Einstein,
em 1916, na Teoria geral da relatividade,
propõe que os corpos mais violentos do cosmos - entendido como o espaço do
universo composto de matéria e energia e ordenado em leis e regularidades -
liberam parte de sua massa em forma de energia, através de vibrações no
espaço-tempo, que constituem as ondas gravitacionais.
Einstein,
que pensava não ser possível percebê-las, na Terra, por se originarem a
distâncias muito, muito grandes, mesmo viajando à velocidade da luz, ficaria
surpreso e contente, com o anúncio, em 16 de fevereiro de 2016, da descoberta
das ondas gravitacionais e da confirmação de sua teoria pelos responsáveis pelo
Observatório da Interferometria a Laser de Ondas Gravitacionais (Ligo),
patrocinado pela Fundação Nacional de Ciências dos EUA.
Passados, pois, 100 anos, do
anúncio teórico de sua existência pelo autor da Teoria geral da relatividade, a ciência as confirma, na prática,
abrindo novas perspectivas para o estudo e a compreensão do cosmos que, além de
visto, passa também a poder ser ouvido, fazendo, assim, pensar, por livre
associação poética, nos versos do célebre soneto de Olavo Bilac “Ouvir
estrelas”:
"Ora (direis) ouvir
estrelas! Certo,
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite,
Enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.
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