1.
Introdução
Cada
centro ou museu interativo de ciências formula o próprio rol
social que deseja desempenhar; não obstante, no fundamental poderia
dizer-se que eles compartilham uma mesma missão genérica e um
conjunto de objetivos gerais comuns a todos:
-
Promover a apropriação social da ciência e da tecnologia
-
Popularizar conhecimentos científicos e tecnológicos
-
Promover
experiências de educação informal e não formal
nas áreas de ciência e de tecnologia
Ainda,
a maneira específica com que cada centro busca levar à prática
o rol social e os objetivos comuns das instituções de seu gênero,
é distinta em cada caso. Uma amostra do interior é o mosaico de
enfoques, recursos e programas que constituem os serviços educativos
dos diversos museus e centros de ciências.
Alguns
centros enfatizam a função acadêmica da divulgação
científica, outros priorizam a aproximação do público
do conhecimiento científico por meio de estratégias lúdicas
e atividades participativas; outros até acessoram e prestam serviços
tecnológicos às empresas e organizações de seu meio.
Um
elemento que influi no enfoque que cada centro ou museu confere a seus serviços
educativos, reside em como concebe sua própria postura frente ao sistema
de educação formal. Alguns centros inclinam-se por adotar um rol
complementar e de ressonância ante o setor formal, à maneira do
recurso didático apegado aos programas de estudo, oferecendo experiências
e recursos que reforçam o oferecido nas aulas.
Outros,
consideram que seu aporte deve ser subsidiário ao sistema educativo formal;
isto é, assumindo tarefas e realizando funções que aquele
não pode cumprir cabalmente; como, por exemplo, a divulgação
de avanços que levarão anos para se incorporar aos programas e
textos de estudo, ou fomentando a cultura científica em setores populacionais
que não estão inscritos em escola alguma. Não existe consenso
nessa questão.
O
enfoque específico de cada centro influi nos serviços e programas
que oferece para seus públicos. Outro fator determinante é o público-alvo
preferencial de cada institução: os centros de ciência geralmente
têm um leque de “target” (públicos-alvo) muito amplo,
diferentemente dos chamados “museus das crianças”, que direcionam-se
primordialmente ao público infantil; por isso, a oferta de serviços
e as estratégias de divulgação de ciência e tecnologia,
necesariamente, diferirão em seus enfoques, metodologias e até
em seu “marketing” social.
Em
seguida expõe-se a proposta do Explora, quanto a seu trabalho educativo
e de popularização da ciência e da tecnologia.
2.
O Centro de Ciências Explora
Explora
é um dos maiores e mais conhecidos centros de ciência mexicanos.
Atende, a cada ano, uma média de 260.000 visitantes, dos quais 52% são
estudantes em grupos; a maioria deles, da região central do país.
Fotos:
Divulgação |
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Explora
está instalado em um charmoso e grande parque de 25 hectares. Os prédios
do centro ocupam pouco mais de 10.000 m² de construção; e
incluem seis salas temáticas com 272 exibições, sendo a
maioria de tipo interativo; um teatro Imax com a maior tela plana da América
Latina, para fazer projeções de filmes educativos de grande formato
(32 mm); um auditório para palestras e demostrações de
ciências; cinco oficinas para atividades educativas e de divulgação;
uma área para exibições temporárias; duas salas
para atividades múltiplas; e outros diversos recursos educativos, museísticos
e recreativos.
O
Centro de Ciências Explora é concebido como uma institução
de educação não-formal, que utiliza estratégias
lúdicas, interativas e participativas para popularizar a ciência
e a tecnologia. Em Explora são definidas as seguintes funções
educativas básicas:
3.
As funções educativas do Explora
A
seguir se explicam brevemente cada uma delas:
Popularização
de ciência e tecnologia:
Atividades e eventos de divulgação da ciência no interior
do centro, principalmente a cargo de acadêmicos e pesquisadores de universidades
e centros com os quais Explora têm vínculos. Divulgação
nos espaços e programas de meios de comunicação de massa
(jornais, rádio, televisão). Programas externos e itinerantes
de popularização; e outras ações que mostram o caráter
cotidiano da ciência e difundem seus avanços, para ajudar o indivíduo
a adaptar-se, “conviver” melhor e a conseguir o melhor proveito
dos produtos contemporâneos decorrentes do desenvolvimento científico.
Educação
não formal de C & T:
Serviços e atividades de educação não-formal, dirigidas
a todo tipo de público: crianças, jovens e adultos; e entre estes,
muito especialmente os docentes.
