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Fapesp lança indicadores de C&T
e encabeça tendência nacional


Nos países desenvolvidos é um consenso que os indicadores de ciência e tecnologia são essenciais para nortear a formulação de políticas públicas. Apesar da importância desses dados, o Brasil está longe de possuir uma tradição em publicações de dados de C&T. E é exatamente isso que a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) está tentando mudar com a nova publicação de Indicadores de ciência, tecnologia e inovação em São Paulo, lançado no último dia 10. A iniciativa levou à discussão para dentro do Fórum das Fundações de Amparo à Pesquisa (Faps), que pensam na possibilidade de formular indicadores em cada Estado.

A publicação refere-se aos dados de 1998 a 2002, por meio de informações obtidas por instituições especializadas em Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) no estado de São Paulo, no país e em diversos países. Entre os pontos de destaque estão os dados sobre pesquisa e desenvolvimento (P&D) no setor privado. Já na introdução da obra, o presidente da Fapesp, Carlos Vogt, ressalta que atualmente cabe às empresas transformar conhecimento em riqueza, e não mais às universidades - daí a necessidade de que exista cada vez mais atividade de P&D no setor privado para gerar inovação e aumentar a competitividade nacional no mercado internacional. A preocupação com a inovação tecnológica na Fapesp é nítida. De acordo com os indicadores, em 1998 a Fundação gastava 2,5% do seu orçamento em inovação e, em 2002, subiu para 13%.

Regina Gusmão, coordenadora do trabalho, explica que dados sobre P&D em empresas são recentes no Brasil. "Apenas em 2000, os dados de pesquisa nas empresas tornaram-se disponíveis por meio da Pintec [Pesquisa Industrial-Inovação Tecnológica], realizada pelo IBGE", conta. Essas informações dão conta que aproximadamente 11% das empresas estudadas possuem atividade de P&D. Dessas, 45,5% estão no estado de São Paulo. Na indústria paulista, os maiores gastos em P&D estão concentrados na fabricação de produtos químicos (16,5%), veículos automotores (15,6%), material eletrônico (12,2%) e outros equipamentos de transporte (11,9%).

Outro ponto de destaque são os indicadores do setor de tecnologia de informação e comunicação (TICs) e de redes digitais, presentes pela primeira vez no trabalho. É recente a mensuração da difusão e dos impactos da TICs no Brasil, o que é considerado significativo na estruturação de amplos e variados domínios da vida social, econômica e política. A estimativa é que existam hoje mais de 2 bilhões de pessoas conectadas na rede mundial de computadores. Neste cenário, o Brasil aparece em oitavo em termos de domínios (endereços registrados na internet) e o terceiro na América Latina. No país, existe ainda uma grande concentração das TICs por região: 44% da receita total do país no setor de indústria e serviços de TICs estão no estado de São Paulo e 42% do pessoal com ocupação no setor também fica no Estado, o que revela uma irregular distribuição dessas tecnologias pelo país. Além disso, São Paulo também possui o maior número de domínios na internet: são 4 para cada mil habitantes, enquanto grande parte dos Estados da região Norte e Nordeste fica com uma média de 0,1 a 0,4.

Continuidade
Regina Gusmão afirma que a idéia é que os Indicadores de C,T & I em São Paulo mantenha uma periodicidade de 3 anos, tempo necessário para coletar e processar os dados vindos de 24 fontes nacionais e 16 internacionais, muitas delas com processamento e metodologias diferentes, que precisam ser padronizadas serem comparadas.

"Só a Fapesp produz esse tipo de trabalho no Brasil e conta com uma colaboração nacional. Há uma preocupação cada vez maior do MCT [Ministério de Ciência e Tecnologia] relacionada à publicação de indicadores", ressalta Gusmão. Em 2003, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em uma iniciativa nacional pioneira, publicou Indicadores de Ciência e Tecnologia e Inovação no Brasil (Editora da Unicamp) que reúne, entre outros, dados sobre dispêndios em C&T, produção científica, números sobre a pós-graduação e pesquisa na universidade, recursos humanos e patentes.

A edição está dividida em dois volumes. O primeiro reúne 12 capítulos que analisam os recursos humanos e dispêndios em C,T&I no Estado (indicadores de insumos), a produção científica e tecnológica do Estado e a inovação na indústria paulista (indicadores de produto) e os indicadores de impactos socioeconômicos e culturais de C&T em setores específicos, como o de saúde e o de tecnologias da informação. Já o segundo volume é uma compilação de dados referentes aos 12 capítulos.

Atualizado em 12/05/05
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