Este artigo foi dividido em três partes: 1) origem das ONGs: situar
historicamente seu surgimento; 2) a mudança no Brasil: de centros de
assessoria a ONGs; 3) como as ONGs, na sua maioria, cumprem um papel
ideológico importante para a implementação das políticas neoliberais no
Brasil a partir da década de 1990.
Origem das ONGs
O termo ONG é utilizado na década de 1940, pela ONU, para designar
diferentes entidades executoras de projetos humanitários ou de
interesse público. Elas “ganharam”, posteriormente, papel consultivo em
várias agências e fundos das Nações Unidas.
O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc) define as ONGs
de modo amplo: qualquer organização que não foi criada por via de
acordos intergovernamentais se considerará "(...) como organização não
governamental. Inclui aquelas que aceitam membros designados por
autoridades governamentais”. Entretanto, não hesita em acrescentar que
uma ONG não deve almejar lucro com a associação.
Por
isso, serão consideradas ONGs aquelas que assim se autodenominarem,
excluindo entidades de classe, como os sindicatos, empresas ou partidos
políticos, embora não sejam governamentais. Mas essa (in) definição
permite, teoricamente, que qualquer organização que esteja fora do
aparelho de Estado seja considerada não-governamental e, portanto, ONG.
O que fica muito difícil precisar é quem, verdadeiramente, são essas
organizações: é um universo muito heterogêneo.
Pesquisa
recente, do IBGE, ABONG, GIFE, IPEA, calcula que haja hoje, no Brasil,
cerca de 276 mil entidades sem fins lucrativos entre elas: fundações,
associações etc.
No Brasil: de centros de assessoria a ONGs
No Brasil, a expressão se referia, principalmente, às organizações de cooperação internacional, formada por igrejas (católica e
protestante) tais como o Comité Catholique Contre la Faim et pour le
Développement (CCFD), francesa; o Serviço das Igrejas Evangélicas da
Alemanha para o Desenvolvimento (EED), alemão; Organização
Interclesiástica para a Cooperação ao Desenvolvimento (ICCO) e a
Organização para a Cooperação Internacional de Desenvolvimento (NOVIB),
holandesas; OXFAM, inglesa. Essas organizações priorizavam a ajuda às
organizações e movimentos sociais nos países do sul, com o intuito de consolidarem a democracia. É neste contexto que os centros de
assessoria a movimentos sociais e populares na década de 1970,
encontram nessas ONGs/agências internacionais uma fonte de
financiamento para suas atividades: focada na politização, conscientização; formação política.
Essa conjuntura muda, já a partir do final da década de 1980: momento
em que há uma verdadeira explosão das ONGs. E, começa a mudar também o
foco das suas atividades: já não mais tão comprometidas com os
movimentos sociais. Ao contrário, elas crescem num momento de descenso
destes.
Em suma, as ONGs cresciam na medida em que os movimentos sociais
perdiam sua força mobilizadora e adotavam uma política integradora
(diferente da contestadora dos anos 1970), através de parcerias com o
poder público que, na maioria dos casos, mantém o controle dos
processos deflagrados enquanto avalista dos recursos
econômico-monetários (Gohn, 1997:297).
O momento específico da transmutação dos centros de assessoria em
ONGs, a partir de 1979, coincide com a volta dos exilados políticos,
principalmente os cristãos e os marxistas, que chegam aos centros com
um maior domínio do funcionamento dessas "ONGs
Internacionais/multinacionais", geralmente intermediado por algum
representante da Igreja. Há uma série de argumentos básicos dos que
predominarão especialmente nas ONGs, originárias dos centros, e que
justificam a sua mutação". Vamos elencar alguns:
1) a ênfase marxista, centrada na classe social, é reducionista: as
classes estariam se dissolvendo e, portanto, os principais pontos de
partida deveriam ser os culturais e de identidade (raça, gênero, etnia,
preferência sexual);
2) o Estado é corrupto e ineficiente. Em seu lugar a sociedade civil
(ONGs/ terceiro setor) é a protagonista da democracia e da melhoria
social; menos burocrática e mais eficiente;
3) as lutas sociais locais são o único meio democrático de mudança,
junto com a reivindicação/pressão sobre as autoridades nacionais e
internacionais;
4) as revoluções sempre acabam mal. A alternativa é lutar pela
consolidação das tradições democráticas para salvaguardar os processos
eleitorais;
5) não existem mais classes. Mas, grupos específicos (identidades e
localidades) engajados em auto-ajuda e em relações recíprocas de sobrevivência. "A solidariedade de classe passa a fazer parte do
passado. Ela é um fenômeno interclasses, um gesto humanitário".
