REVISTA ELETRÔNICA DE JORNALISMO CIENTÍFICO
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A divulgação do AVC por dois meios de comunicação de massa
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Li Li Min
e Vera Regina Toledo
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Abordagem do tabagismo: estratégia para redução de fator de risco modificável para AVC
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Terapia ocupacional no tratamento do AVC
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Aspectos psicossociais do AVC
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Neuroestimulação e reabilitação motora no acidente vascular cerebral
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Genética e doença cerebrovascular
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Modelos animais no estudo de AVC
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Isquemia e hemorragia cerebral na infância
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Onde a enxaqueca se encontra com o derrame cerebral
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Dissecção arterial: causa pouco conhecida de AVC em jovens
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Liu Dong Yang
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Saúde bucal e aterosclerose da carótida
Nayene Leocádia Manzutti Eid
A vivência dos familiares de pacientes no processo de adoecer e morrer
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Corpo, doença e liberdade
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HumorComCiencia
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Artigo
A divulgação do AVC por dois meios de comunicação de massa
Por Ricardo Afonso Teixeira,
Li Li Min
e Vera Regina Toledo
10/06/2009

A comunicação em saúde tem sido definida como a “principal moeda do século XXI” nesse setor e, nos Estados Unidos, vem sendo encarada como a mais importante área na interface entre ciência e sociedade neste século, fazendo parte dos objetivos do Healthy People 2010, a agenda oficial de saúde pública do governo americano. No Brasil, deliberações das Conferências Nacionais de Saúde apontaram informação, educação e comunicação como elementos estratégicos para consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e para a conquista da cidadania plena no Brasil.

Um dos principais objetivos da comunicação em saúde é proporcionar que indivíduos e comunidades melhorem comportamentos relacionados ao processo saúde-doença, através do compartilhamento de informação. Isso pode resultar no incremento da alfabetização em saúde da população, que pode ser definida como a capacidade de obter, processar e compreender informação básica em saúde necessária à tomada de decisões apropriadas e que apoie o correto seguimento de instruções terapêuticas. Estima-se que nos Estados Unidos, anualmente, são gastos entre US$ 106 e 236 bilhões anuais por conta do baixo nível de alfabetização em saúde e suas consequências, como a não procura de ajuda médica quando necessária, a dificuldade em assumir hábitos de vida saudáveis e erros no uso de medicações.

Quando se fala em comunicação pública da ciência, alguns autores criticam o uso do termo “alfabetização científica”, e a mesma crítica pode ser estendida ao termo “alfabetização em saúde”. O termo alfabetização reflete o modelo anglo-saxão de comunicação em ciência, também conhecido como modelo de déficit, centrado no indivíduo, pelo qual o público é uma entidade passiva com falhas de conhecimento, com fluxo de informação numa única direção: dos cientistas ao público. Por outro lado, o termo cultura científica traz uma contextualização mais sistêmica, saindo do foco do indivíduo como mero depósito de informação, para uma visão mais ampla de que cultura científica é uma condição da sociedade. Nessa perspectiva, assume-se a importância da dinâmica social da ciência, em que o cidadão participa de processos coletivos que influenciam as políticas de desenvolvimento de ciência e tecnologia. E é nesse sentido que novos conceitos têm sido utilizados em substituição ao de alfabetização em saúde, como é o caso de entendimento público da ciência, assim como consciência pública da ciência, ambos chamando a atenção de que cultura científica vai além do processo de aquisição de informação, e envolve a construção de uma sociedade com visão crítica das diversas dimensões que envolvem o conhecimento científico.

Divulgadores em saúde não devem mais ser vistos como profissionais que simplesmente escrevem comunicados relacionados à área para a mídia, mas são integrantes fundamentais do sistema de saúde. É grande a responsabilidade dos meios de comunicação de massa, devido ao seu grande potencial em influenciar comportamentos, mesmo quando a informação é em formato de entretenimento. A influência da mídia não se restringe à população leiga como receptora primária de informação em saúde, mas influencia também os próprios profissionais da área e os cientistas. Estudos revelam que pesquisas científicas divulgadas pela mídia recebem muito mais citações por outros artigos científicos, no Science Citation Index.

