FSM
se concretiza como espaço de união entre Estados-nação
A passeata de abertura do VI Fórum Social Mundial em Caracas,
na Venezuela, confirmou as expectativas. Iraquianos, palestinos,
sírios, argentinos, colombianos, mexicanos, venezuelanos,
cubanos e brasileiros são um pequeno exemplo das diferentes
nações que estavam presentes. O principal grito
na garganta da multiculturalidade presente na abertura do Fórum
era um pedido de mudança das estruturas no sistema político
e econômico atuais. Caracterizando um espaço onde
não apenas se faz política, mas um lugar onde ela
estará presente em todas as discussões. Nenhum lugar
melhor do que Caracas para começar a transformação.
Peruanos e mexicanos durante abertura do FSM
Fotos: André Gardini
Para
alguns, essas afirmações se tratam apenas de retórica
ou crítica vazia à democracia e ao capitalismo,
como afirmou recentemente em entrevista ao jornal Estado de
São Paulo o geógrafo Demétrio Magnoli.
Entretanto, para outros, como já disse o sociólogo
Boaventura de Sousa Santos em outros Fóruns, o VI FSM se
concretiza como um espaço onde todas as diferenças
juntas construirão um novo mundo possível.
A
passeata de abertura foi notícia de capa nos dois principais
periódicos caraquenhos de ontem. Ambos traziam notícias
sobre a marcha de abertura do FSM, porém com teor ideológico
distintos. Enquanto o El Universal, destacava o caos
generalizado que se estabeleceu no trânsito de Caracas,
culpabilizando as atividades do VI FSM, o El Nacional,
trazia a manchete "Caracas deu as boas-vindas ao FSM",
onde informava que haviam mais de cem mil pessoas de 50 nações
diferentes na passeata de abertura.
Iraquianos e palestinos lado a lado na passeata
Foto: André Gardini
A
colombiana Paola Figueroa comenta que está muito feliz
por participar de um evento do qual participam pessoas que pensam
um mundo distinto. Figueroa faz parte do "Coletivo Proyeto
Paz de Lucha por la Mujer" e lamenta ser muito difícil
se reunir em seu país para discutir política, devido
ao estado de guerra em que vivem. "Nosso enfoque é
feminista e socialista e investigamos o impacto da violência
desatada pelo processo armado nas meninas e mulheres colombianas",
informa. Samer Al Ayobi, da Síria, diz que se o presidente
Hugo Chávez for para seu país, será muito
bem recebido. "Estamos aqui para dar força ao movimento
antiimperialista latinoamericano, para apoiar a Venezuela e a
região em seu combate contra a intervenção
de governos estrangeiros", afirma.
Estão
inscritas quase duas mil atividades durante os dias do FSM, impossível
assistir todas. Mas um momento será imperdível para
os que estão em Caracas: o aparecimento do presidente Hugo
Chávez que, de acordo como periódico El Universal,
deve acontecer nesta sexta, dia 27, no Espaço Teresa Carreño,
em frente ao Hotel Hilton. Posteriormente, Chávez fará
um discurso no Poliedro.