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Cientistas encontram o que seria o décimo planeta


Uma equipe de pesquisadores liderada por Mike Brown, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, acaba de encontrar um objeto maior que Plutão no cinturão de Kuiper.
Atualmente distante da Terra 97 unidades astronômicas, isto é, 97 vezes a distância entre Terra e Sol, composto em grande parte de gelo e rochas, o 2003 UB313 seria o mais distante objeto conhecido do Sistema Solar. Ou mesmo, segundo alguns, o último planeta.

Brown e seus colegas Chad Trujillo do Observatório Gemini, em Mauna Kea, Havaí, e David Rabinowitz, da Universidade de Yale em New Haven, já o haviam fotografado em outubro de 2003, pelo Telescópio Samuel Oschin de 48 polegadas do Observatório de Palomar, próximo a San Diego, na Califórnia. No entanto, o “planeta” estava tão distante, que só foi detectado quando o grupo voltou a analisar os dados obtidos nas observações em janeiro deste ano. Nos últimos meses, eles vêm estudando o objeto, que está mais próximo, na constelação de Cetus, para estimar melhor seu tamanho e o grau com que reflete a luz do Sol que atinge sua superfície.

“Ninguém nunca observou um objeto tão distante”, afirma Rabinowitz. “Pela primeira vez, estamos usando um grande telescópio e uma grande câmera digital para procurar planetas distantes por todo o céu do hemisfério norte”, conta. Segundo o pesquisador, a própria construção da câmera representa uma grande conquista, resultado de um esforço coletivo do Departamento de Física da Universidade Yale e da Universidade de Indiana em Bloomington. Batizada de Palomar-Quest é uma das maiores câmeras digitais do mundo (160 Megs). “Em combinação com a óptica especial para campos amplos [ou special wide-field optics, em inglês] do Telescópio Samuel Oschin Schmidt de 48 polegadas no Observatório Palomar, podemos investigar o hemisfério norte inteiro de maneira mais eficiente do que qualquer outro faria”, diz.

Previsto pelo astrônomo holandês Gerard Peter Kuiper na década de 1950, o cinturão é composto por asteróides e, provavelmente, representa um remanescente da nuvem de poeira e gás que deu origem ao sistema solar. Em 1992, sua existência foi confirmada por David Jewitt e Jane Luu, de Mauna Kea, Havaí. Desde então, foram encontrados centenas de objetos ditos “transnetunianos”, ou seja, que estão localizados depois de Netuno. Todos os que haviam sido medidos até agora são menores que Plutão, que só é considerado um planeta porque foi classificado deste modo quando sua existência foi confirmada pelo astrônomo Clyde Tombaugh em 1930. Mas o novo objeto, ainda sem nome, é maior, e reaviva a polêmica em torno do conceito. Há duas possibilidades: Plutão deixar de ser considerado um planeta, passando a ser reconhecido como um grande objeto do cinturão, ou o novo objeto deverá ser considerado o décimo planeta descoberto no Sistema Solar.

O astrônomo David Jewitt, da Universidade do Havaí, co-descobridor do cinturão, discorda: “Um planeta? Não. Trata-se de um objeto do cinturão de Kuiper como todos os outros, sendo somente um pouco maior”. Para ele, só existe tanta confusão porque o conceito de planeta não foi adequadamente definido. Rabinowitz, por sua vez, prefere ser inclusivo. “Chamo até pequenos asteróides de ‘planetas menores’, mas acreditamos que mesmo Plutão e nosso novo objeto sejam remanescentes da formação do Sistema Solar, quando os planetas maiores ainda estavam se constituindo”. Ele especula ainda que objetos como Plutão e o 2003 UB313 provavelmente dominaram tanto a porção mais externa quanto a mais interna do Sistema Solar. “No interior do Sistema Solar, eles colidiram para formar os planetas maiores. Mas, com freqüência maior, eles foram expelidos do interior do sistema por colisões próximas com os planetas maiores”, explica.

Rabinowitz acredita que, como a equipe ainda não observou todo o hemisfério norte, é possível que outros objetos do tipo sejam encontrados. Ele lembra que mais importante do que a descoberta do novo “planeta” está na máxima distância que os cientistas ainda conseguem detectá-lo e enfatiza que se a busca for repetida durante um intervalo de tempo maior seria possível observar objetos mais distantes. “Isso aumentaria significativamente o volume de nossa busca. Então, acho que é muito provável encontrarmos mais objetos como esse, talvez maiores”, opina.

O estudo desses “fósseis” da formação do sistema solar é de grande interesse. “Conhecendo sua composição e história orbital, determinamos as condições existentes no tempo em que os maiores planetas se formaram”, conta Rabinowitz, que acredita ser esta a chave para entender a evolução dos planetas em torno do Sol e em volta de outras estrelas.

 

Atualizado em 05/08/05
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