Os
gerentes das ONGs tornaram-se atores políticos. O impacto substantivo
de suas ações converge para desviar o povo da luta de classes para
formas inofensivas e ineficientes de colaboração com os seus
opressores. Elas despolitizam e desmobilizam os pobres com suas ações
focadas na auto-ajuda. Debruçam sobre temas como excluídos, discriminação racial, relações de gênero sem ir além do sintoma
superficial, para engajar o sistema social que produz essas condições.
Incorporando os pobres à economia neoliberal através da simples ação
voluntária privada as ONGs geram um mundo político onde a aparência da
solidariedade e da ação social disfarça a conformidade conservadora com
a estrutura de poder internacional e nacional (Petras, 1999:49).
Outra
questão importante é quem as financia: quando não estão na folha de
pagamento do Estado local, as suas financiadoras (as agências
internacionais) estão. Para citar um exemplo: a Misereor, alemã, recebe
dinheiro da igreja, e também do Estado alemão.
Quanto
mais dependente do financiamento institucional, mais limitada é a
atuação das ONGs, que se deparam com um duplo dilema: se aceitam o
financiamento, muito dificilmente não sucumbem à lógica do seu
patrocinador; se permanecem autônomas, mais dificuldades terão para
manter suas atividades. Portanto, a tendência de atuação sobre
determinados temas das ONGs nacionais segue a lógica do financiamento
das ONGs financiadoras.
Hardt
e Negri (2001) situam-nas como agentes do que chamam de Império. Fazem
parte do arsenal de forças legítimas da intervenção imperial que
incluem a intervenção militar, a jurídica e a moral. Como o termo serve
a uma infinidade de organizações, os autores esclarecem que se referem
às organizações globais, regionais e locais que se dedicam à proteção
de direitos humanos, como a Anistia Internacional, Oxfam
e Médicos sem Fronteiras. Essas e as ONGs humanitárias em geral, por
mais que contrariem os desejos dos participantes, são de fato "as mais
poderosas armas de paz da nova ordem mundial — as campanhas de caridade
e ordens mendicantes do Império" (Hardt e Negri, 2001:54).
ONGs e as políticas neoliberais no Brasil
Paralelamente à expansão das ONGs, no início dos anos 1990, ocorreu a difusão de um outro termo importado dos Estados Unidos , e incorporado por vários estudiosos e militantes de ONGs, o chamado terceiro setor.
O terceiro setor foi apresentado como a forma encontrada pela sociedade civil para preencher a lacuna deixada pelo Estado, no
atendimento das demandas sociais. Essa concepção adquiriu grande
popularidade e tem sido repetida no meio acadêmico amplamente e
difundida pelos meios de comunicação. Mas pode ser questionada sob
vários aspectos aos que faz alusão: relação com o Estado, empresas
privadas ou, especialmente, com as lutas populares.
Nos textos relativos à reforma
do Estado, no Brasil, o termo público é utilizado para designar as
organizações supostamente voltadas ao interesse geral da sociedade;
elas seriam também não-estatais por não fazerem parte do aparato do
Estado. Para designar este público não-estatal, Bresser Pereira e
Grau sugerem que terceiro setor é o termo mais adequado, por indicar
justamente uma terceira forma de propriedade que fica entre o privado e
o estatal (Bresser Pereira e Grau, 1999:17).
Essa concepção justificou a Reforma do Estado, que conferiu às ONGs o status
de parceiras na prestação de serviços sociais. Com uma definição
muito peculiar do neoliberalismo, o autor acusa a esquerda
tradicional de ampliar indevidamente o conceito de neoliberalismo, a
ponto de se sentirem impotentes frente à crise do Estado e aos desafios
da globalização.
Algumas
reformas destinariam-se apenas a eliminar os excessos do estatismo e a
reconstruir o Estado em bases mais eficientes. Privatização, ajuste
fiscal, abertura comercial, redefinição dos contratos de trabalho,
reforma dos sistemas de previdência e de assistência social,
desregulamentação trabalhista, entre outras, só poderiam ser
consideradas neoliberais quando radicalizadas e orientadas para
eliminar direitos sociais; “mas, quando são simplesmente reformas
orientadas para o mercado que tornam a economia mais competitiva e
dotam o Estado de maior capacidade de ação – ou seja, de maior
governança e governabilidade –, elas podem até ser chamadas de
liberais, mas não são conservadoras ou neoliberais” (Pereira,
1999:88-9).
Para
Bresser Pereira já que o modelo social-burocrático do Estado está em
crise e a “globalização exige novas modalidades, mais eficientes, de
administração pública, cresce a importância de uma forma nem privada
nem estatal de executar os serviços sociais garantidos pelo Estado”.
Por isso, a necessidade de as organizações não-estatais de serviço
público operarem nas áreas de educação, saúde e cultura com financiamento do Estado. A reforma promoveria esse Estado
fortalecido, com finanças recuperadas, a administração obedecendo a
critérios gerenciais de eficiência, e o reforço das organizações
não-estatais produtoras de serviços sociais .