A comunicação em saúde no mundo contemporâneo enfrenta uma série de gargalos para o seu pleno desenvolvimento, entre eles, os seguintes:

  1. O próprio ritmo de produção do atual jornalismo, que faz com que, na maioria das vezes, a equipe só receba o comunicado de imprensa (press release) da instituição ou do periódico em que a pesquisa está sendo publicada e já o publica sem qualquer mudança ou questionamento. Não há tempo para se trabalhar a matéria ou ir atrás de uma outra opinião.
  2. Cada vez menos veículos de comunicação têm editorias de saúde e ciência e tecnologia. Existem ainda poucos jornalistas científicos especializados, e a classe reconhece que é pouco treinada para divulgar dados científicos sem risco de perder a credibilidade da informação. Ao mesmo tempo, estudos mostram um crescente domínio de matérias oriundas de relações públicas nas agências de notícias, chegando a dominar mais de dois terços do total de notícias. Cresce também o conflito de interesse por parte de jornalistas e dos meios de comunicação em massa, que às vezes exercem o papel de relações públicas de alguns “clientes” e não o de jornalismo, função esta que tem recebido o nome de relações públicas maquiadas de jornalismo, ou “parajornalismo”.
  3. É frequente a divulgação de uma pesquisa sem a contextualização do que ela acrescenta ou discorda do conjunto de evidências anteriores. Essa contextualização pode ser evitada pelo jornalista para que a notícia não perca sua força de pesquisa inédita. Além disso, é pouco frequente a exposição de controvérsias no temas abordados, que é um dos pilares da dinâmica do processo científico.
  4. A participação do jornalismo científico tem sido crescente nos meios de comunicação de massa, mas ainda ocupa pouco espaço quando comparada à dos tradicionais assuntos de política e economia. Dentre os diversos campos da ciência, o jornalismo em saúde é o mais presente na mídia e o que mais cresce nas últimas duas décadas. E esse crescimento é tão exponencial que tem sido chamado de “medicalização do jornalismo científico”.

Mesmo que o jornalismo em saúde esteja recebendo maior atenção da mídia em relação aos outros campos da ciência, nem sempre a prioridade de divulgação coincide com aquilo que é potencialmente mais relevante para a sociedade. Há certo consenso de que a notícia que interessa ao público leigo tem que ser inédita, ter que ser interessante e tem que estar correta; e no caso dos meios de comunicação de massa, essas três características encontram-se nessa ordem de prioridade. Já no universo dos periódicos científicos, pode-se dizer que essas prioridades estão em outra ordem, colocando-se como última prioridade o fato da pesquisa ser interessante ou não.

É frequente a divulgação de notícias com teor sensacionalista pelos meios de comunicação de massa, já que têm mais apelo comercial. Além disso, existem alguns temas que não são tão bem vindos pela mídia quanto outros. Uma nova pesquisa sobre o efeito do vinho tinto sobre a longevidade é uma notícia com muito mais apelo do que as relacionadas a doenças infecciosas que afetam prioritariamente as populações com baixo nível socioeconômico, também chamadas de doenças “negligenciadas”.

Entretanto, a responsabilidade pela qualidade das noticias em saúde não está só nas mãos dos jornalistas. Estudos demonstram que grande parte das matérias sobre saúde divulgada pelos meios de comunicação de massa é baseada em comunicados de imprensa (press releases) divulgados pelas assessorias de imprensa de centros de pesquisa e dos próprios periódicos científicos. É muito comum que esses comunicados de imprensa sejam baseados em estudos ainda em andamento e não publicados, e frequentemente, superestimam o valor dos resultados e subestimam as limitações dos estudos.

