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Alunos de arquitetura aprendem em laboratórios remotos


Estudantes de arquitetura das três universidades estaduais paulistas participaram no mês de outubro de um curso a distância no qual tiveram a oportunidade de acessar laboratórios remotamente. O curso “Introdução ao Conforto Ambiental”, para o qual foram convidados, foi organizado pelo Laboratório de Ensino E-labora, da Unicamp, e faz parte do Tidia da Fapesp, um grande projeto de pesquisa com a finalidade de aperfeiçoar redes de comunicação virtual e seu uso didático.

A coordenadora do curso, Regina Ruschel, professora da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) da Unicamp, explica que dois laboratórios de acesso remoto foram construídos para atender aos alunos. Um deles faz a avaliação de desempenho do ambiente, ou seja, verifica sua acessibilidade e sua funcionalidade, e se o ambiente está sendo usado da melhor forma possível. O local avaliado foi o prédio de Engenharia Civil da Unicamp, onde foi posicionado um robô que os alunos podiam acessar de forma remota pela internet, fazendo com que ele caminhasse pelo prédio. As dificuldades de deslocamento eram registradas através de fotos e filme, feitos pelo robô através do comando dos alunos. Cada aluno viu um trecho diferente do prédio e as informações foram cruzadas para se obter a visão do todo do ambiente.

O segundo laboratório é de conforto térmico, e verifica a ventilação natural do ambiente. “É uma avaliação muito importante nas construções em locais de clima tropical”, ressalta Regina Ruschel. Para esse experimento, foi construída a maquete de uma casa inspirada em um projeto de residências populares da região de Campinas (SP). Essa maquete, de portas e janelas automatizadas, foi colocada em cima de um robô que permitiu um giro de 360 graus, cobrindo as oito principais orientações espaciais. Os pesquisadores também levaram em consideração a direção do vento predominante na região Sudeste. Para simular essa corrente, foi usado um secador de cabelo. Como no outro experimento, os alunos também acessaram o robô remotamente e podiam fazer várias combinações, movimentando o robô e abrindo e fechando as janelas. Em cima da maquete, uma câmera registrava tudo e o aluno conseguia ver o fluxo do vento e qual a melhor situação de ventilação natural. Com as fotos e filmes, os alunos avaliaram a melhor e pior orientação para o projeto da casa.

Ao longo de todo o curso, cada aluno foi responsável por desenvolver um projeto pessoal de conforto ambiental, e a proposta era analisar a situação de sua própria sala de estar. Além dos laboratórios, também foram produzidos outros materiais de apoio ao curso, como vídeos, slides de Power Point narrados pelos professores e arquivos PDF ilustrativos. A cada atividade, os alunos escreviam relatórios que eram compartilhados e comentados. “Nós entendemos os cursos a distância como um lugar de construção compartilhada do conhecimento”, afirma Fernanda Freire, do Núcleo de Informática Aplicada a Educação (NIED) da Unicamp, que participa do projeto. Segundo ela, para um aprendizado mais significativo, além de fazer as leituras e exercícios, o aluno deve ter a oportunidade de colocar em funcionamento aquilo que ele está aprendendo. “A relação entre teoria e prática é estreita”, explica.


Tendência
Uma das vantagens de se realizar experiências didáticas em laboratórios de forma remota, segundo a pesquisadora Ana Lúcia Harris, da FEC, é que muito mais alunos terão acesso às experiências. Regina Ruschel acrescenta que os experimentos fazem parte de uma nova tendência que vai fazer os professores aprenderem a aplicar a tecnologia no ensino. “Os laboratórios de acesso remoto sociabilizam recursos só existentes nos grandes centros de pesquisa. Ou seja, abrem uma oportunidade para muitos [estudantes] aprenderem”, comenta.

Ana Lúcia Harris destaca, entretanto, um fator que restringe o uso de laboratórios remotos no país. “Na rede atualmente disponível [a internet], ainda é complicado falar de uso de laboratórios remotos no Brasil, pois fica-se limitado a conexões instáveis e com pouca capacidade de suportar mídias um pouco mais pesadas”, explica. Segundo ela, com a disponibilização de uma rede mais potente, o uso de laboratórios remotos será mais comum, e será possível, então, se cumprir mais um passo no avanço do ensino: “O papel mais bonito das universidades é a universalização do conhecimento”, afirma.

O Laboratório de Ensino E-labora compreende pesquisadores do Núcleo de Informática Aplicada a Educação, da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação, do Instituto de Computação e da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, todos da Unicamp, além de pesquisadores do Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA), ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia.

Atualizado em 16/11/05
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