Conselho
de pesquisa britânico quer artigos científicos com livre acesso
Se o assunto for publicação de artigo em revistas indexadas inglesas,
a conversa será polêmica. Isso porque Conselho de Pesquisa Britânico
apresentou recentemente uma política que determina o livre acesso de todos
os artigos científicos que divulgam resultados de pesquisas realizadas
com recursos públicos, ou seja, devem estar disponíveis em sites
abertos da internet. Apesar dos elogios que a proposta recebeu, alguns cientistas
estão preocupados e acreditam que a política prejudique os periódicos
científicos, uma vez que muitos suspenderiam as assinaturas e, com isso,
poderia colocar em risco as sociedades científicas.
A
informação foi divulgada na última edição
da revista britânica Nature, uma das mais influentes
publicações científicas do mundo e, certamente,
uma das interessadas pelo debate. De acordo com a publicação,
os artigos das revistas indexadas inglesas deverão ser
colocados em arquivos públicos na internet logo após
a publicação na revista indexada. A idéia
se assemelha à biblioteca científica eletrônica
Scielo (Scientific
Eletronic Library Online), que permite o livre acesso a 134
periódicos nacionais, além de outros de países
como o Chile, Cuba e Espanha.
Na
Inglaterra, a expectativa é que a consulta a esses arquivos abertos se
torne uma "rotina regular" entre os pesquisadores britânicos.
A campanha para que os resultados de pesquisa sejam veiculados de graça
atingiu vários Estados ingleses e incluiu até anúncios na
televisão. Conforme informa a Nature, os defensores do livre-acesso
comemoraram a política, que eles consideram estar dentro das "regras"
do Conselho Britânico - o maior fomentador de pesquisas públicas
da Inglaterra.
Além
de uma possível fragilização da academia
com os artigos livres, a maior preocupação é
que as bibliotecas - maiores "consumidores" dos periódicos
científicos - cancelem as assinaturas, principalmente dos
periódicos menores (menos influentes) e daqueles que publicam
poucas edições no ano. Atualmente, grande parte
dos artigos científicos só pode ser consultada mediante
o pagamento de assinaturas que somente instituições
de pesquisa - a maioria pública - podem pagar. A assinatura
anual da Nature, por exemplo, custa US$ 174 (aproximadamente
R$ 435). No Brasil, as revistas científicas indexadas nacionais
também são cobradas e os preços das assinaturas
variam por área e por periodicidade (mensal ou anual).
As assinaturas dessas revistas costumam ter descontos para estudantes
que chegam a 50%.
Os
membros do Conselho de Pesquisa Britânico, no entanto, não
estão inflexíveis. No ano passado, o texto da política
já sofreu uma mudança crucial, o que reduziu o poder
dos supostos "arquivos-abertos". A última versão
determina que os artigos serão disponibilizados apenas
sob a autorização do periódico científico
que o veiculou. Além disso, ficou determinado que o arquivo
não estará em domínio público (ou
seja, os artigos não podem ser reproduzidos sem autorização).
A política proposta pelo Conselho ainda deve ser ajustada
e a expectativa é que a versão final seja veiculada
até julho. Até lá, espera-se que ainda aconteçam
mudanças significativas antes da aprovação
final.