Fase 0 (pré-fluxo): Esta fase é constituída por
momentos de contextualização do professor conteudista tanto em relação ao processo de produção de material didático do IUVI, como pela apresentação dos
potenciais de utilização de TICs na prática educacional específica do professor. Esses momentos podem ser compostos por seminários, formações e reuniões
individuais ou em pequenos grupos de professores divididos por unidades curriculares. Ainda, nesta fase, são dadas as primeiras orientações ao professor
sobre planejamento de um componente curricular que venha a utilizar as TICs em apoio à sua oferta nos cursos presenciais ou semipresenciais. Para preparar e
facilitar o diálogo, foi desenvolvida uma capacitação específica para o professor conteudista ( com regime de 90horas/ano).
Fase 1: Neste momento o professor produz o
conteúdo e, em seguida, realiza a entrega do material original, parcial ou integral, que será utilizado para as aulas (agenda, aulas, material de apoio etc);
Fase 2: Os responsáveis pelo recebimento do
conteúdo das aulas darão início à segunda fase, denominada homonimamente de “transição didática” (TD). O trabalho da equipe de TD consiste na apropriação do
conteúdo das aulas em busca da assimilação da proposta idealizada pelo conteudista. Com o objetivo de auxiliar e promover a construção de uma aprendizagem
significativa, cabe à equipe de TD sugerir a utilização e a criação de ferramentas capazes de tornar o conteúdo mais acessível e de fácil compreensão em um
formato compatível com a metodologia em questão, sem perder a proposta didática original. Concluído o trabalho da equipe, as aulas são encaminhadas por email
ao professor conteudista para sua apreciação .
O professor conteudista recebe as aulas com as sugestões dadas
pela equipe de TD, as quais deverão ser minuciosamente revisadas pelo mesmo. Esta fase é denominada de “primeira revisão”. Este é o momento mais adequado
para o professor discordar/concordar, acrescentar/excluir ou sugerir alterações no conteúdo. Enfim, verificar se as aulas estão em conformidade com a sua
proposta de ensino. Feito a análise, o professor devolverá o material com suas considerações à equipe de TD para que a mesma análise a proposta acatando
completa ou parcialmente as considerações apontadas em sua revisão – há um diálogo conciliatório entre as partes. Com o documento aprovado tanto pelo
professor quanto pela equipe de TD, esta encaminha a proposta para a equipe de produção.
Fase 3: Esta fase denominada de “produção e
formatação”, realizará um processo técnico de concretização da proposta elaborada para o formato web. São utilizados linguagem específica e documentos
padronizados que facilitem a comunicação entre o professor, a equipe de TD e a formatação (equipes de produção e desenvolvimento). A equipe de produção
dispõe de um conhecimento técnico de produção e edição de vídeo, design gráfico 2D/3D, programação computacional para jogos, dispositivos móveis e web, e é a
responsável pela materialização da proposta elaborada pelo professor e pela equipe de TD. Ao final, há uma disponibilização do conteúdo, já publicado em
formato web, para que a equipe da TD possa validar o estado atual da proposta.
Fase 4: Também denominada “revisão da TD”, esta
fase é caracterizada pela conferência, por parte da equipe de TD, se a implementação técnica da proposta sugerida na segunda fase foi corretamente
implementada. Dentre outros aspectos, o conteúdo formatado deve estar em sintonia com a agenda em relação à quantidade de aulas, títulos, tópicos, fóruns,
portfólios e material de apoio. Se o material estiver em conformidade com a proposta, será dado prosseguimento ao processo. Se não, retorna à etapa anterior
para as devidas correções.
Fase 5: Chamada de “segunda revisão do
professor”, esta fase é o momento em que a aula é publicada em teste no AVA - SOLAR para apreciação do professor. Nessa ocasião, o professor confere, pela
primeira vez, a aula na web. É então verificada a conformidade da aula com a sua proposta de ensino, considerando possíveis ajustes. Neste último caso, o
professor preenche um documento denominado de “segunda revisão do professor”, no qual constam as alterações consideradas necessárias. Tal documento faz com
que a aula retorne à fase 4, repetindo o processo, até que o professor dê autorização para a publicação.
Fase 6: Denominada “fase de publicação”,é
quando é feita a configuração do curso e publicação do conteúdo no AVA – no caso da UFC, no ambiente SOLAR, mas que poderia ser em qualquer outro ambiente
escolhido pela instituição – no espaço para aplicação do componente curricular com alunos e tutores.
Esta fase ocorre quando a ação demandar que a UFC seja
responsável pela publicação. Quando a atividade negociada se restringir à produção de material didático por parte da UFC, as aulas são disponibilizadas em um
repositório específico para que a instituição que fará a publicação possa acessar os arquivos.