Essas organizações contribuiriam, portanto, para uma mudança de perfil
do Estado: de social-burocrático para um Estado social-liberal, “que
proteja os direitos sociais ao financiar as organizações públicas
não-estatais” essas sim, eficientes porque introduzem a “competição e a
flexibilidade na provisão desses serviços” (Bresser Pereira e Grau,
1999: 16-17).
Caberia
acrescentar que essa desqualificação oculta o caráter de classe do
Estado. O estatal pode ser facilmente caracterizado e desqualificado
sem que se adote uma perspectiva de transformação social, ou se
apresente um projeto para sua superação. Ao contrário, parece
reafirmar-se a ideologia dominante acerca da relação entre o público e
o privado no capitalismo.
Isso
pode ser observado na abstração das determinações da ideologia jurídica
burguesa, o que significa não levar em conta que, no capitalismo, o público é perpassado pela dominação de classe (Marx e Engels,
1998:58-9). Neste sentido, o Estado aparece como a esfera pública pela
qual se exprime a vontade geral, em contraposição a uma esfera privada
– a sociedade civil – esfera na qual se exprimem os interesses
particulares em conflito. A ideologia jurídica “pode excluir da órbita
estatal toda a representação de interesses particulares – já que, por
definição, por ser público, o Estado não pode ser a expressão de
vontades e interesses privados de (classe)” (Naves, 2000: 82).
O
modo de produção capitalista articula relações de produção apoiadas na
exploração de classe com a constituição de pessoas livres e iguais no
plano jurídico, sem o qual não é possível firmar o contrato de
trabalho. A ordem política e a ordem econômica são formalmente
separadas no capitalismo, de modo a constituir o trabalhador livre:
expropriado dos meios de produção dotados de liberdade para firmar
contratos no mercado de trabalho. Isto é possível por intermédio do
Estado, que estabelece uma ordenação jurídica que permite a conexão
entre sujeitos privados. Somente no modo de produção capitalista os
indivíduos adquirem o estatuto universal de sujeitos, cuja forma
jurídica materializa-se na esfera da circulação das mercadorias. Nesta
esfera, os sujeitos só existem, reciprocamente, como representantes de mercadorias e, por
isso, como possuidores de mercadorias (...) O que distingue sobretudo o
possuidor de mercadoria desta última é que para ela cada outro corpo de
mercadoria conta apenas como forma de manifestação de seu próprio
valor. Igualitária e cínica nata, a mercadoria está sempre disposta a
trocar não só a alma, como também o corpo, com qualquer outra
mercadoria (Marx, 1988: 79-80).
Como
bem observa Almeida (1995:27), esta “separação plena (nas relações de
propriedade e de apropriação real) entre o proletário e os meios de
produção encontra sua correspondência em uma estrutura
jurídico-política que constitui os trabalhadores diretos no capitalismo
como sujeitos, situando-os, neste âmbito, em uma relação de igualdade
com os proprietários do capital”.
A
distinção entre o público e o privado, efetuada pelo Estado
capitalista, cumpre um papel ideológico importante. Consiste em
assegurar a dominação e a reprodução do capital, garantindo inclusive
que a sociedade não seja completamente capitalista, para o interesse do
próprio capital. Esta autonomia relativa do Estado expressa-se pelo
“caráter bastardo de muitas instituições, que se apresentam como se
estivessem acima das classes e como se fossem diferentes dos aparelhos
repressivos e ideológicos do Estado, quando na verdade são adaptadas às
necessidades atuais da administração de classe do capital” (Brunhoff,
1985:117).
Com
raríssimas exceções, no discurso das ONGs, refletem-se, de modo
hiperbolizados os interesses imediatos da classe operária, por sua vez
transubstanciada em excluída.
A
idéia de que o terceiro setor ou suas organizações
não-governamentais, agindo localmente, tornam-se mais ágeis do que as
organizações estatais, é incorporada e difundida por
militantes/defensores das ONGs ao afirmarem, por exemplo, que as ONGs
têm um conhecimento maior da comunidade do que o Estado justificaria a
chamada parceria para realizar as suas atividades.
A
preocupação com os excluídos limita-se a ações para amenizar as
contradições e conflitos sociais: “não pretendemos acabar com a riqueza
da camada minoritária (mola maior a impulsionar o progresso), queremos apenas que os excluídos tenham um mínimo para a sua sobrevivência
(grifos nossos), ainda que amparados por novas fundações” (Rafael,
1997:44). Conclui-se que, além do terceiro (quarto; quinto), muitos
setores serão necessários para ocultar a dominação de classe.
