Inova
Unicamp lança caderno com
propostas de parcerias
A
Agência de Inovação da Unicamp, Inova, lançou
em novembro o Caderno de Propostas de Projetos de Pesquisa para
Parceria, (C4P), um banco de dados contendo todos os projetos
apresentados por pesquisadores da Unicamp durante os workshops
de parceria, realizados a partir de meados de 2003. O diretor
executivo da Inova, Roberto Lotufo, explica que o caderno é
uma espécie de portifólio do que é produzido
na instituição, uma ferramenta que deve atrair empresas
para parcerias com a universidade. As informações
sobre os projetos podem ser obtidas no site
da Agência.
Estão
disponíveis para consulta os 107 projetos propostos durante
os eventos já realizados, segundo José Milani, assessor
técnico da Inova responsável pelos workshops. Desde
que o programa teve início, ocorreram 30 workshops, e atualmente
mais dois estão em andamento. Para Lotufo, um dos grandes
desafios a serem enfrentados é estabelecer projetos colaborativos
de pesquisa e desenvolvimento entre pesquisadores das empresas
e pesquisadores das universidades. Como a taxa de sucesso das
parcerias é baixa, afirma, o processo torna-se caro. Foi
com o intuito de aumentar o volume de parcerias de sucesso a baixo
custo que os workshops de parcerias surgiram, justifica.
O
diretor de parques tecnológicos e incubadoras de empresas
de base tecnológica da agência, Eduardo Grizendi,
explica que o C4P é mais um elemento facilitador para as
parcerias entre as empresas e a universidade. Por meio da ferramenta
de busca, os internautas poderão descobrir se a Unicamp
possui alguma competência em determinada área de
interesse deles. Grizendi enfatiza, entretanto, que nada substitui
o contato entre os pesquisadores e os empresários. "São
nos workshops de parceria que ocorre a real aproximação
entre a universidade e a empresa", diz. Mas de todo modo,
ele acredita que a nova ferramenta será útil para
atrair mais empresas para a instituição.
Workshops
de parceria
As empresas possuem demandas. A universidade gera tecnologias.
A função dos workshops de parceria é aproximar
esses dois agentes, conforme sintetiza Grizendi. Os workshops
são compostos por duas reuniões. Na primeira, a
empresa vai até a Unicamp para expor sua demanda aos pesquisadores
da instituição. "As empresas chegam até
nós querendo melhorar um produto ou processo e até
mesmo para conhecer quais são as novas tecnologias criadas
na área em que atuam", esclarece Milani.
Após
esse primeiro encontro, a Inova abre inscrições,
via eletrônica, para os pesquisadores apresentarem projetos
que possam ser de interesse da empresa. Com base nas propostas
enviadas, a Inova organiza um relatório de projetos para
a empresa. Na segunda reunião, os pesquisadores que enviaram
propostas vão até a firma apresentar os projetos
elaborados. Com a conclusão dessas etapas, a empresa seleciona
os trabalhos de interesse. "Normalmente a empresa e o pesquisador
responsável pelo trabalho escolhido iniciam uma negociação.
Um plano de custos e prazos é elaborado pelo pesquisador
com auxílio da Inova e repassado para a empresa",
conta Milani. Quando a negociação é concluída,
um convênio entre a Unicamp e a empresa é firmado.
Lotufo
acredita que esse encontro entre pesquisadores e empresas é
uma das grandes vantagens do processo. Os worshops, menciona,
por serem eventos abertos a todos os pesquisadores da instituição,
permitem verificar quais desses profissionais estão interessados
em parcerias universidade-empresa. Lotufo menciona ainda que os
worshops de parceria são "ambientes de discussão
de novas idéias e trazem para a Universidade os principais
desafios a que as empresas estão sujeitas".
Grizendi
declara que, na maioria dos casos, as tecnologias não estão
completamente de acordo com a demanda da empresa e que precisam
ser adaptadas, o que deve ser financiado pelas firmas, já
a partir de parceria estabelecida. "Uma das grandes vantagens
dos workshops de parceria para a instituição é
a atração de recursos privados para financiamento
dos projetos", afirma ele. Quem também ganha com isso
são os estudantes envolvidos nos trabalhos, que saem da
universidade mais preparados para o mercado e podem, até
mesmo, ser empregados nessas empresas parceiras, avalia Milani.
Grizendi menciona que o programa de workshops de parceria é
um trabalho com resultados a médio e a longo prazo. "Já
tivemos casos de empresas voltando para fechar as parcerias quase
um ano após a realização do workshop",
lembra.
Tecnologia
de reciclagem está em negociação
Em abril deste ano, a Cavo, empresa de gerenciamento de resíduos
e conservação ambiental, iniciou os contatos com
a Unicamp por meio de um workshop de parceria. "O interesse
da empresa era conhecer as novas tecnologias para tratamento de
resíduos industriais e hospitalares", conta o supervisor
de inteligência estratégica da empresa, Antônio
Carlos Januzzi. Ao todo, a Cavo recebeu 13 propostas de projetos
dos pesquisadores da Unicamp. Atualmente, explica Januzzi, o departamento
de pesquisas da empresa está analisando a viabilidade de
quatro propostas apresentadas.
Uma
das pesquisas que chamou a atenção da empresa foi
o processo de reciclagem do lodo galvânico. O lodo é
um efluente tóxico, que não pode ser jogado no ambiente
por ter em sua composição metais pesados como cobre,
zinco, níquel e cromo, conforme explica o professor do
Departamento de Engenharia de Materiais, da Faculdade de Engenharia
Mecânica da Unicamp, Rodnei Bertazzoli. Só o estado
de São Paulo produz 234 mil toneladas de resíduos
da indústria de galvanoplastia por mês.
A
técnica desenvolvida na Unicamp por Bertazzoli solubiliza
o lodo e passa a mistura por um reator eletroquímico cilíndrico.
Dentro desse cilindro acontece a separação dos metais
pesados (por meio de eletrólise), que são retirados
da solução na forma de cilindros metálicos
ocos. Segundo o pesquisador, 80% do lodo é metal e pode
ser reaproveitado. Os 20% restantes são substâncias
não tóxicas, afirma. Esses metais retirados do lodo
viram matérias-primas para produção de tubos
trefilados completando o processo. Esses tubos podem ser usados
na condução de água quente na construção
civil, aponta. Segundo o pesquisador, o reator cilíndrico
poderia funcionar em escala industrial em cerca de um ano. Para
isso a máquina deverá ser adaptada mantendo as proporções.
Mais
informações: Programa
Workshops de Parceria