Livro
recém lançado aborda a relação entre
mídia e ciência
Foi
lançado em dezembro um novo livro que enfoca a relação
entre a mídia e a ciência, organizado pela professora
Cremilda Medina, que é também coordenadora de Comunicação
Social da Universidade de São Paulo (USP). A publicação
Ciência e Sociedade: mediações jornalísticas
é o resultado de palestras de divulgação
científica que ocorreram no final de 2004 na Estação
Ciência, da USP, em São Paulo, e reuniu jornalistas,
pesquisadores e cientistas das mais variadas áreas do conhecimento.
O diálogo
entre a mídia e os cientistas sempre foi tumultuado, já
que os cientistas tinham um certo receio em divulgar suas pesquisas
para fora do meio acadêmico e os veículos de comunicação
pouco se preocupavam em compreender a linguagem científica
e divulgá-la de maneira didática e correta para
o público leigo. Mas a imprensa percebeu a necessidade
de atrair a atenção do leitor para temas científicos
e, com isso, surgiram cursos de especialização para
divulgação científica, os quais aproximaram
os jornalistas aos pesquisadores. A ciência também
sentiu a necessidade de se expressar e ser valorizada por toda
a população, e logo se mostrou aberta ao diálogo
com a mídia.
“Onde
o conhecimento científico se restringe a um pequeno grupo
de pessoas, este povo caminha para indigência espiritual”,
já dizia Albert Einstein, como lembra João Antônio
Zuffo, engenheiro elétrico e professor da USP e um dos
autores do livro. Segundo Zuffo, o diálogo entre os cientistas
e a mídia melhorou muito nos últimos 30 anos, sendo
a internet em grande parte responsável por isso. “A
computação gráfica tem sido um instrumento
maravilhoso que tem propiciado uma veloz convergência entre
as áreas de humanidades e áreas de exatas, de modo
que vejo um processo de diálogo entre jornalistas e cientistas,
um processo naturalmente convergente, no sentido de criação
de uma semântica comum”, avalia.
Apesar da
comunicação entre jornalistas e cientistas ter melhorado,
ainda existem algumas deficiências que atrapalham esse diálogo,
como aponta o físico Sílvio Salinas, outro colaborador
do livro. Para ele, há muitos jornalistas que não
têm nenhuma formação científica cobrindo
a área, e também “cientistas muito rígidos
e estreitos intelectualmente, que conhecem bem apenas a sua área
de trabalho”.
O Brasil tem
tido ultimamente grandes avanços científico-tecnológicos,
porém essas pesquisas são pobremente divulgadas
na mídia. “A grande imprensa, as estações
de rádio e televisão, embora tenham procurado nossa
universidade, muitas vezes preferem divulgar trabalhos realizados
em universidades estrangeiras, naturalmente pegando notícias
de agências noticiosas internacionais, embora os trabalhos
realizados em nossa universidade, em muitos casos por nós
acompanhados, estejam anos à frente dos divulgados como
novidade por estas universidades estrangeiras”, salienta
Zuffo.
Além
de Zuffo e Salinas, participam da obra também os professores
Hélio Nogueira da Cruz, Kátia Maria Abud, Ernst
Hamburger, Paulo Andrade Lotufo e o médico e jornalista
Júlio Abramczyk.