Agência aponta
caminhos para utilização de tecnologias
A Agência de Inovação
da Universidade Estadual de Campinas, a Inova Unicamp, concluiu
em novembro a redação dos primeiros 20 relatórios
de investigação tecnológica, resultado de
um estudo de processos e produtos tecnológicos criados
por pesquisadores da universidade. O intuito das investigações
é levantar informações sobre a tecnologia,
desde o seu estágio de desenvolvimento até as condições
para sua colocação no mercado. A partir dessas informações,
será possível apontar a forma mais adequada de transferir
essa tecnologia para uso na sociedade.
O trabalho é fruto
do Programa de Investigação Tecnológica (PIT),
que teve início em maio de 2004, conforme esclarece seu
coordenador, Gâmel Eduardo Ayub. Na época, foi aberto
um edital para que o pesquisador interessado em ter a sua tecnologia
investigada a inscrevesse no programa. Foram selecionadas as primeiras
20 tecnologias a serem analisadas e outras quarenta escolhidas
entre as depositadas no banco de patentes da Inova. Um dos critérios
para essa segunda seleção foi o grau de desenvolvimento
da tecnologia. "Foram investigadas aquelas de maior potencial
de licenciamento", declara o diretor executivo da agência,
Roberto Lotufo. Esse segundo grupo de relatórios deve ser
concluído no início de 2006.
O PIT é um programa
que recebe apoio financeiro do Sebrae. Para cada tecnologia investigada,
o Sebrae repassa R$ 6 mil para a Unicamp. Esse recurso está
sendo utilizado para o pagamento de bolsas para os alunos envolvidos
no projeto, para serviços prestados à coordenação
e execução do projeto e para o treinamento dos alunos-bolsistas.
A Unicamp oferece uma contrapartida econômica de R$ 3 mil
para cada investigação, valor correspondente às
horas dedicadas pelo pesquisador criador da tecnologia sendo investigada.
Programa tem quatro
fases
O tutor dos bolsistas do PIT, Bruno Moreira, do Instituto Inovação,
responsável pela metodologia do programa, menciona que
a investigação tecnológica ocorre em quatro
fases. Na primeira fase é feita a caracterização
da tecnologia. O aluno analisa a patente e entrevista o professor
responsável pela tecnologia. “A idéia dessa
primeira fase é que os alunos consigam transformar a linguagem
dessa informação altamente especializada para vender
a tecnologia”, afirma Moreira. Na segunda fase, é
avaliado o grau de desenvolvimento em que ela se encontra. Na
terceira etapa, os alunos estudam o mercado no qual a tecnologia
poderá se inserir. Na quarta e última fase do trabalho,
é produzida a análise de viabilidade econômica
contendo custos, vantagens e desvantagens da tecnologia. Antes
do início dos trabalhos, os alunos passaram por treinamento,
onde aprenderam conteúdos relacionados com estudos de mercado,
conceitos sobre a área de administração e
economia. Atualmente, 29 alunos-bolsistas são responsáveis
pelas investigações.
Relatório gerado
visa facilitar a transferência da tecnologia
Ao final das quatro fases, um relatório confidencial é
produzido e repassado para o pesquisador que teve a tecnologia
investigada. Outra cópia é enviada para o Sebrae,
finaciador do projeto. O gerente da Unidade Organizacional e Acesso
à Tecnologia do Sebrae/SP, Marcelo Dini de Oliveira, enfatiza
que este é o primeiro programa do tipo financiado pelo
Sebrae. Ele aponta que a intenção é levantar
as possibilidades de investimento em produtos tecnológicos
para pequenas e micro-empresas. Após a conclusão
das 60 investigações, devem ser promovidas rodadas
de negociações para captar investidores ou parceiros
para transferir essas tecnologias.
Uma terceira cópia
do relatório gerado pelo PIT é repassada para a
Diretoria de Propriedade Intelectual e Desenvolvimento de Parcerias
da Inova, onde são negociados os licenciamentos dos produtos
criados pelos pesquisadores da Unicamp. A diretora de Propriedade
Intelectual e Desenvolvimento de Parcerias, Rosana Ceron Di Giorgio,
afirma que os relatórios são úteis para fornecer
embasamento aos agentes de negociação na hora de
firmar as parcerias e transferir as tecnologias geradas.
Dosador de íons
é um dos produtos com potencial de mercado
A tecnologia do dosador de íons foi uma das 20 já
investigadas pelo PIT. Trata-se de um aparelho desenvolvido nos
moldes dos atuais medidores da taxa de glicose do sangue, conforme
explica o criador da tecnologia, o pesquisador do Departamento
de Mecânica Computacional da Faculdade de Engenharia Mecânica
da Unicamp, Luiz Otávio Saraiva Ferreira.
O dosador de íons foi
desenvolvido para medir substâncias como sódio, potássio,
cloreto, cálcio, uréia, glicose e pH presentes no
sangue das pessoas. De acordo com o pesquisador, esses são
os sete exames mais solicitados pelos médicos aos pacientes.
Semelhante aos atuais exames de glicose, uma gota de sangue é
retirada e colocada um uma fita com reagentes químicos
e introduzida no dosador que faz a leitura. Em menos de um minuto,
as substâncias são analisadas e suas quantidades
listadas.
O aparelho é de fácil
uso e deverá ser manuseado por médicos em seus consultórios
ou em hospitais, evitando o deslocamento de pacientes acamados.
O pesquisador trabalha no protótipo desde 2001. Os últimos
ajustes estão sendo feitos e no próximo ano, o resultado
de testes convencionais serão comparados com os resultados
do dosador de íons. Após essa etapa, o aparelho
precisa ser regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa). Ferreira acredita que todos esses procedimentos
deverão ser concluídos até o final de 2007.
Leia
mais no site
do Programa de Investigação Tecnológica.