Novo
medicamento auxiliará na prevenção de doenças
cardiovasculares
Um novo medicamento, o Acomplia (ou rimonabant, nome genérico),
deve se tornar, a partir de 2006, um aliado dos médicos
na prevenção das doenças cardiovasculares,
que figuram entre as principais causas de mortalidade no Brasil
e nos Estados Unidos. O Acomplia, fabricado pela companhia farmacêutica
francesa Sanofi-Aventis, age atenuando três fatores de risco
associados aos males do coração e dos vasos sanguíneos:
altos níveis de triglicérides (uma forma de gordura),
colesterol ruim (LDL, sigla em inglês para lipoproteínas
de baixa densidade) e glicose no sangue.
Estudos
clínicos de fase III mostraram que doses diárias
de 20 mg de Acomplia reduzem significativamente as taxas de triglicérides
e glicemia, e aumenta os níveis do bom colesterol (HDL,
ou lipoproteínas de alta densidade). Estes resultados foram
obtidos em 4 estudos com cerca de 6.600 pacientes e duplo-cego
(estudos nos quais nem os médicos e nem os pacientes sabem
quem está sendo tratado com o remédio ou o placebo)
, com duração de dois anos, realizados nos Estados
Unidos, Canadá, Austrália e alguns países
da Europa. Esses dados foram publicados recentemente nas revistas
Lancet e Journal de Pharmacie de Belgique.
Diferentemente
de outros medicamentos disponíveis no mercado para o tratamento
da hipercolesterolemia, doença caracterizada por altos
níveis de colesterol total e LDL no sangue, o Acomplia
é o primeiro de uma nova classe que age bloqueando receptores
denominados endocanabinóides 1. Esse receptor foi identificado
no cérebro por pesquisadores franceses em 1990 e está
associado com a regulação do metabolismo e do apetite.
Entretanto, tudo indica que a melhora promovida pelo rimonabant,
no que concerne aos fatores de riscos cardiovasculares, é
independente da perda de peso corporal. Sendo assim, esse medicamento
não é aconselhável para quem precisa, particularmente,
perder alguns quilos.
Além
disso, o grupo Sanofi-Aventis salienta que a principal atuação
do medicamento é na redução da obesidade
abdominal. A medida da circunferência abdominal é
considerada hoje pelos médicos, juntamente com o índice
de massa corpórea, um método eficaz para avaliar
o grau de risco de um indivíduo apresentar problemas cardiovasculares.
A avaliação da circunferência abdominal é
simples, basta utilizar uma fita métrica posicionada na
altura do umbigo. De acordo com o médico cardiologista
Marcelo Scarabucci, os parâmetros considerados normais para
a medida da circunferência abdominal no Brasil são
até 88 cm para as mulheres, e 104 cm para os homens. "A
tendência mundial é que estas medidas sejam reduzidas,
não podendo ultrapassar a 80 cm nas mulheres e 90 cm nos
homens", afirma Scarabucci.
Atualmente,
pacientes que apresentam potencial para desenvolver alguma doença
cardiovascular são tratados com o ácido nicotínico
(vitamina B1 ou niacina), usado para baixar os níveis de
colesterol total, LDL e triglicérides, além de aumentar
o HDL. Os resultados clínicos sugerem que o novo remédio
será mais eficaz do que o ácido nicotínico
existente no mercado para o aumento dos níveis de HDL.
De acordo com os estudo clínicos divulgados, os pacientes
apresentaram efeitos colaterais leves e transitórios como
náusea, diarréia, tontura e ansiedade, apenas nos
primeiros meses de tratamento. O Acomplia aguarda liberação
pelos órgãos reguladores Food and Drug Administration
(FDA), norte-americano, e European Agency for the Evaluation of
Medicinal Products (EMEA), para ser comercializado. A previsão
da Sanofi-Aventis é de que o medicamento chegue às
farmácias brasileiras em 2007.