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Pesquisados da UFV estudam manejo de espécies silvestres


Explorar o potencial comercial da criação de animais silvestres, contribuir para a diversificação de renda dos produtores rurais e reduzir o impacto ambiental das atividades do campo. Esses são alguns dos objetivos das pesquisas envolvendo a conservação e o manejo de emas e pacas realizadas pelo Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV). A UFV desenvolve trabalhos nessa área desde o final da década de 90. Neste ano, os pesquisadores irão mostrar os resultados das pesquisas e trocar experiências durante o 1º Simpósio de Produção e Conservação de Animais Silvestres, que começou no dia 29 e segue até 1º de outubro, em Viçosa, MG.

Autores dos primeiros estudos sobre alimentos para emas, os pesquisadores da UFV lutam pela ampliação do número de trabalhos relacionados à fauna brasileira e, principalmente, de pesquisas que abordem o manejo e a conservação de espécies silvestres comercialmente importantes. Na opinião da professora Théa Machado, do Departamento de Zootecnia da UFV e coordenadora das pesquisas, há uma postura conservadora no Brasil em relação a esse tipo de pesquisa, o que dificulta a ampliação do número de trabalhos na área.

O pesquisador Reinaldo Lopes Morata, autor da dissertação de mestrado defendida em 2004 e intitulada "Valores energéticos e digestibilidade de nutrientes de alguns alimentos para ema", enfatiza que um número maior de pesquisas sobre a criação das espécies silvestres possibilitaria o aumento na rentabilidade obtida pelos produtores além da melhora no desempenho dos animais em cativeiro. "A intenção das nossas pesquisas é descobrir como manter os animais produtivos com o menor grau de estresse possível", afirma. Aline Conceição Almeida, também pesquisadora da UFV, salienta que a criação comercial de animais silvestres reflete em menor impacto ambiental do que grande parte das atividades realizadas no campo. Isto porque a criação silvestre exige a preservação de certas áreas de mata na propriedade enquanto que, para implantar uma lavoura de soja, há necessidade de se ter uma área limpa", compara.

Primeiras pesquisas

Desenvolvendo estudos sobre as emas, Morato descobriu que não existem dados que especifiquem qual é a alimentação mais adequada para esses animais. Por essa razão, essa alimentação é feita com base nas rações fornecidas para frangos e avestruzes. O pesquisador constatou que a ema realiza facilmente a digestão de fibras, produto cujo volume atual está entre 10% a 13% da alimentação fornecida. Segundo ele, como as fibras são uma matéria-prima barata, o percentual delas poderia ser aumentado na dieta das emas e, conseqüentemente, os custos de produção iriam cair. Da criação de emas são aproveitados, além de carne, as plumas e o couro dos animais podem ser comercializados.

Já as pesquisas com pacas tiveram início em 2003, devido ao interesse de Karine Viera Antunes, que dedicou sua monografia de conclusão de curso de zootecnia ao tema. Atualmente ela desenvolve uma pesquisa na qual investiga a variabilidade genética dos animais mantidos em cativeiro, evitando o cruzamento entre animais com parentesco para conservar a diversidade genética.

Além de pesquisadora, Karine é também criadora dessa espécie. Apesar de a maioria das criações de pacas estar voltada para a produção de carne, Karine atua no mercado fornecendo matrizes e reprodutores. Há 10 anos nessa atividade ela avalia que a criação é economicamente atrativa. Os últimos animais comercializados atingiram o preço de R$ 3 mil, por unidade.

Atualizado em 30/09/05
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