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Artigo
Popularização de ciência nos museus e centros de ciência e tecnologia
Por Maria de Lourdes Patiño Barba
10/12/2005

1. Introdução

Cada centro ou museu interativo de ciências formula o próprio rol social que deseja desempenhar; não obstante, no fundamental poderia dizer-se que eles compartilham uma mesma missão genérica e um conjunto de objetivos gerais comuns a todos:

  • Promover a apropriação social da ciência e da tecnologia
  • Popularizar conhecimentos científicos e tecnológicos
  • Promover experiências de educação informal e não formal nas áreas de ciência e de tecnologia

Ainda, a maneira específica com que cada centro busca levar à prática o rol social e os objetivos comuns das instituções de seu gênero, é distinta em cada caso. Uma amostra do interior é o mosaico de enfoques, recursos e programas que constituem os serviços educativos dos diversos museus e centros de ciências.

Alguns centros enfatizam a função acadêmica da divulgação científica, outros priorizam a aproximação do público do conhecimiento científico por meio de estratégias lúdicas e atividades participativas; outros até acessoram e prestam serviços tecnológicos às empresas e organizações de seu meio.

Um elemento que influi no enfoque que cada centro ou museu confere a seus serviços educativos, reside em como concebe sua própria postura frente ao sistema de educação formal. Alguns centros inclinam-se por adotar um rol complementar e de ressonância ante o setor formal, à maneira do recurso didático apegado aos programas de estudo, oferecendo experiências e recursos que reforçam o oferecido nas aulas.

Outros, consideram que seu aporte deve ser subsidiário ao sistema educativo formal; isto é, assumindo tarefas e realizando funções que aquele não pode cumprir cabalmente; como, por exemplo, a divulgação de avanços que levarão anos para se incorporar aos programas e textos de estudo, ou fomentando a cultura científica em setores populacionais que não estão inscritos em escola alguma. Não existe consenso nessa questão.

O enfoque específico de cada centro influi nos serviços e programas que oferece para seus públicos. Outro fator determinante é o público-alvo preferencial de cada institução: os centros de ciência geralmente têm um leque de “target” (públicos-alvo) muito amplo, diferentemente dos chamados “museus das crianças”, que direcionam-se primordialmente ao público infantil; por isso, a oferta de serviços e as estratégias de divulgação de ciência e tecnologia, necesariamente, diferirão em seus enfoques, metodologias e até em seu “marketing” social.

Em seguida expõe-se a proposta do Explora, quanto a seu trabalho educativo e de popularização da ciência e da tecnologia.

2. O Centro de Ciências Explora

Explora é um dos maiores e mais conhecidos centros de ciência mexicanos. Atende, a cada ano, uma média de 260.000 visitantes, dos quais 52% são estudantes em grupos; a maioria deles, da região central do país.

Fotos: Divulgação

 

Explora está instalado em um charmoso e grande parque de 25 hectares. Os prédios do centro ocupam pouco mais de 10.000 m² de construção; e incluem seis salas temáticas com 272 exibições, sendo a maioria de tipo interativo; um teatro Imax com a maior tela plana da América Latina, para fazer projeções de filmes educativos de grande formato (32 mm); um auditório para palestras e demostrações de ciências; cinco oficinas para atividades educativas e de divulgação; uma área para exibições temporárias; duas salas para atividades múltiplas; e outros diversos recursos educativos, museísticos e recreativos.

O Centro de Ciências Explora é concebido como uma institução de educação não-formal, que utiliza estratégias lúdicas, interativas e participativas para popularizar a ciência e a tecnologia. Em Explora são definidas as seguintes funções educativas básicas:

3. As funções educativas do Explora

A seguir se explicam brevemente cada uma delas:

Popularização de ciência e tecnologia:
Atividades e eventos de divulgação da ciência no interior do centro, principalmente a cargo de acadêmicos e pesquisadores de universidades e centros com os quais Explora têm vínculos. Divulgação nos espaços e programas de meios de comunicação de massa (jornais, rádio, televisão). Programas externos e itinerantes de popularização; e outras ações que mostram o caráter cotidiano da ciência e difundem seus avanços, para ajudar o indivíduo a adaptar-se, “conviver” melhor e a conseguir o melhor proveito dos produtos contemporâneos decorrentes do desenvolvimento científico.

Educação não formal de C & T:
Serviços e atividades de educação não-formal, dirigidas a todo tipo de público: crianças, jovens e adultos; e entre estes, muito especialmente os docentes.

