contrário, costuma errar mais do que acertar.
No caso da internet, acertou na origem, continuou acertando no processo e acaba de marcar agora um tento com a aprovação de seu Marco Civil.
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