Fase 7: Esta é a etapa em que o aluno obtém
acesso ao curso no AVA. Assim como destacado na Fase 6, ela pode ou não existir dependendo da natureza da ação. Nos cursos em que a UFC é responsável também
pela oferta, é feita então, nesta etapa, a alocação de professores, tutores e coordenadores nas turmas.
Sistemas de informação
A adoção de sistemas de informação permitiu o trabalho
colaborativo das equipes e acompanhamento por parte dos gestores. A equipe de desenvolvimento de sistemas construiu uma ferramenta de gerência de
projetos que registra todos os estágios definidos pelo fluxo de trabalho do IUVI. Assim, é possível acompanhar em tempo real o que cada um está
desenvolvendo, informar ao professor sobre os marcos de revisão, redistribuir as equipes para a finalização de um conteúdo com maior urgência etc.
Outro sistema utilizado é o de controle de
versões. A utilização de uma ferramenta opensource para essa finalidade dá segurança ao trabalho colaborativo das equipes e permite o
registro histórico do desenvolvimento e recuperação de versões. Esse versionamento é importante, pois é comum que professores façam revisões sobre o conteúdo
originalmente produzido por um colega.
Todo o material produzido e armazenado no repositório de mídias é
interligado a um sistema web que permite a busca e recuperação de conteúdos produzidos. Esse acervo tem sido utilizado pelas equipes de produção propiciando
o reuso de recursos já produzidos, amentando assim a produtividade do trabalho.
Desenvolvimento de sistemas
Para a criação e, principalmente, evolução de sistemas como
AVA’s, integração de sistemas educacionais a sistemas de controle acadêmico, estruturação de segurança da informação da instituição, construção de sistemas
de apoio à gestão de equipes etc, é de suma importância a existência de um grupo multidisciplinar que conte com pessoas das áreas de usabilidade, análise e
modelagem de software, programação, testes e design de interface.
Atualmente estão sendo desenvolvidos, concomitantemente, uma
plêiade de sistemas por essa equipe.
Inovação
Como descrito ao longo deste artigo, estabelecer uma estrutura
fluída de produção exige dos gestores, em um primeiro momento, esforços no sentido de bem especificar o escopo das etapas de trabalho, criar dispositivos de
controle e contingenciamento, elaborar uma cristalina especificação de papéis etc. Por outro lado, uma vez superado esses desafios, fatalmente esse gestor
chegará à conclusão de que há um processo de robotização de sua equipe, algo completamente negativo a um processo que deve ser plenamente criativo e em
constante estado de aperfeiçoamento. Mas como fazer com que a equipe de produção venha a atender aos prazos e demandas, cada vez maiores, e ainda assim
conseguir refletir sobre sua prática e sobre o estado da arte de tecnologias e metodologias de conteúdos educacionais?
No IUVI, a saída para este dilema foi a criação de estruturas
paralelas à produção, as Células. As Células são grupos de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e metodologias, que promovem a criação de novas
formas hipermodais de conteúdo. As células são coordenadas por professores do IUVI e contam com a participação de bolsistas e alunos voluntários de cursos
como Sistemas e Mídias Digitais. Atualmente existem 6 células, que são: animação, jogos sérios, comunicação, audiovisual, usabilidade e EDM (educational
data mining). Os objetos resultantes das células comumente são incorporados aos conteúdos produzidos pelo Centro de Produção.
O futuro
O IUVI está trabalhando para que possa disponibilizar em um
intervalo de, no máximo, um ano um conjunto de sistemas integrados que permitirão a IES produzirem material didático multiplataforma e de forma natural à
prática docente. A suíte de software a ser apresentada contemplará os diversos dispositivos (tablets, PCs, smartphones), permitindo a
produção de conteúdos para esses dispositivos e o compartilhamento de conteúdos em repositórios multimídia. Todos esses sistemas serão integrados e
permitirão a produção diversificada e que transcenda o atual cenário restrito de um centro de produção, fazendo com que toda uma comunidade acadêmica passe a
produzir conteúdo didático multimídia.
Outro desafio de trabalho onde se quer avançar é sobre a
personalização de conteúdo. Conseguir imprimir nos conteúdos um determinado nível de personalização ao aluno, levando em consideração, ainda que minimamente,
sua base de conhecimento e seu contexto social, será um grande avanço para termos materiais que venham a trazer maiores benefícios a esses alunos.
Mauro Pequeno é mestre em ciência da computação e doutor em engenharia. Atualmente é professor associado II da Universidade
Federal do Ceará (UFC) e diretor do Instituto Universidade Virtual, consultor ad hoc do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Henrique Sérgio Lima Pequeno é doutorando em ciências da computação, mestre em engenharia de teleinformática com objeto de estudo na área
de TV digital. Atualmente é professor assistente da UFC e coordena o Setor de Tecnologias Digitais do Instituto UFC Virtual. Coordenador Adjunto dos cursos
semipresenciais da UFC.