Pesquisas de alta relevância para a saúde pública, em âmbito universal, são constantemente publicadas pelos principais jornais científicos internacionais em saúde. Não há pesquisas, em nosso meio, que tenham analisado o quanto desse conteúdo científico tem sido divulgado pelos jornais de maior circulação do país e o quanto esse conteúdo é derivado dos comunicados de imprensa. O melhor conhecimento do atual processo de seleção de notícias em ciências de saúde nos principais meios de comunicação de massa pode estimular iniciativas que incrementem a maior difusão de assuntos de alto impacto para a população e que podem eventualmente estar sendo negligenciados pela mídia.

O presente artigo faz parte de um amplo projeto de análise da difusão da cultura em ciências da saúde pelos principais meios de comunicação de massa no Brasil. Neste artigo, examinamos como tem sido divulgada a principal causa de morte em nosso país: o acidente vascular cerebral, também conhecido por derrame cerebral.

AVC na mídia

Realizamos uma análise retrospectiva dos artigos publicados no período de um ano por dois dos jornais de maior circulação no nosso meio: O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Utilizamos a palavra-chave “derrame cerebral” no mecanismo de busca do site Folha Online e selecionamos os artigos publicados no período entre 1º de abril de 2008 e 31 de março de 2009. Repetimos o mesmo procedimento com as palavras-chave “acidente vascular cerebral” e “acidente vascular encefálico”, para buscar artigos não identificados com a palavra-chave “derrame cerebral”. Realizamos o mesmo procedimento no mecanismo de busca do site Estadao.com.br.

Os artigos foram divididos em três grandes grupos: 1) Informação em saúde – artigos em que as palavras-chave aparecem como parte de conteúdo informativo ou opinativo sobre o tema e que tragam informação em saúde; 2) Celebridades – artigos em que as palavras-chave aparecem sem contextualização com informação em saúde, mas apenas para se referir a uma personalidade pública que apresenta a doença ou foi a óbito por sua causa; 3) Outros – divulgação de livro, filme, programa TV, informe publicitário, histórias de personagens do cotidiano, em que as palavras-chave aparecem dissociadas de informação em saúde.

No período selecionado para o estudo, não há registro de artigos com o termo “acidente vascular encefálico” em nenhum dos dois jornais. O número de artigos na categoria “Celebridades” foi bem superior ao de outras categorias e equivalente entre os dois jornais. Entretanto, na categoria “Informação em saúde”, a Folha de S. Paulo contribui com um contingente de artigos mais de duas vezes maior que o jornal O Estado de S. Paulo.

Derrame cerebral e acidente vascular cerebral em artigos da Folha de S. Paulo e d\' O Estado de S. Paulo no período entre 01/04/08 e 31/03/09.

 

INFORMAÇÃO EM SAÚDE

CELEBRIDADES

OUTROS

       

FOLHA IMPRESSA

26

33

19

Derrame cerebral

14

3

9

Acidente vascular cerebral

12

30

10

       

FOLHA ONLINE

18

78

9

Derrame cerebral

8

25

2

Acidente vascular cerebral

10

53

7

       

FOLHA DE S. PAULO

44

*12 artigos da versão impressa são repetidos na versão online

111

28

 

     

ESTADO DE S. PAULO

17

112

15

Derrame cerebral

9

55

3

Acidente vascular cerebral

8

57

12

** O mecanismo de busca do Estadão não permite discernir quais matérias foram publicadas na versão impressa.

A maior parte dos artigos da categoria “Informação em saúde” de ambos os jornais concentra-se no tema “prevenção primária”, sendo que a Folha de S. Paulo aborda uma maior diversidade de temas. Quatro dos 32 artigos publicados pela Folha de S. Paulo (12.5%) representavam matérias desenvolvidas por agências de notícias nacionais e internacionais, como Reuters, New Scientist e Agência Brasil. No caso do jornal O Estado de S. Paulo, além de um contingente menor de artigos na categoria “Informação em saúde”, nove dos 17 artigos publicados (53%) eram matérias importadas das agências de notícias.

