Zoneamento
agrícola de riscos climáticos aumenta racionalidade
da produção
O
aumento da produção agrícola depende de uma
racionalidade técnica e científica pesada. Um exemplo
dessa técnica é o zoneamento agrícola de
riscos climáticos, que possibilita uma orientação
ao produtor sobre os manejos e insumos mais indicados para cada
lugar e condição, e ainda oferece orientações
de períodos de plantio por município. Com isso,
evita-se oscilações bruscas nos preços e
abastecimento dos produtos.“Basicamente, o zoneamento agrícola
oferece ao produtor a indicação sobre o quê
plantar, como, quando e onde”, afirma o pesquisador Fabiano
Biudes, do Instituto de Geociências da Unicamp.
Biudes,
que defendeu seu mestrado no final de agosto, trouxe uma análise
geográfica sobre as implicações do zoneamento
agrícola de riscos climáticos. Sua pesquisa, intitulada
Tecnologias da Informação e Novos usos do território
Brasileiro, uma análise a partir do zoneamento agrícola
de riscos climáticos da soja teve como objetivo central
analisar os propósitos e as implicações do
zoneamento agrícola de riscos climáticos da soja
- que responde por 50% do total da área plantada com grãos
no Brasil - por meio das políticas de créditos e
seguro agrícolas e da reorganização no uso
e regulação do território. O pesquisador
escolheu trabalhar com soja devido a uma série de fatores:
“Trata-se de um produto da base alimentar tanto animal quanto
humana, é uma commodity altamente rentável,
tem um potencial futuro grande de novos usos e ainda há
uma demanda crescente no mercado internacional”, explica.
De
acordo com uma notícia
publicada pelo IBGE também em agosto, com exceção
da região Sul (por causa da chuva), as demais macroregiões
do Brasil terão aumento na produção de grãos
em 2005. As estimativas apontam para um crescimento de 0,50% da
área plantada com grãos no Brasil, somando 48 milhões
de hectares. Os produtos campeões em área plantada
são a soja, com 23 milhões de hectares e o milho
com 8,7 milhões. Juntos, esses dois produtos representam
76% da produção brasileira de grãos.
A
notícia do IBGE ainda traz as descrições
de quanto cada região participa na produção
de grãos e quanto vai ser os acréscimos para 2005.
A região Norte, responsável por 60% da produção
de grãos aumentará sua produção em
14,77%. Já as regiões Sudeste e Centro-Oeste que
são responsáveis por 16,07 e 37,15% aumentarão
3,39% e 5,46%, respectivamente. A grande produção
de grãos na região Centro-Oeste é, conforme
defende Biudes, devido aos recursos técnicos científicos
empregados e um comportamento climático mais detalhado
e estável.
De
acordo com Biudes, o sucesso da produção de soja
no Centro Oeste deve-se ao zoneamento agrícola, que permitiu
a reorganização territorial produtiva. “O
detalhamento do conhecimento do lugar aliado a um desenvolvimento
mais amplo das culturas, inclui alguns lugares e exclui outros
do circuito espacial produtivo, conforme pode ser notado com a
reorientação da soja, migrando do Sul do país
rumo ao Centro-Oeste”, finaliza.
O zoneamento agrícola surgiu, em caráter experimental,
a partir de uma parceria entre o Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento (MAPA) e o Banco Central do Brasil,
agente financeiro fundamental para ajudar a legitimar e disseminar
o programa. Para o desenvolvimento do programa foi feita uma parceria
entre a Embrapa e algumas importantes instituições
ligadas à questão agrícola, tais como o Centro
de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas
a Agricultura (Cepagri) da Unicamp e a Empresa de Pesquisa Agropecuária
e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri-SC), que juntas
configuram a rede nacional de agrometeorologia. Atualmente, pelo
menos 80% das informações do zoneamento agrícola
oferecidas ao produtor são bem sucedidas.