Estímulo às vocações científicas e técnicas:
Programas e atividades que buscam motivar as crianças e jovens a conhecer e estudar disciplinas de ciências e tecnologia.

Criação de consciência sobre as problemáticas abordadas pela ciência:
Esta função se traduz em programas e ações que ressaltam o papel da ciência e da tecnologia no estudo, análises e solução de problemas sociais (por exemplo: a aids, a democratização da informação, o desenvolvimento sustentável etc), tanto para o cotidiano do indivíiduo, como para a sociedade em conjunto.

Apoio à operação do sistema educativo formal:
Atividades que buscam estimular uma mudança de paradigma no ensino das ciências, por meio de programas e serviços de formação e atualização docente em temas de ciência e ferramentas tecnológicas; e oferecendo recursos e materiais de apoio didático aos docentes.

Recreação com enfoque na ciência:
Propiciar uma aproximação afetiva do público em relação à C&T, por meio de atividades lúdicas, de experimentação e de “descoberta”.

Os “target” (públicos-alvo) dos serviços educativos de um centro de ciência e tecnologia são muito variados, e podem chegar a ser muito heterogêneos:

  • Setor escolar: professores e estudantes
  • Público geral
  • Público institucional (empresas, associações etc.)
  • Usuários de serviços específicos (oficinas, cursos, eventos especiais etc.)

Por essa diversidade, os centros de ciência deverão desenvolver serviços e programas para os seus diferentes destinatários.

A pergunta seguinte é: qual e a ciência que se deveria divulgar?

No Explora consideramos que os serviços educativos e de popularização devem ter alguns conteúdos básicos de ciências e tecnologia, mas antes de tudo devem estar inspirados pelos avanços científicos e tecnológicos, principalmente deve-se considerar os temas que tenham uma forte pertinência social, por exemplo os grandes temas de saúde (como prevenir-se de aids, diabetes etc.), segurança e qualidade de vida, para proporcionar experiências valiosas que possam ajudar aos usuários do centro a conviver melhor e beneficiar-se da profusão de produtos de ciências e de tecnologia.

A constante desses lugares de educação não-formal são, por um lado, as freqüentes mudanças de atividades, temas e conteúdos para poder oferecer uma experiência diferente em cada visita ao centro, também porque ciência e tecnologia avançam velozmente, e o cidadão deste milênio precisa adaptar-se muito rápido às novidades e novos produtos. Outra constante deve ser a diversidade de conteúdos, ter um pouco para todos: para quem gosta de refletir, para quem gosta de jogar, para quem gosta de aprender mais, para quem gosta de surpreender-se com uma nova descoverta de aplicação da tecnologia, para quem sabe muito de ciência e também para quem ainda sabe pouco...

Show de ciência no Explora

Os modernos centros de ciências são essencialmente coleções de idéias, de conceitos e de princípios científicos para serem compartilhados pelas pessoas. Todos os recursos físicos, programas e atividades enfatizam a participação ativa do visitante; por isso eles têm um caráter prioritariamente interativo, porque procuram propiciar a interdependência e ação recíproca entre as exibições e os usuários destas. Esses centros procuram basear-se em tecnologias modernas, em enfoques lúdicos e dar primazia à experimentação pessoal, porque é a melhor maneira para se aproximar de novos conhecimentos, resgatando a curiosidade pela descoberta do mundo.

Nesses espaços, a experiência do visitante deve ser livre, para que cada pessoa siga sua “própria agenda”, de acordo com seu próprio ritmo de aprendizagem, e seus interesses gerais (por exemplo: se gosta mais de matemática, sentir-se-á mais inclinado a interagir com as exibições desse tema e não com as atividades de biologia).

Também a experiência da visita pode mudar para uma mesma pessoa, variando de acordo com o objetivo do dia: se veio com os amigos para uma tarde de recreação... Se veio com os filhos para compartilhar aprendizagens num ambiente divertido e não escolarizado... Se veio para conhecer o museu como turista na cidade...

Os centros de ciência são uma boa opção para quem deseja aprender de uma maneira leve e divertida, e reencontrar seu espírito pesquisador para conhecer o mundo. São também janelas onde se vislumbram imagens de como é que o mundo poderia ser, em um futuro cada vez mais tecnológico.

Maria de Lourdes Patiño Barba é mestre em psicologia e diretora de serviços educacionais do Centro de Ciências Explora. E-mail: lpatino@explora.edu.mx

Saiba mais sobre o Centro de Ciências Explora em: www.explora.edu.mx