FOLHA DE S. PAULO

 

Matéria

Data

Tema

Autoria

Fonte

1

Toxina é usada em tratamento de derrame

30/03/2009

Reabilitação

Claudia Collucci

Especialistas

2

Método normaliza índice glicêmico em 70% dos diabéticos

27/02/2009

Prevenção primária

Claudia Collucci

Unifesp / Especialistas

3

Uma dupla em 40 mil pacientes

18/01/2009

Caso clínico

Julianne Silveira

Especialistas

4

Mapa de novidades

15/01/2009

Tratamento fase aguda

Amarílis Lage, Julliane Silveira

Estudo sem referência

5

Tabagismo: AVC na família aumenta risco entre fumantes

02/01/2009

Prevenção primária

Da redação com agencias internacionais

Periódico Neurology

6

Pesquisa indica que maioria não reconhece sintomas de derrame

01/12/2008

Reconhecimento de sinais e sintomas

Julliane Silveira

Periódico Emergency Medical Journal / Especialistas

7

Neurologia: idosos que se exercitam têm recuperação melhor após AVC

21/10/2008

Reabilitação

Claudia Collucci

Periódico Neurology / Especialistas

8

Neurocientista vê seu cérebro se deteriorar

19/10/2008

Caso clínico / Reabilitação

Amarílis Lage

Especialistas

9

"Ligação direta" contorna paralisia

16/10/2008

Reabilitação

New Scientist

Periódico Nature

10

Drauzio Varella: coração e futebol

13/09/2008

Prevenção primária

Drauzio Varella

Estudo sem referência

11

Só 15% dos paulistas temem colesterol

08/08/2008

Prevenção primária

Claudia Collucci

Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo / Especialistas

12

Brasileiro ignora doença que mais mata

06/07/2008

Reconhecimento de sinais e sintomas

Ricardo Westin

Periódico Stroke / Especialistas

13

Vítima de AVC confundiu doença com hipertensão

06/07/2008

Prevenção secundária / Tratamento fase aguda

Ricardo Westin

Ausente

14

Inspire, respire, transpire: em busca da palavra perdida

01/05/2008

Reabilitação

Ia ra Biderman

Ausente

15

Sobe internação de mulher infartada

27/03/2009

Prevenção primária

Julliane Silveira

Instituto Nacional de Cardiologia / Especialistas

16

Poluição de carros quadruplica risco de morte

05/03/2009

Prevenção primaria

Ricardo Sangiovanni

Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP / Especialistas

17

Poucas e boas

26/02/2009

Prevenção primária

Redação

American Stroke Association

18

Ingestão de potássio reduz risco cardíaco

29/01/2009

Prevenção primária

Julliane Silveira

Periódico Archives of Internal Medicine / Especialistas

19

Hipertensão cresce 18% em uma década nos EUA

22/11/2008

Prevenção primária

Fernanda Bassette e Rachel Botelho

Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue dos EUA / Especialistas

20

Mais saudável: espelho para recuperação

05/10/2008

Reabilitação

Reuters

Universidade Metropolitana de Tóquio

21

81% dos brasileiros apoiam lei contra fumo

14/09/2008

Prevenção primária

Ricardo Westin

Datafolha

22

Zerar gordura trans é voltar à época da banha, diz indústria

08/09/2008

Prevenção primária

Ricardo Westin

Estudo não especificado

23

Apenas 30% dos biscoitos são "zero trans"

08/09/2008

Prevenção primária

Ricardo Westin

Ausente

24

Na rota das especiarias

21/08/2008

Prevenção primária

Amarílis Lage e Flávia Mantovani

Estudo sem referência / Especialistas

25

Música contribui para tratamento

01/05/2008

Reabilitação

Não assinado

Periódico Brain

26

Medicina: mapa global do metabolismo ajuda a explicar hipertensão

22/04/2008

Prevenção primária

Reuters

Periódico Nature

27

AVC pode voltar se paciente não se cuidar, alertam especialistas

27/03/2009

Prevenção secundária

Agora

Especialistas

28

Socorro imediato pode evitar sequelas de derrame

22/07/2008

Tratamento fase aguda

Fábio Grellet
do Agora

Especialistas

29

Pessoas que perderam a fala usam teatro para recuperar linguagem

01/05/2008

Reabilitação

Iara Biderman

Especialistas

30

Correr ao sol provoca perda de até dois litros de água; hidrate-se

20/01/2009

Prevenção primária

Vivian Masutti

Especialistas

31

Estudo aponta que doenças do aparelho circulatório são as que mais matam no Brasil

