Evento
apresenta aplicações da nanotecnologia
em vários setores industriais
O Brasil tem trabalhos importantes em nanociência e nanotecnologia
– áreas que estudam aquilo que está em escala
nanométrica (um bilhão de vezes menor do que o metro)
- e boa parte destes trabalhos pode ser aplicada em diversos setores
industriais. É isso que mostra a Nanotec 2005, que começou
no dia 05 e segue até o dia 08, em São Paulo. O
evento reúne, em uma exposição, cerca de
100 soluções em nanotecnologia desenvolvidas em
universidades, institutos de pesquisas e em empresas do país.
Além disso, a Nanotec promove paralelamente o Congresso
Internacional de Nanotecnologia, que conta com mais de 50 especialistas
para discutir a área.
De
acordo com Petrus Santa Cruz, coordenador do Departamento de Química
Fundamental da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), grande
parte das pesquisas em nanociência no Brasil possui aplicações,
mas precisam de uma empresa que incorpore a tecnologia e faça
com que ela entre no mercado. No caso da UFPE, as pesquisas em
nanociência, comercializadas no setor privado, renderam
seis patentes só no ano passado. Uma delas é referente
ao “Nanodosímetro de Radiação UV”,
dispositivo que mede a radiação solar recebida por
uma pessoa em um determinado período de tempo. De acordo
com Cruz, o equipamento foi desenvolvido para os trabalhadores
que ficam expostos ao sol como, por exemplo, aqueles que trabalham
em plataformas de petróleo. “Apontando a radiação
recebida, o nanodosímetro pode prevenir o câncer
de pele e problemas de vista como a catarata”, acredita
o pesquisador. Todos os estudos em nanociência da universidade
pernambucana têm aplicações na área
de saúde ou na área ambiental.
Um
dos destaques da Expo – pelo menos o mais comentado pelos
corredores – é o resultado de um trabalho em rede,
realizado pela USP de São Carlos e pela Embrapa Instrumentação
Agropecuária. Trata-se da “língua-eletrônica”,
um dispositivo capaz de diferenciar padrões de paladar
(salgado, doce, amargo e azedo) com até mil vezes mais
precisão que a língua humana (leia matéria
sobre esta e outras pesquisas com nanotecnologia). O dispositivo,
que ainda está na fase de protótipo de desenvolvimento,
deve ser usado no controle de qualidade de bebidas, no controle
ambiental (detectando, por exemplo, a presença de metais
pesados em um ambiente) e para classificação de
bebidas como vinho, café e leite.
Outro
trabalho de destaque, também da Embrapa Instrumentação
Agropecuária, junto com a Embrapa Recursos Genéticos,
é a detecção de proteínas de origem
animal em rações destinadas a mamíferos,
por meio da nanotecnologia. Para se realizar o trabalho, é
utilizado um aparelho denominado “espectrômetros de
massa”. O objetivo é evitar a propagação
de doenças como o mal da vaca louca (encefalopatia espongioforme
bovina).
Além
das universidades e dos institutos, a Expo reune ainda empresas
de base tecnológica que prestam serviços de pesquisa
para o desenvolvimento, por exemplo, de produtos farmacêuticos,
cosméticos e biotecnológicos. Uma delas é
a Nanocore, que utiliza a nanotecnologia para desenvolver sistemas
de liberação gradual de fármacos. Outros
setores industriais também estiveram presentes no evento.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira
da Indústria do Plástico (Abiplast), Mercheg Cachum,
a nanotecnologia, por meio da manipulação de átomos
e moléculas, pode trazer bons ventos ao setor: “Alguns
resultados já são do nosso conhecimento, como plásticos
mais leves e resistentes, polímeros com maior resistência
térmica, tintas com partículas de cerâmica
a prova de riscos etc”, conta.
De
acordo com a organização do evento, em 2004 os investimentos
internacionais em nanotecnologia foram de US$ 75 bilhões
e a perspectiva é que, em 2015, esse montante chegue a
um trilhão de euros. No Brasil, aproximadamente R$ 30 milhões
foram investidos em nanociência e nanotecnologia no ano
passado.
Leia mais:
-
Reportagem
da ComCiência sobre nanotecnologia