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Livro elege local de trabalho para combate a problemas nutricionais

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma nutrição adequada pode elevar os índices de produtividade de uma nação em até 20%, mas a realidade atual é que aproximadamente um bilhão de pessoas em todo o mundo são subnutridas. A OMS também aponta a deficiência em ferro – problema que afeta mais da metade da população mundial, especialmente em países subdesenvolvidos – como responsável pela diminuição em cerca de 30% na capacidade para trabalhos físicos. Dados como esses são o ponto de partida do livro Food at work: Workplace solutions for malnutrition, obesity and chronic diseases, do jornalista Christopher Wanjek, recém lançado pela Organização Internacional do Trabalho.

Mestre em saúde ambiental pela Escola Pública de Saúde de Harvard, Wanjek dedicou grande parte desse livro a uma série de estudos de caso sobre refeição de trabalhadores, que vão desde os refeitórios de grandes empresas até a alimentação fornecida por vendedores ambulantes próximos aos locais de trabalho. A parte inicial da publicação é dedicada a convencer governantes, empregadores e trabalhadores a se engajar em um programa alimentar apropriado a cada local de trabalho. Entre os argumentos apresentados estão os custos gerados aos cofres públicos por problemas causados pela má alimentação, como a obesidade, responsável por até 7% do gasto total dos países ricos com saúde. No caso das empresas, a tentativa de convencimento é pelo custo dos afastamentos de trabalhadores por problemas de saúde ou acidentes de trabalho decorrentes de fraqueza ou moral baixa provocadas por nutrição insuficiente, como a deficiência em ferro, causadora de uma perda da ordem de US$ 5 bilhões em produtividade somente nos países do sudeste asiático.

Ao eleger o local de trabalho como ambiente apropriado para a intervenção em problemas nutricionais, o autor do livro compara os riscos alimentares aos acidentes de trabalho em indústrias químicas ou na construção civil. “A nutrição é um problema de saúde e segurança ocupacional. Alimentos estragados podem ser tão fatais para a força de trabalho quanto vazamentos químicos, e a nutrição insatisfatória pode ser tão fatal quanto um degrau frágil de escada”, afirma Wanjek. Segundo ele, a intervenção nutricional no ambiente de trabalho é conveniente pelo fato de ser um local para onde os trabalhadores vão regularmente e por um longo período de tempo.

O primeiro caso em que essa intervenção pode ser feita é do refeitório de fábricas instaladas em locais afastados, onde geralmente o trabalhador não tem outra opção próxima para fazer sua refeição. O autor do livro critica os refeitórios que oferecem um almoço reforçado em grãos (como arroz e feijão) mas com pouca carne ou verduras e destaca aqueles que melhoraram a higiene e removeram completamente os alimentos que apresentam risco à saúde, mostrando ainda exemplos de empresas que oferecem refeições subsidiadas preparadas especialmente para combater deficiências nutricionais específicas. No caso de empregadores que queiram evitar o custo de manutenção dos refeitórios, se a empresa estiver próxima aos centros urbanos com diversas opções de restaurantes, uma alternativa bem vista por Wanjek são os vales refeição, comuns na Europa e na América do Sul. “O sistema de vale refeição do Brasil tem reduzido a má nutrição e aumentado a produtividade de forma acentuada”, avalia.

Outras opções que requerem menos investimento que os refeitórios são as cantinas – com mesas, cadeiras, proteção da chuva e do sol e um local para lavar as mãos antes de comer – e as copas – com algum meio para cozinhar ou aquecer alimentos (microondas, por exemplo) e para armazená-los (refrigerador e armário), além de uma pia para lavar a louça. “Apesar de simples, se mantidas apropriadamente, as cantinas e as copas podem incrementar as opções de refeição dos empregados e gerar um alto nível de conforto e conveniência”, observa.

Um dos capítulos do livro é dedicado aos pequenos estabelecimentos próximos ao local de trabalho, às máquinas com venda automática, aos alimentos voltados para encontros de negócio e eventos e aos vendedores ambulantes – em quem geralmente trabalhadores como os da construção civil confiam. “Geralmente, esse é um alimento de baixa qualidade consumido em condições indesejáveis, como à margem da pista ou em um lugar sujo da construção”, comenta. Segundo Wanjek, os empregadores podem melhorar as opções de refeição de seus empregados fornecendo aos vendedores ambulantes água fresca e limpa, caixas de isopor para acondicionar gelo, utensílios e outros itens que possam proporcionar alimentação segura, além de possibilitar que eles recebam treinamento em nutrição e alimentação segura.

Além de escrever livros como este, na área de saúde pública, Christopher Wanjek também trabalhou como colaborador do jornal Washington Post e atuou no Instituto de Tecnologia de Massachusetts e na Escola Pública de Saúde de Columbia. Atualmente, ele trabalha para a Agência Espacial Norte Americana (Nasa). Maiores informações sobre o livro podem ser obtidas no site da Organização Internacional do Trabalho.


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Segurança alimentar: um conceito em construção

Atualizado em 16/09/05
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