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Idoru
William Gibson

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Idoru. William Gibson. Makron Books, 2000.

por Juliana Schober

Idoru, escrito por William Gibson, é um excelente romance de ficção científica, que leva os leitores ao minúsculo espaço da nanotecnologia - minúsculo, porém responsável por grandes revoluções. É um livro de verdade que fala de coisas "que não existem". Ou seja, de coisas que acontecem no ciberespaço, termo criado pelo próprio Gibson em 1984 e publicado em Neuromancer, livro de grande sucesso. Ciberespaço é um termo utilizado pelos usuários da internet como sinônimo de rede, lugar onde acontecem coisas incríveis em um mundo (ou em mundos) novo e imprevisível.

A história acontece no Japão. Rez, um pop star muito famoso (de "carne e osso") anuncia para o mundo seu desejo de se casar com Rei Toei, uma idoru. Laney e Chia (que também são de "carne e osso"), os personagens principais, acabam cruzando suas histórias que giram em torno deste estranho casamento.

Idoru são cantores-ídolo japoneses que não existem, alguns muito famosos. Rei Toei é feita de informação (de muita informação). Quase tudo na obra é feito de informação. O livro chama a atenção para o poder da informação na sociedade, criando e destruindo coisas e idéias. Rei Toei é formada por arranjos de informação extremamente complexos e sofisticados, que conferem a ela uma "existência" original, meio humana e meio nada (coisas típicas de histórias futuristas de ficção científica).

Criando sistemas altamente complexos de informação, a vida dos personagens pode ser investigada com precisão. Laney tem uma incrível habilidade de "localizar dados cruciais em pilhas aparentemente aleatórias de informações incidentais". No mundo real, ele daria um ótimo hacker, mas no livro ele é muito mais do que isso, e o que hoje chamamos de hacker seria provavelmente um medíocre no mundo de Idoru. Suas qualidades excepcionais permitem que ele descubra antecipadamente o suicídio de uma das personagens, Alison Shires: "Alison Shires sabia, de alguma forma, que ele [Laney] estava lá, observando. Como se ela pudesse senti-lo olhando para o mar de dados que eram um reflexo da sua vida: sua superfície feita de todos os pedaços que formavam o registro diário de sua vida à medida que ficava registrada na tecitura digital do mundo".

O comportamento das pessoas, registrados em bases de informações altamente vulneráveis, podia ser interpretado de forma fanaticamente precisa, porém, havia certa peculiaridade pois ainda eram humanos em cada detalhe, mas ao mesmo tempo, nem tanto. Os personagens estão abandonados à sorte de suas próprias invenções, que são a causa e o remédio de um mundo "vazio", onde qualquer coisa é inventada, até a personalidade das pessoas. A mídia desse mundo tem papel fundamental e semelhante ao que conhecemos hoje: "Nós somos a mídia, Laney. Transformamos esses panacas em celebridades. É um esquema de toma-lá-dá-cá. Eles vêm até nós para serem inventados". Mas, apesar da "dureza" dos dados e da impessoalidade, as invenções humanas no ciberespaço ainda buscam desenfreadamente a humanização dos sentimentos, como se eles fossem se perder. Em certos momentos, quando Laney e a idoru se encontram na história (no espaço ou no ciberespaço), a confusão dele frente a certas características humanas dela - que vivem em constante aperfeiçoamento digital - é evidente: "Que tipo de capacidade computacional era necessária para criar algo assim, algo que respondia ao seu olhar?" ou quando ela pergunta para ele: "Você também sonha, não, sr. Laney?".

O amor de Rei e Rez é resultado de sentimento, tecnologia e loucura. Só é possível naquele mundo. Mas, mesmo assim, causa incômodo e estranhamento nas pessoas. Como um homem pode se casar com uma pilha de informações? E se apaixonar por ela? A idoru é um projeto genial e ousado, uma fórmula para transformar sentimento em informação. Mas será que isso é possível?

O cenário do mundo "real", onde a história acontece é, claro, um mundo só: línguas, comidas, coisas de todos os países em todos os lugares - o mundo globalizado. Os cenários multifacetados desenhados pelo autor são interessantes, modernos e estranhos, bons de se imaginar.

Rez e Rei se casam, fazem planos de "construir" um lugar para morar: uma ilha em plena Baía de Tóquio, obviamente ciberespacial e construída com nanotecnologia, que deve ser tão imaginativa e interessante quanto todas as outras paisagens imaginadas por Gibson.

Atualizado em 10/04/02
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