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UnB quer recuperar imagem arranhada por fraudes em concurso do Cespe


Trinta funcionários do Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe), instituição ligada à Universidade de Brasília (UnB) e responsável pelos principais concursos públicos do país - como os da Petrobras e do Banco do Brasil - começaram a ser ouvidos no dia 02 de junho pela Polícia Civil do Distrito Federal, que ainda investiga as fraudes no concurso para agente penitenciário federal realizado no dia 22 de maio. Os docentes da UnB sentiram a imagem da instituição arranhada pela suspeita de que dois funcionários do Cespe estariam envolvidos no esquema de fraude e pela prisão de Mauro Rabelo, diretor do Centro e professor da UnB, no dia 28, com base em uma denúncia posteriormente desmentida.

Em uma mega operação conjunta da Polícia Civil e da Polícia Federal, intitulada "Galileu", foram feitas 48 prisões no Distrito Federal e nove em Mato Grosso, no dia 22 de maio, a maioria, nos locais onde estava sendo realizado o concurso para agente penitenciário que o Ministério da Justiça promoveu para preencher as vagas que serão criadas com a construção de presídios federais em Mato Grosso e no Paraná. Segundo o diretor-geral da Polícia Civil, Laerte Bessa, o esquema especializado em roubar gabaritos e passar respostas para candidatos era comandado por 23 pessoas, sendo o técnico do Tribunal de Justiça do DF, Hélio Garcia Ortiz, apontado como o líder.

A detenção de Ortiz, no dia da prova, desencadeou depoimentos que levaram à prisão do professor da UnB e diretor do Cespe. Segundo o líder do esquema, Carlimi Argenta de Oliveira, esposa do ex-funcionário da gráfica do Cespe, Fernando Leonardo Oliveira Araújo - também envolvido no esquema -, seria o elo de ligação entre os fraudadores e a instituição responsável pelo concurso. Com base no depoimento dela, a Polícia Civil interceptou na noite de sábado, dia 28 de maio, às 23h30, o carro do reitor da UnB, Lauro Morhy, e retirou Mauro Rabelo, que o acompanhava, com um mandado de prisão temporária contra ele. Carlimi voltou atrás em seu depoimento, e Rabelo foi liberado em menos de oito horas após a detenção. Em função do episódio, seus colegas da universidade clamam por uma retratação pública e um desagravo. "O ato de agressão não foi contra o professor Mauro Rabelo, nem contra o reitor Lauro Morhy. A grandeza destes dois colegas é superior a este ato! A agressão foi contra a Instituição ao Estado de Direito", afirma Sylvio Quezado, Decano de Extensão da UnB.

"Como é que se acolhe uma acusação que parte de uma pessoa confessadamente envolvida com fraudes contra um docente de uma instituição como a UnB, com mais de 10 anos de casa e que possui endereço permanente, filhos regularmente matriculados em escolas da cidade?", questiona o Decano. "Como podem ser divulgados para a imprensa supostos fatos que difamam e caluniam a vida pessoal de um cidadão como nosso colega preso, sem que se tenha absoluta certeza de que são verdadeiros? Onde está a ética deste procedimento?", continua. Quezado espera que a desaprovação a esse ato não se restrinja aos docentes da UnB, mas ganhe a adesão do governador e do secretário de Segurança do DF e das bancadas distritais e federais de deputados e senadores de Brasília. "A UnB não pode ficar maculada por este ato de agressão. O silêncio de autoridades será o aval à ausência de ética, ao abuso de poder e à desmoralização de um ente de Estado", completa.

De acordo com Romilda Macarini, diretora geral do Cespe, 45 dias antes das primeiras prisões, a instituição, em conjunto com autoridades da Polícia Federal, tomou conhecimento de possibilidade de fraude no concurso do dia 22 e, juntas, adotaram providências para coibi-las. "O órgão [Cespe] mantém convênio permanente com a Polícia Federal, para dar maior segurança ao processo de aplicação das provas e eliminar as possibilidades de fraudes", afirma. O concurso para agente penitenciário, previsto, a princípio, para ser realizado em abril, foi adiado, para que fossem feitas as investigações e a Polícia Civil pudesse montar a ação de aprisionamentos.

"Tentativas de fraudes em concursos públicos são freqüentes em todo o país. A venda de supostos gabaritos e de falsas promessas de vagas garantidas é prática recorrente de pessoas inescrupulosas, que tentam, a qualquer preço, obter vantagens de forma ilícita", diz Macarini. Segundo a diretora geral, desde a sua criação, o Cespe adota medidas de segurança para coibir qualquer tipo de tentativa de fraude nos concursos que realiza. "A operação, que culminou com a prisão de vários candidatos no dia 22 de maio é, também, resultado desse esforço. No passado, essa mesma quadrilha já foi detectada e presa, enganando pessoas e tentando fraudar concurso, sem êxito", conta.

Atualizado em 08/06/05
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