O consumo de três ou mais porções diárias de frutas e verduras
funciona como protetor do impacto da poluição. O resultado foi
obtido após uma pesquisa realizada com 92 voluntários,
controladores de tráfego (marronzinhos), taxistas e funcionários do
horto florestal da cidade de São Paulo. O trabalho foi conduzido
pelo Instituto de Saúde do Estado em conjunto com a Faculdade de
Medicina da USP. O estudo foi apresentado em agosto, durante
Conferência da Internacional Society for Environmental Epidemiology
- Sociedade Internacional de Epidemiologia Ambiental .
Os voluntários, todos não fumantes, fizeram uma série de
exames, um check up completo que incluiu exame de sangue, lágrima,
saliva, peso, medida de circunferência. Em seguida, foi avaliado o
perfil da dieta de cada um deles e com que frequência comiam frutas
e verduras. Para identificar o benefício da dieta foi utilizado o
indicador de VHS - velocidade de hemossedimentação. "O que o
teste diz é que estamos um pouco mais inflamados quando a velocidade
aumenta. No contexto do estudo, o que foi percebido é que a
exposição à poluição urbana é capaz de promover uma atividade
inflamatória subclínica (sem febre ou sintomas) e que este efeito
era parcialmente atenuado quando as pessoas expostas tinham uma dieta
com maior teor de frutas, verduras e legumes", explica o
coordenador do Instituto Nacional de Análise de Impactos do Meio
Ambiente, Paulo Saldiva.
Para a diretora do Instituto de Saúde, Silvia Saldiva, não é
uma novidade os benefícios de dietas compostas por frutas e
verduras. Ela lembra que, recentemente, foi lançado um novo guia
alimentar para a população brasileira que traz uma recomendação
de seis porções diárias entre frutas e verduras. "A gente
está em um processo de epidemia mundial de obesidade e a Organização
Mundial de Saúde já divulgou muitos documentos sobre a necessidade
de dietas saudáveis", diz. E ressalta a possibilidade de ajudar
o corpo a diminuir os prejuízos da poluição. "O que
conseguimos mostrar são os efeitos a partir de três porções e o
mecanismo protetor contra doenças crônicas associadas a poluição.
É difícil controlar os efeitos da poluição, a maior parte passa
por políticas públicas, mas esse estudo mostra que podemos nos
proteger", completa.
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