Estudo
mostra efeito positivo de anabolizantes sobre tendões musculares
Anabolizantes
não promovem somente o aumento da massa muscular: em combinação
com o exercício físico, podem estimular a produção
de colágeno e outras proteínas que compõem
os tendões. Uma equipe do Instituto de Biologia da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), liderada pela pesquisadora Maria
Alice da Cruz Höfling, verificou uma melhora nas propriedades
biomecânicas dos tendões musculares em camundongos,
após a administração, por via oral, de doses
fisiológicas do anabolizante mesterolona - vendido comercialmente
como Proviron - aliada com treinamento. Assim como os ossos, os
tendões representam componentes do músculo inextensíveis
(não se esticam) e servem como amortecedores das tensões
sofridas pelos músculos e ossos durante exercícios
físicos.
Os
esteróides anabolizantes são substâncias sintéticas
similares ao hormônio sexual testosterona e promovem o aumento
da massa muscular e de caracteres sexuais masculinos secundários.
Eles têm uso terapêutico exclusivo nos tratamento
de declínio da atividade física e da agilidade mental
em homens de idade avançada, infertilidade sexual masculina,
e em alguns casos de câncer e hipogonadismo (doença
que ocorre quando há uma diminuição dos níveis
de testosterona e afeta o crescimento de pêlos e barba pode
causar atrofia dos testículos ou pênis). Em casos
de superdosagem, os anabolizantes causam efeitos colaterais, como
problemas no fígado e rins, redução da função
sexual, aparecimento de acne, derrame cerebral e alterações
de comportamento, como aumento da agressividade e nervosismo.
Entretanto, é comum entre atletas, fisiculturistas e adolescentes
o uso dessas substâncias, principalmente nas formas injetáveis,
para aumentar o rendimento físico.
Apesar
da venda ser proibida sem a prescrição médica,
os anabolizantes são adquiridos facilmente em academias
de ginástica, farmácias veterinárias e sites
da internet. Em competições esportivas, os atletas
são submetidos a exames anti-doping. Quando o uso dessas
drogas é detectado, o usuário sofre punições,
sendo suspenso de suas atividades. Um exemplo da utilização
indiscriminada dessas drogas foi o caso que repercutiu em todo
país, em setembro do ano passado, de um grupo de adolescentes
de Goiás que, com o intuito de aumentar sua massa muscular,
teria consumido uma combinação de anabolizante e
complemento vitamínico, ambos de uso veterinário.
Devido à superdosagem utilizada, os seis jovens acabaram
sendo hospitalizados. Um deles morreu e outro permaneceu um período
considerável em coma.
A
fisioterapeuta Karina Fontana, uma das pesquisadoras da equipe
que realizou a pesquisa, explica que esse trabalho confirma os
resultados obtidos por outros estudos relacionados à ação
dos esteróides anabolizantes sobre os tendões. Karina
enfatiza, no entanto, que esses resultados devem ser vistos com
cautela, uma vez que sérios efeitos colaterais estão
associados ao uso dessas substâncias. "Anabolizantes
devem ser indicados apenas em casos específicos. Por exemplo,
em pacientes sarcopênicos [doença caracterizada pela
redução da massa muscular associada com o avanço
da idade], para melhorar o estado funcional do indivíduo",
adverte. O próximo passo da pesquisa consiste em avaliar
a ação da mesterolona sobre a morfologia do coração,
rins e fígado dos camundongos.
O
anti-doping no esporte
Doping é o uso de qualquer substância estranha
ou fisiológica que aumente artificialmente o desempenho
físico do atleta. O primeiro caso detectado por meio
de exames laboratoriais foi do ciclista Kurt Jansen, que
morreu durante uma prova de estrada nos Jogos Olímpicos
de Roma em 1960. A partir de 1968, nas Olimpíadas
do México, o Comitê Esportivo começou
a realizar os exames anti-doping nos competidores. De acordo
com o Comitê Olímpico Internacional (COI) e
a Federação Internacional de Associação
de Futebol (FIFA), os métodos proibidos considerados
como doping são: transfusão de sangue para
aumentar o transporte de glóbulos vermelhos, uso
de estimulantes, anfetaminas, narcóticos, esteróides
anabolizantes, hormônio de crescimento, beta-2 agonistas
e diuréticos e manipulação e adulteração
de exames de sangue e urina. O Comitê suspeita que
para as próximas Olimpíadas de Pequim, em
2008, o doping seja dificilmente detectado, pois poderá
feito por meio de manipulação genética
para aumentar o rendimento esportivo.
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