05/03/2009

Epidemiologia

Agência Brasil

Publicação Ministério da Saúde

32

Paciente pode evitar sequelas do AVC se for socorrido em até três horas

06/08/2008

Tratamento fase aguda

Folha – não assinado

Especialistas

** Prevenção primária são ações de promoção à saúde que visam a prevenção de um primeiro episódio de derrame cerebral. Prevenção secundária são ações que previnem um novo derrame cerebral em indivíduos que já apresentaram um episódio anterior.

ESTADO DE S. PAULO

 

Matéria

Data

Tema

Autoria

Fonte

1

Sal pode ser antidepressivo natural, diz estudo

12 /03/ 2009

Prevenção primária

BBC

Periódico Psychology and Behaviou r

2

Cientistas britânicos testarão células-tronco para tratar derrame

19 /01/ 2009

Reabilitação

BBC

Estudo em andamento

3

Cérebro de crianças pobres tende a ter desempenho pior, diz estudo

3 /12/ 2008

Outros

BBC

Periódico Journal of Cognitive Neuroscience

4

Estudo propõe uso de estatinas para diminuir riscos cardíacos

10 /11/ 2008

Prevenção primária

EFE

Reunião da Associação Americana de Cardiologia

5

Doença cardiovascular causa 1/3 das mortes no Brasil

6 /11/ 2008

Epidemiologia

Carolina Freitas 

Ministério da Saúde

6

País gasta R$ 37 mi por ano com vítimas do fumo passivo

30 /10/ 2008

Prevenção primária

Fabiana Cimieri

INCA, UFRJ

7

Vacina contra vírus do papiloma humano é segura, diz estudo

23 /10/ 2008

Prevenção primária

EFE

Estudo sem referência

8

Um só neurônio permite vencer paralisia, mostra estudo

15 /10/2008

Reabilitação

Associated Press

Estudo sem referência

9

Estudo amplia prazo para uso de tratamento contra AVC

25 /09/ 2008

Tratamento fase aguda

Carlos Orsi

Periódico New England Journal of Medicine

10

Som relaxante ajuda a reduzir pressão sanguínea, diz estudo

17 /09/ 2008

Prevenção primária

EFE

62ª Conferência para Pesquisa da Hipertensão – Seattle EUA

11

Doenças do coração lideram mortes entre homens no Brasil--estudo

6 /11/2008

Epidemiologia

Reuters

Ministério da Saúde

12

Doença cardiovascular causa 1/3 das mortes no Brasil

6 /11/ 2008

Epidemiologia / prevenção primária

Carolina Freitas 

Ministério da Saúde

13

Brasileiro perde 13 anos com doença

29 /09/ 2008 

Epidemiologia

Emilio Sant\'Anna

IPEA

14

Apenas 10% dos hipertensos se tratam, indica pesquisa

24 /09/ 2008

Prevenção primária

Agência Estado

Unidade de Hipertensão do Hospital das Clínicas

15

Custo para vencer vício é de R$ 428

10 /09 2008 

Prevenção primária

Fabiana Cimieri

Hospital Universitário Clementino Fraga Filho

16

Tirar fumante do vício custa menos que tratar de doenças

9 /09/ 2008

Prevenção primária

Fabiana Cimieri

HUCFF

17

Maços de cigarro terão novas imagens por maior alerta antifumo

27 /05 /2008

Prevenção primária

Reuters

INCA, UFRJ, UFF, PUC-Rio, Anvisa

As fontes de informação dos artigos da categoria “Informação em saúde”, em ambos os jornais, incluíram especialistas, periódicos científicos, estudos apenas com a referência do centro de pesquisa e artigos sem qualquer referência. Dentre os 28 artigos publicados pela Folha de S. Paulo que não foram importados de agências de notícias, sete deles (25%) fizeram referência a um artigo científico com especificação do periódico em que o mesmo foi publicado. O jornal O Estado de S. Paulo fez referência a um periódico científico em apenas uma matéria dentre as oito (12,5%) que não foram importadas de agências de notícias.

