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Brasil Open de Tênis gera dados para pesquisa de alto rendimento no esporte
Por Janaína Quitério
30/03/2015
Enquanto os atletas se concentravam nos golpes com a raquete durante as partidas do Brasil Open de Tênis – torneio que integra o circuito internacional da Associação de Tênis Profissional (ATP) – pesquisadores ligados à Unicamp, cheap prom dresses e Instituto Federal de São Paulo (IFSP) coletavam informações sobre os movimentos em quadra. Utilizando filmagens, eles analisam as variáveis cinemáticas, tais como posição e velocidade dos jogadores, no projeto “Caracterização dos aspectos físicos, técnicos e táticos do tênis”.

É a primeira vez que a coleta de dados a partir do rastreamento automático de tenistas é feita em torneios de alto nível como o Brasil Open. Durante a 15ª edição do evento, realizada em fevereiro, oito dos 35 melhores jogadores do mundo disputaram partidas no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. “Já fizemos investigações em campeonatos de níveis mais baixos. O Brasil Open é o primeiro campeonato em que há atletas muito bem ranqueados, o que nos dará novos parâmetros para pensar o treinamento em diferentes níveis”, explica Felipe Arruda Moura, pesquisador do Laboratório de Biomecânica Aplicada e professor da prom dresses 2015.

O sistema de rastreamento de atletas em campo utilizando câmeras e softwares para análises de dados já é feito há mais de 10 anos no futebol, a partir de projeto pioneiro da Unicamp. “Por meio de algumas variáveis cinemáticas, que são objetos de estudo da biomecânica, conseguimos obter informações sobre a intensidade do jogo, que é uma questão física. Sabendo, por exemplo, a posição do jogador na quadra em relação ao tempo, é possível determinar a velocidade de deslocamento de cada movimento, bem como os dados de sua aceleração”, ressalta Milton Shoiti Misuta, coordenador do Laboratório de Instrumentação e Biomecânica da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp, onde é docente.

Além da posição dos jogadores em quadra, o rastreamento é capaz de coletar dados relacionados à parte tática dos jogos. “Em qual posição da quadra um jogador bate o forehand – golpe executado do mesmo lado do corpo em que segura a raquete? Em qual posição a bola cai na quadra adversária? Essas e outras perguntas podem auxiliar treinadores a pensar o jogo taticamente”, completa Misuta. Com os dados obtidos no Brasil Open, por exemplo, o estudante Tiago Pereira, mestrando da UEL, fará uma análise dos movimentos laterais executados pelos jogadores de alto nível, em comparação aos atletas de níveis inferiores, durante a partida. “Uma das nossas perguntas é se esses padrões de movimentos laterais são semelhantes ou diferentes nos níveis que analisamos, no caso dos juvenis, em campeonatos profissionais de mais baixo nível, e agora no alto nível”, aponta Felipe Moura, orientador do projeto.

As informações coletadas ainda estão em fase de análise, mas Moura já consegue apontar alguns indícios a partir dos quais se verifica a diferença nos aspectos físicos de acordo com as categorias da modalidade. “Se compararmos os dados coletados durante o Brasil Open (ATP 250) com um torneio de nível mais baixo, percebemos que as distâncias percorridas por game são cerca de 10% maiores no ATP 250. Outras informações que se destacam dizem respeito ao número de deslocamentos laterais totais, muito acima no ATP 250 em comparação a outros torneios analisados”, afirma. Com as informações preliminares, os pesquisadores confirmam a hipótese de que a preparação dos atletas necessita de protocolos diferentes de acordo com os níveis.

Diferentes áreas em jogo

Estudar o movimento dos atletas a partir de conceitos biomecânicos integra diferentes áreas de conhecimento, como física, mecânica, fisiologia, matemática, estatística e processos computacionais. Estes últimos contribuem, em especial, para a coleta e para a análise dos dados. “Em uma primeira etapa, coletamos as informações por meio de câmeras posicionadas em locais estratégicos da quadra. No caso do Brasil Open, usamos duas câmeras de forma a captar não apenas a quadra inteira, mas toda a movimentação do jogador. E, para obter as imagens com qualidade e com o mínimo de interferência, é necessário observar alguns parâmetros técnicos, como filmadora com foco e controle de shutter manuais”, descreve Misuta.

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Câmera capta movimentação de jogadores durante torneio de tênis. Imagem: Milton Misuta.

Depois de filmados, os dados cinemáticos são coletados por meio de um software aberto (open source) desenvolvido pela Unicamp. Em seguida, é feito o cálculo de variáveis, como velocidade e aceleração, utilizando-se um pacote matemático. “Por tratar-se de um programa aberto, é possível melhorar ou acrescentar variáveis de acordo com as necessidades das pesquisas”, ressalta o professor da UEL.

Enquanto analisam os dados coletados, os pesquisadores já pensam em projetos futuros, como meios de fácil compreensão para compartilhar com a equipe técnica dos jogadores os dados coletados e processados.