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Admirável Mundo Médico
Armando J. C. Bezerra

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Admirável mundo médico - a arte na história da medicina
Armando J. C. Bezerra, 2000.

por Juliana Schober Gonçalves Lima

Admirável mundo médico é um livro que descreve como a arte esteve sempre presente na história da medicina, retratada por obras de arte de artistas famosos, que exemplificam o tema. O livro traz também curiosidades interessantes do mundo da medicina. O autor é médico e já foi professor do curso de medicina da Universidade de Brasília (UnB). Publicado em março de 2002, o livro foi editado pelo Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal.

O autor freqüentemente lança mão de seus conhecimentos para analisar, a partir desse ponto de vista, as obras de arte abordadas. E aproveita ainda a oportunidade para revelar algumas curiosidades. Observando as pinturas de Jesus Cristo, em suas últimas horas de vida, Bezerra se coloca no papel de "médico legista" e conta que Cristo começou a morrer provavelmente devido ao sangramento do couro cabeludo causado pela coroa de espinhos. Os tipos de veias que drenam o couro cabeludo favoreceram um sangramento expressivo. Mas, em seu desempenho como "legista", Bezerra também detecta alguns deslizes nas imagens da crucificação como por exemplo, a posição dos pregos nas mãos de Cristo. Anatomicamente, os pregos só seriam capazes de sustentar um corpo suspenso em uma cruz caso fossem colocados em regiões específicas, ou seja, se fossem colocados entre os ossos escafóides, semilunar e capitano, o que não acontece em muitas das pinturas sobre o tema.

Ainda em relação às falhas anatômicas, o quadro A lição de anatomia do Dr. Nicolaes Tulp (1632), do genial pintor Rembrandt van Rijn também apresenta um deslize anatômico quando retrata os músculos flexores superficiais do antebraço do cadáver que está sendo utilizado na aula de demonstração do Dr. Tulp.

Outro aspecto abordado pelo autor, é a relação entre médicos e artistas, evidenciada em algumas pinturas. É o caso do Auto-retrato com o Dr. Arrieta (1820), onde o pintor Francisco de Goya (1796-1828) retrata o Dr. Eugênio Arrieta, seu médico e amigo pessoal. Vincent Van Gogh (1853-1890) também retratou algumas vezes seu médico Paul-Ferdinad Gachet. O médico conviveu com Van Gogh durante os últimos dias de vida do pintor e foi o único a aceitar seus quadros como pagamentos das consultas. Os papéis se inverteram quando Van Gogh se suicuidou. Nessa ocasião ele é quem foi retratado, em seu leito mortuário, pelo Dr. Gachet.

O livro também conta histórias sobre os procedimentos médicos de outras culturas, como a chinesa. Na China antiga, por exemplo, as pacientes não podiam tirar as roupas na frente dos médicos, por isso levavam aos consultórios bonecas de marfim para apontarem onde estava a enfermidade. As chinesas mais ricas utilizavam estatuetas de marfim diferentes das pacientes mais pobres, demarcando assim um status social diferenciado.

O livro de Boccaccio, le Cos des Nobles et Femmes (1410), exibe a gravura intitulada A necropsia de Agripina, que mostra a mãe de Nero, Agripina, sendo submetida a uma necrópsia, procedimento que já existia em 59 d.C. O procedimento foi realizado devido à loucura do imperador Romano. Segundo Bezerra, Nero ordenou que a mãe fosse morta e que seu ventre fosse aberto para que ele pudesse ver o útero de onde havia nascido. Essa, e outras curiosidades menos mórbidas, fazem do livro uma leitura descontraída e interessante.

Atualizado em 10/09/02
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2002
SBPC/Labjor

Brasil