Realizamos ainda uma pesquisa pelo mecanismo de busca EurekAlert, base de dados coordenada pela Associação Americana para o Avanço da Ciência, dos Estados Unidos, e que concentra os comunicados de imprensa disponibilizados por universidades, centros médicos, agências governamentais, corporações e outras organizações dedicadas à pesquisa. O EurekAlert concentra também os comunicados de imprensa disponibilizados pelos periódicos científicos, incluindo o British Medical Journal, JAMA. The Lancet, entre outros.

Utilizamos a palavra-chave "stroke" no mecanismo de busca do EurekAlert e selecionamos os comunicados de imprensa publicados no período entre 1º de abril de 2008 e 31 de março de 2009. Repetimos o mesmo procedimento com a palavra-chave "cerebrovascular", para buscar comunicados de imprensa não identificados com a palavra-chave "stroke".

A pesquisa identificou 66 comunicados de imprensa publicados no período estudado, sendo que 46 (69,7%) faziam referência a uma publicação científica. Os periódicos que tiveram mais comunicados foram: Stroke (12), Neurology (6), Annals of Neurology (2), Archives of Neurology (2), JAMA (3). Os jornais The Lancet, BMJ, New England Journal of Medicine e outros 18 periódicos tiveram um comunicado cada. Os temas mais abordados foram: tratamento na fase aguda (16) e prevenção primária (13). Estudos experimentais tiveram cinco comunicados; epidemiologia, quatro; prevenção secundária, três; reabilitação, dois; outros temas, três.

Dez comunicados faziam referência a estudos divulgados em conferências, metade deles referentes à Conferência Internacional de AVC da Associação Americana de AVC – 2009. Outros dez comunicados faziam referência a estudos ainda em andamento ou a prêmios recebidos por pesquisadores ou centros de pesquisa.

Dos sete estudos publicados pela Folha de S. Paulo não importados de agências de notícias, e que fizeram referência a um estudo científico e ao periódico em que o mesmo foi publicado, três deles tinham comunicados de imprensa divulgados pelo EurekAlert – artigos 5,6 e 7 na segunda tabela acima. O único estudo do jornal O Estado de S. Paulo que fez referência a estudo científico e ao periódico em que foi publicado tinha um comunicado de imprensa divulgado pelo EurekAlert – artigo 9 na terceira tabela.

Conclusão

Os principais pontos da análise do conteúdo publicado sobre as palavras-chave “derrame cerebral” e “acidente vascular cerebral” nos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo entre 01 abril de 2008 e 31 de março de 2009 foram os seguintes:

  • não houve registro de artigos com o termo “acidente vascular encefálico” em nenhum dos dois jornais no período estudado;
  • os termos pesquisados foram até sete vezes mais citados em matérias da categoria “Celebridades” do que em artigos da categoria “Informação em saúde”;
  • a Folha de S. Paulo publicou quase duas vezes mais artigos da categoria “Informação em saúde” do que o jornal O Estado de S. Paulo;
  • o tema prevenção primária foi o mais abordado por ambos os jornais nos artigos da categoria “Informação em saúde”;
  • mais da metade dos artigos da categoria “Informação em saúde” do jornal O Estado de S. Paulo foram provenientes de agências de notícias, comparado a 12,5% no caso da Folha de S. Paulo.
  • entre os artigos da categoria “Informação em saúde” que foram desenvolvidos pelas redações dos jornais e que faziam referência a um estudo científico, boa parte tinha comunicado de imprensa divulgado pelo EurekAlert.
Ricardo Afonso Teixeira é neurologista clínico, dirige o Instituto do Cérebro de Brasília (ICB) e é titular do blog ConsCiência no Dia-a-Dia. Li Li Min é professor do Departamento de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Vera Regina Toledo é jornalista e pesquisadora do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp.