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Software auxilia portadores de baixa visão no uso do computador


O mercado de software preocupa-se, primordialmente em atender às necessidades de pessoas com visão normal ou mesmo com perda total de visão, para os quais são normalmente usados sintetizadores de voz, como o Dosvox, o Virtual Vision e o Jaws, que fazem a leitura da tela. “Os portadores de baixa visão são esquecidos”, lamenta Maria Betânia Bôer, pesquisadora do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied), ambos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) responsável pelo desenvolvimento de um programa pioneiro voltado para esse público. A nova ferramenta potencializa o resíduo visual dos portadores de baixa visão e dá maior autonomia para o seu uso.

São considerados portadores de baixa visão aqueles que enxergam entre 10% e 50% do que uma pessoa normal enxerga. Segundo Bôer, as pessoas desse grupo, em geral, não se distinguem facilmente daquelas consideradas cegas ou, dependendo do seu grau de percepção da luz, das que têm visão normal. Essa dificuldade de distinção pode trazer alguns problemas, como o baixo rendimento escolar por causa de ausência de ferramentas educacionais com indicação específica para esses casos.

A ferramenta desenvolvida pela pesquisadora feito em colaboração com o Instituto de Computação da universidade consiste em um software com recursos de desenho, pintura e escrita e tem como objetivo melhorar a visualização e o uso dos conteúdos em um monitor de computador a partir da ampliação da tela e do jogo de contrastes de cores. O software recebeu o nome de Quatro Estações, porque possui quatro diferentes configurações de cores, cada uma representando uma estação do ano. Para primavera, as cores são fundo amarelo, com caracteres pretos; no verão, as cores são preto e branco; no outono, vermelho e branco; e no inverno, azul e branco. De acordo com a Bôer, foram escolhidas as cores que melhor se adaptaram às dificuldades apresentadas pelos usuários portadores de baixa visão.

O Quatro Estações foi desenvolvido a partir de uma pesquisa de campo feita em duas escolas do interior de São Paulo voltadas para atendimento de alunos com necessidades especiais. Na Escola Especial da cidade de Araras, os testes avaliaram a ferramenta na prática e a cada resultado foram feitas novas alterações no programa, até a sua oitava versão. Os alunos usaram o software para criação de cenários e desenhos, reunidos em um livro também construído a partir da mesma ferramenta. Já na Associação de Deficientes de Fernandópolis, foi usada a última versão da ferramenta, para confirmar a sua qualidade e adequação às necessidades dos alunos de baixa visão.

Nessas escolas, o programa Quatro Estações foi usado em conjunto com uma mesa digitalizadora tablet (uma pequena plataforma que exerce a função de mouse) e a uma caneta especial, que permitiram a reprodução dos movimentos da caneta de forma ampliada na tela do computador. “Mas também é possível usar a ferramenta sem a mesa digitalizadora. É só substituir por um mouse”, afirma Maria Betânia Bôer. Ela afirma que o grande benefício verificado é que o software permite que o aluno trabalhe a uma distância razoável da tela do computador, ao invés de ter que aproximar muito os olhos do monitor, ou mesmo da caneta, para observar o que está desenhando ou escrevendo. “Ao forçar os olhos, o aluno pode piorar seu resíduo visual”, enfatiza.

De acordo com dados do último censo escolar do Ministério da Educação, no período de 1996 a 2000, a matrícula de alunos com algum tipo de deficiência visual na educação básica apresentou um aumento de 134,2%. Entretanto, ainda há falta de profissionais preparados para atender a esses alunos, e mesmo falta de ferramentas indicadas para certas especificidades. Dados do último censo realizado pelo IBGE em 2000 indicam que aproximadamente 9,8% da população brasileira possuía algum tipo de deficiência visual, índice muito acima do previsto pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que estima um número de portadores de deficiência visual entre 1% e 1,5% da população total de países em desenvolvimento.

Atualizado em 07/11/05
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