Outra idéia, muito disseminada, é que essas organizações seriam, pela
própria natureza, antiburocráticas. Mas, se observado o conceito de
burocracia, esse suposto não se confirma. As ONGs tornam-se, cada vez
mais burocráticas. No entanto, como são instituições menores do que as
estatais, o fluxo burocrático ocorre de maneira menos complexa. Todas
elas, por menores que sejam, têm um diretor, os especialistas
(assessores ou equipes técnicas) e um quadro administrativo. Os assessores/especialistas
geralmente são diplomados em áreas como: sociologia, direito,
pedagogia, psicologia, filosofia, agronomia, economia, história,
engenharia, assistência social – sendo o diploma
universitário fundamental para o ingresso do agente (Dias, 1996:57).
O
que provavelmente diferencia as ONGs é o seu tamanho e capacidade de
inserção. Em geral, quanto maior a organização, mais funções
burocráticas precisa criar para se manter; e, dependendo da forma da
sua organização interna e da opinião de seus associados, poderá
escolher o gerente de uma forma mais participativa.
Nas
ONGs, no entanto, não há canais de controle institucionalizados dos
seus especialistas: nem pelo parlamento atuante, hipótese da
concepção liberal weberiana; ou, tampouco, pelos trabalhadores
organizados. Então, a quem as ONGs representam?
É
verdade, contudo, que elas podem ser não-estatais, já que não fazem
parte diretamente da ossatura institucional do Estado. Mas fazem
parte das políticas estatais e, portanto, da política de governo:
aumentando a atuação das ONGs, diminui a atuação direta do Estado nas
políticas sociais.
A
pulverização de atendimento das ONGs adquire um potencial
desmobilizador de reivindicações das classes populares. Subjacente ao
caráter privado atribuído às ONGs, a ideologia libera o Estado de seu
suposto papel político: responder pela coisa pública, assegurar o
bem-estar dos cidadãos e garantir a liberdade e a busca da
felicidade. Nesse sentido, as ONGs fomentam a idéia "neoliberal da
responsabilidade privada pelas questões sociais e a importância dos
recursos privados para resolver esses problemas. Na verdade, elas
impõem uma dupla carga sobre os pobres, o pagamento de impostos para
financiar o Estado neoliberal a serviço dos ricos; e a auto-exploração
particular para cuidar das suas próprias necessidades” (Petras,
1999:48).
Joana Ormundo Coutinho é doutora em ciência política pela PUC-SP e membra do Núcleo de Estudos de Ideologias e Lutas Sociais (Neils).
Este artigo é fruto da participação no
Centro de Documentação e Memória da Unesp (Cedem), Tese em debate. O
título da tese é "ONGs e políticas neoliberais no Brasil".
Bibliografia
PEREIRA, Luis Carlos Bresser; WILHEIM, Jorge e SOLA, Lourdes (orgs) (1999). Sociedade e Estado em transformação. São Paulo: Unesp; Brasília: Enap.
GOHN, Maria da Glória (1997). Teorias dos movimentos sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos. São Paulo: Loyola.
MARX, Karl (1984). O capital: crítica da economia política. 9ª edição. São Paulo: Difel.
PETRAS, James (1996). “Intelectuais: uma crítica marxista aos pós-marxistas”. Lutas Sociais nº 01. São Paulo: Xamã.
1
A Oxfam, ultimamente, tem proposto um "comércio justo". No Brasil,
trabalha associada a outra ONG, de origem alemã, ligada ao Partido
Social Democrata alemão, o FES/Ildes. No documento "Mudar as regras:
comércio, globalização e luta contra a pobreza", a Oxfam apresenta como
grande ambição a constituição de um tipo de movimento, como o que levou
"ao fim do Apartheid, baniu o uso de minas explosivas e fez progressos
na redução da dívida do Terceiro Mundo". Este movimento seria a reforma
do comércio mundial, como um dos principais requisitos para eliminar as
profundas injustiças sociais que acompanham a globalização. Tudo isso
acreditando ser possível "humanizar o capitalismo" (Oxfam
International, 2002). 2
O termo surge nos EUA, onde “associativismo” e “voluntariado” fazem
parte de uma cultura baseada no individualismo liberal. A este respeito
ver texto de Beres (2000), Carvalho (1995); Coelho (2000); e Landim
(1998). 3
Dessa discussão no Brasil, resultaram dois livros: um, com a
coordenação do então ministro da Reforma, Bresser Pereira e Nuria
Cunill Grau, O público não-estatal na reforma do Estado (1999) e, outro, organizado por Bresser Pereira, Jorge Wilheim e Lourdes Sola, Sociedade e Estado em transformação (1999). 4Os
serviços sociais são entendidos pelos autores como: escolas,
universidades, centros de pesquisa, hospitais, museus e orquestras
sinfônicas (Bresser Pereira e Grau, 1996:17).
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