Universidades
gaúchas celebram centenário de Erico Verissimo
Com obras traduzidas para 15 línguas em vários países,
o gaúcho Erico Verissimo é um dos mais consagrados
escritores da literatura brasileira e um autor bastante estudado
nos centros de pesquisa do país em Teoria Literária.
Ele nasceu em 1905, em Cruz Alta (RS), e seu centenário
está sendo celebrado tanto pelo meio literário quanto
pelo meio acadêmico, especialmente por trabalhos de divulgação
organizados pela universidade de sua cidade natal e pelo Centro
de Memória Literária da PUC-RS, que organiza uma
exposição sobre o autor de 9 a 17 de julho.
As
celebrações acadêmicas começaram em
2003, quando a Universidade de Cruz Alta lançou o projeto
“Erico Verissimo: resgate da trajetória cultural
do filho ilustre de Cruz Alta no limiar dos 100 anos de seu nascimento”.
O site
do projeto, além de conter uma breve biografia do autor
e a síntese de 20 dos seus principais livros, tem uma galeria
de fotos, relaciona trabalhos acadêmicos e publicações
sobre Erico Verissimo e apresenta informações sobre
o Museu que leva o nome do escritor e foi criado na casa onde
ele nasceu. Através do site, é possível fazer
uma visita virtual às salas Antares e Tonio Santiago do
Museu Erico Verissimo, em Cruz Alta.
Em
abril deste ano, o escritor também foi homenageado em um
colóquio coordenado por Antonio Honlfeldt, do Programa
de Pós-Graduação em Comunicação
Social da PUC-RS, durante o III Encontro Nacional de História
da Mídia promovido pela Rede Alfredo de Carvalho em Novo
Hamburgo (RS). Com o tema “Erico Verissimo: do Jornalismo
à Literatura”, o colóquio relembrou as facetas
de profissional de mídia desse célebre gaúcho,
que além de escritor, trabalhou na Revista Globo e na Editora
Globo e foi fundador da Associação Riograndense
de Imprensa.
Em
maio, foi a vez da XII Bienal Internacional do Livro do Rio de
Janeiro reservar uma seção nobre em homenagem ao
autor, com a presença do filho dele, o também escritor
Luiz Fernando Verissimo, e de especialistas em sua obra, como
Flávio Loureiro Chaves, da Universidade de Caxias do Sul
(RS). Segundo esse pesquisador, Verissimo teria logrado inserir
na crônica provincial de O tempo e o vento uma
visão da história que seria uma dialética
entre o transitório e o permanente.
Uma
das principais homenagens do ano, no entanto, acontece neste mês
de julho, no Museu de Artes do Rio Grande do Sul. Com origem no
meio acadêmico, mas voltada para o grande público,
a exposição “Erico Verissimo: Retratos da
Vida Inteira” é composta por diversos módulos,
entre eles “Erico por Ele Mesmo”, dedicada à
sua vida privada, “Repercussão Internacional”,
sobre a presença de Erico nos cinco continentes através
de suas viagens e das traduções de seus livros,
e “Memória Visual”, com fotos do escritor da
década de 70. O módulo que mais chama a atenção
nessa exposição organizada pelo Centro de Memória
Literária da PUC-RS é “Na Oficina do Dr. Frankenstein”
– alcunha criada pelo próprio Erico Verissimo –
sobre os processos de criação de seus romances,
com destaque para O Tempo e o Vento.
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Érico
Veríssimo (Divulgação) |
“O
enfoque principal de Erico quanto à criação
é o trabalho do inconsciente. Este é um aspecto
que ele insistia em salientar àqueles que lhe indagavam
sobre como se escreve um romance”, afirma Maria da Glória
Bordini, diretora do Acervo
Literário Erico Verissimo, entidade gerenciada pelo
Centro de Memória Literária. “Para Erico,
o trabalho criativo supõe um adestramento das energias
psíquicas, que concentra esforços e impulsos. Por
outro lado, esse esforço disciplinado não pode esterelizar
o prazer da autodescoberta durante a criação, prazer
que se transforma, na troca do produto criado [o livro], em intercâmbio
com o outro, o leitor”, completa a pesquisadora da PUC-RS,
que também é uma das organizadoras de um CD-ROM
que está sendo produzido sobre Erico Verissimo.