Países
poluidores priorizam medidas econômicas para minimizar aquecimento
global
EUA, Austrália, China, Índia, Japão e Coréia
do Sul adotam uma nova estratégia de ação
para participar do esforço mundial de minimizar as conseqüências
das alterações climáticas: priorizar medidas
de natureza econômica – melhorias tecnológicas
– em detrimento das políticas, observa Lucí
Hidalgo Nunes, professora de Climatologia da Unicamp. Entre 11
e 12 de janeiro, na Austrália, esses países concluíram
suas negociações reafirmando a exploração
dos combustíveis fósseis como base de suas economias
e se comprometendo a pressionar o setor privado para que este
desenvolva fontes de energias limpas.
Os
seis países que participaram da “Associação
da Ásia e do Pacífico sobre Clima e Desenvolvimento
Ecológico” respondem juntos por quase metade das
emissões dos gases de efeito estufa na atmosfera. Apesar
disso, durante a reunião não estabeleceram metas
visando a diminuição das emissões desses
gases. Embora a maioria das pesquisas científicas aponte
a participação das atividades humanas nas mudanças
climáticas, ainda existem muitas dúvidas quanto
ao grau dessa participação. O impasse abre precedentes
para uma discussão política sobre a continuidade
na emissão de gases que aceleram o efeito estufa na Terra.
Para
Nunes, a controvérsia do aquecimento global é somente
mais um caso que exemplifica a participação da ciência
e tecnologia nesse jogo de poder. “Antes esses países
tentavam justificar o não comprometimento com o Protocolo
de Quioto a partir das incertezas científicas existentes
quanto ao aquecimento global. Agora, se reúnem para tentar
mostrar alguma simpatia com a causa e, quem sabe assim, convencer
o resto do planeta de que eles têm preocupações
com o processo de aquecimento global”, ressalta Nunes.
Incertezas
científicas
A quantificação do grau de participação
das atividades humanas e dos fatores naturais na alteração
do clima ainda não está esclarecido. Para Maria
Elisa Zanella, professora do Departamento de Geografia da Universidade
Federal do Ceará (UFC), a incerteza sobre as causas do
aquecimento global continua sendo um argumento forte para que
os países poluidores aumentem a emissão dos gases
estufa na atmosfera. “Ele existe [o aquecimento global],
isso está comprovado cientificamente, mas atribuí-lo
única e exclusivamente ao homem não me parece o
mais correto. Tanto fatores naturais quanto as atividades humanas
interferem nas mudanças climáticas”, argumenta
Zanella.