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Exames nacionais de avaliação do ensino - Carlos Vogt
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Por que avaliar?
Simone Caixeta de Andrade e Tatiana Venancio
O que nos mostram as avaliações em ciências: o triste cenário brasileiro
Cassiana Purcino Perez
Avaliação do ensino médio deve passar por mudanças
Patrícia Santos
Rankings universitários internacionais: polêmica sob medida
Roberto Takata
Especificidades da avaliação no ensino a distância
Kátia Kishi e Juliana Passos
Artigos
Tendências e abordagens teóricas das pesquisas sobre o Enem*
Fabíola Matte Bergamin e Maria Fernanda Alves Garcia Montero
Vale a pena prestar atenção nos rankings internacionais?
Renato H. L. Pedrosa
Avaliação no ensino superior: origens e dilemas na experiência internacional e brasileira
Elizabeth Balbachevsky
Do acesso ao sucesso (e depois)
Ana Maria Carneiro
Os processos de avaliação no Brasil: o que foi proposto e o que ocorre de fato
Roberta Muriel Cardoso e José Dias Sobrinho
Resenha
Desafios da avaliação educacional
Ana Paula Zaguetto
Entrevista
Robert E. Verhine
Entrevistado por Carolina Medeiros
Poema
Utopia
Carlos Vogt
Humor
HumorComCiencia
João Garcia
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Entrevistas
Robert E. Verhine
Formado em economia pela Universidade da Califórnia e pós doutor em educação, ele aborda o contexto das avaliações e políticas escolares como fator de melhoria do ensino.
Carolina Medeiros
10/02/2015
Robert Verhine é formado em economia pela Universidade da Califórnia, e pós doutor em educação pela Universitat Hamburg. Nascido e criado nos Estados Unidos, é professor associado da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia. Verhine é vice-presidente da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave), membro do conselho diretor da Comissão Fulbright do Brasil e membro fundador da Academia de Ciências da Bahia. Recentemente completou quatro anos como pró-reitor de pós-graduação da UFBA, foi presidente da Comissão Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Conaes) e passou três anos como membro do Diretório Nacional do Fórum de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Foprop).
Atua na área de economia da educação, avaliação educacional, políticas públicas de educação e educação comparada.

O senhor define que existem dois modelos vigentes de avaliação de ensino, um de caráter externo às instituições, que enfatiza a regulação em busca de eficiência, e outro que adota a perspectiva da valorização dos problemas que acontecem no interior das instituições. Poderia falar mais sobre esses dois modelos?
Um é de caráter externo às instituições e enfatiza a regulação, o controle e a hierarquização, em busca de eficiência e de produtividade e o estabelecimento de rankings para efeitos comparativos entre as instituições. O outro modelo, por sua vez, adota a perspectiva da valorização dos problemas que acontecem no interior das instituições e enfatiza o processo de autoavaliação, com base nos princípios de participação e de gestão democrática. Essa é uma perspectiva de avaliação, de natureza mais interna, de orientação formativa e processual, que tem seu correlato mais forte na transformação qualitativa e no papel precípuo da universidade como produtora de cultura e de conhecimentos. Vale enfatizar que, na minha opinião, os dois processos se complementam, um beneficiando o outro.

No que se diferencia o modelo de avaliação americano e o europeu do modelo brasileiro? É possível afirmar que um é mais adequado que os outros?
O modelo brasileiro é muito semelhante ao modelo europeu no que diz respeito ao processo de avaliação das instituições de ensino, porém o Brasil possui um elemento que o diferencia dos demais países, o Enade. E ele facilita a realização de avaliação externa em todos os cursos, que, no caso do Brasil, são 32 mil cursos.

Assim como o Enade, as avaliações escolares aplicadas no Brasil servem para melhorar o ensino em diferentes níveis?

Todas as instituições de ensino possuem avaliações para atestar a qualidade, porém nem todas fazem bom uso dos resultados apresentados. Acredito que, para que esse cenário se altere, é necessária uma mudança de cultura por parte das instituições, que elas passem a ver esses resultados como forma de melhorar a qualidade do ensino.

Quando começou a aplicação dessas avaliações no Brasil?
Esses processos foram, em grande parte, uma criação do Ministério da Educação, embora outros atores participassem também. Já em 1980, havia avaliações dos cursos de pós-graduação, mas foi somente em 1993 que começaram as avaliações externas de instituições de educação superior. E em 1995 ampliaram-se para a educação básica e também cursos de ensino superior, processo que, ao longo dos anos, foi se aprimorando.

Como vê o crescimento do número de cursos superiores a distância? Existe alguma relação com os resultados das avaliações desse sistema de ensino?

Os cursos a distância permitem que mais pessoas façam faculdade, porém quando se tratam de avaliações, a aplicação fica comprometida, uma vez que é difícil avaliar a qualidade da estrutura física. Por isso, vale ressaltar a importância de optar por cursos que estejam bem regulamentados. No momento, um modelo específico para esse tipo de ensino está sendo estudado, a fim de suprir as dificuldades encontradas na aplicação da avaliação.

Com base em sua experiência em avaliações de ensino e seus resultados, como avalia o cenário da educação brasileira?
O Brasil é um país que apresenta muitos problemas na educação, principalmente na educação básica, porém os resultados das avaliações já contribuíram para uma melhoria ao longo dos anos.