Estímulo
às vocações científicas e técnicas:
Programas e atividades que buscam motivar as crianças e jovens a conhecer
e estudar disciplinas de ciências e tecnologia.
Criação
de consciência sobre as problemáticas abordadas pela ciência:
Esta função se traduz em programas e ações que ressaltam
o papel da ciência e da tecnologia no estudo, análises e solução
de problemas sociais (por exemplo: a aids, a democratização da
informação, o desenvolvimento sustentável etc), tanto para
o cotidiano do indivíiduo, como para a sociedade em conjunto.
Apoio
à operação do sistema educativo formal:
Atividades que buscam estimular uma mudança de paradigma no ensino das
ciências, por meio de programas e serviços de formação
e atualização docente em temas de ciência e ferramentas
tecnológicas; e oferecendo recursos e materiais de apoio didático
aos docentes.
Recreação
com enfoque na ciência:
Propiciar uma aproximação afetiva do público em relação
à C&T, por meio de atividades lúdicas, de experimentação
e de “descoberta”.
Os
“target” (públicos-alvo) dos serviços educativos de
um centro de ciência e tecnologia são muito variados, e podem chegar
a ser muito heterogêneos:
-
Setor escolar: professores e estudantes
-
Público geral
-
Público institucional (empresas, associações etc.)
- Usuários
de serviços específicos (oficinas, cursos, eventos especiais
etc.)
Por
essa diversidade, os centros de ciência deverão desenvolver serviços
e programas para os seus diferentes destinatários.
A
pergunta seguinte é: qual e a ciência que se deveria divulgar?
No
Explora consideramos que os serviços educativos e de popularização
devem ter alguns conteúdos básicos de ciências e tecnologia,
mas antes de tudo devem estar inspirados pelos avanços científicos
e tecnológicos, principalmente deve-se considerar os temas que tenham
uma forte pertinência social, por exemplo os grandes temas de saúde
(como prevenir-se de aids, diabetes etc.), segurança e qualidade de vida,
para proporcionar experiências valiosas que possam ajudar aos usuários
do centro a conviver melhor e beneficiar-se da profusão de produtos de
ciências e de tecnologia.
A
constante desses lugares de educação não-formal são,
por um lado, as freqüentes mudanças de atividades, temas e conteúdos
para poder oferecer uma experiência diferente em cada visita ao centro,
também porque ciência e tecnologia avançam velozmente, e
o cidadão deste milênio precisa adaptar-se muito rápido
às novidades e novos produtos. Outra constante deve ser a diversidade
de conteúdos, ter um pouco para todos: para quem gosta de refletir, para
quem gosta de jogar, para quem gosta de aprender mais, para quem gosta de surpreender-se
com uma nova descoverta de aplicação da tecnologia, para quem
sabe muito de ciência e também para quem ainda sabe pouco...
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Show
de ciência no Explora |
Os
modernos centros de ciências são essencialmente coleções
de idéias, de conceitos e de princípios científicos para
serem compartilhados pelas pessoas. Todos os recursos físicos, programas
e atividades enfatizam a participação ativa do visitante; por
isso eles têm um caráter prioritariamente interativo, porque procuram
propiciar a interdependência e ação recíproca entre
as exibições e os usuários destas. Esses centros procuram
basear-se em tecnologias modernas, em enfoques lúdicos e dar primazia
à experimentação pessoal, porque é a melhor maneira
para se aproximar de novos conhecimentos, resgatando a curiosidade pela descoberta
do mundo.
Nesses
espaços, a experiência do visitante deve ser livre, para que cada
pessoa siga sua “própria agenda”, de acordo com seu próprio
ritmo de aprendizagem, e seus interesses gerais (por exemplo: se gosta mais
de matemática, sentir-se-á mais inclinado a interagir com as exibições
desse tema e não com as atividades de biologia).
Também
a experiência da visita pode mudar para uma mesma pessoa, variando de
acordo com o objetivo do dia: se veio com os amigos para uma tarde de recreação...
Se veio com os filhos para compartilhar aprendizagens num ambiente divertido
e não escolarizado... Se veio para conhecer o museu como turista na cidade...
Os
centros de ciência são uma boa opção para quem deseja
aprender de uma maneira leve e divertida, e reencontrar seu espírito
pesquisador para conhecer o mundo. São também janelas onde se
vislumbram imagens de como é que o mundo poderia ser, em um futuro cada
vez mais tecnológico.
Maria
de Lourdes Patiño Barba é mestre em psicologia e diretora de serviços
educacionais do Centro de Ciências Explora. E-mail: lpatino@explora.edu.mx
Saiba
mais sobre o Centro de Ciências Explora em: www.explora.edu.mx
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