Obra
reúne dados mais completos da flora paulista dos últimos
100 anos
Mapear, identificar e classificar a vegetação do
estado de
São Paulo, num país que detém a flora mais
biodiversa do mundo, é a tarefa do projeto Flora Fanerogâmica
do estado de São Paulo, que lançou seu quarto volume
no último dia 10 de agosto na sede da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O novo volume traz o mapeamento de mais 33 famílias e 475
espécies que produzem flores, chegando, em 11 anos de estudo,
à identificação de 1832 espécies em
todo o território paulista.
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Ilustração
de Rogério Lupo, demonstrando algumas espécies
de fanerógamas brasileiras. |
A
pesquisa Flora Fanerogâmica do estado de São
Paulo é o levantamento botânico mais recente no Brasil.
Até então, os botânicos recorriam à
Flora brasiliensis, publicada entre 1840 e 1906, de autoria
do naturalista alemão Carolus Fridericus Philip von Martus
auxiliado por mais 65 especialistas. Ainda hoje, este estudo centenário
é a principal referência para os que estudam plantas
brasileiras, com seus 46 volumes, onde estão descritas
22767 espécies de plantas com 3811 imagens ilustrativas.
A
versão paulista da Flora brasiliensis já
é o maior levantamento da flora do estado de São
Paulo, feito que deverá levar vários anos antes
de ser concluído, mesmo contando com os esforços
dos 226 colaboradores atuais, pertencentes a 49 instituições
de 7 países. Dentre as instituições participantes
estão o Instituto de Botânica, o Instituto Florestal,
o Missouri Botanical Garden e o Conservatoire Et
Jardin Botaniques Genève. Seu primeiro volume foi
publicado em 2001, seguido pelos volume 2 e 3, lançados
respectivamente em 2002 e 2003, disponibilizando para a comunidade
científica descrições de 83 famílias
e 1357 espécies.
Para
Maria das Graças Lapa Wanderley, pesquisadora do Instituto
de Botânica de São Paulo e uma das coordenadoras
do projeto, a pesquisa enriqueceu as coleções botânicas
dos herbários contribuindo com cerca de 20 mil amostras
e também propiciou a formação de novos taxonomistas.
A pesquisadora acredita que as descrições, chaves
de identificações, ilustrações e informações
sobre a distribuição geográfica da flora
do estado contribuirão para qualquer estudo na área
da botânica, uma vez que os dados são fundamentais
para o diagnóstico florístico dos diferentes biomas
e estudos de diversas áreas ligadas à botânica
como a preservação ambiental. “Com o conhecimento
das espécies ocorrentes em uma determinada área
e da distribuição geográfica das mesmas,
podem ser propostas medidas de conservação”,
diz Maria das Graças Wanderley. Desde 1994, o estudo desenvolve
projetos estratégicos de preservação que
permitem o conhecimento das espécies em extinção,
além de incentivar novas pesquisas em botânica e
áreas afins.