MEC
finaliza novo fundo voltado
para a educação básica
O Ministério da Educação (MEC) anunciou, no último
dia 12, que encaminhou à Casa Civil a versão final do projeto de
criação Fundo Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e Valorização dos Profissionais em Educação
(Fundeb). Antiga promessa de campanha do governo Lula, o novo fundo visa suprir
a falta de recursos para investimentos nos ensinos infantil, fundamental e médio.
Marcado por um histórico de divergências com o Ministério
da Fazenda, o projeto ainda tem que passar por duas votações na
Câmara e no Senado, com aprovação de três quintos dos
membros de cada Casa, já que envolve uma emenda constitucional que altera
a vinculação orçamentária dos recursos da União
para a Educação.
Se
for aprovado, o Fundeb deve substituir o atual Fundef, o Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e valorização do Magistério,
restrito ao ensino de primeira a oitava série. Segundo Zacarias Pereira
Borges, professor da Faculdade de Educação da Unicamp, o Fundef
representou um avanço para o Ensino Público, pois obrigou os municípios
brasileiros a criarem uma estrutura dentro das suas Secretarias da Educação
para controlar as matrículas e as atividades das Escolas Municipais. O
pesquisador explica que, embora a legislação obrigasse todos os
municípios a investirem 25% do seu orçamento em educação,
antes do Fundef não havia instrumentos para fiscalizar esta aplicação.
"Com o Fundef, 15% do orçamento dos municípios passaram a ser
retidos pela União e só liberados mediante a comprovação
das matrículas dos alunos no Ensino Fundamental", explica. Tal medida
gerou o fenômeno da "municipalização" do Ensino
Fundamental, aumento do número de matrículas e diminuição
da evasão escolar.
O
professor esclarece que, no entanto, o Fundef precisa ser aperfeiçoado
para evitar fraudes e resolver problemas históricos, como
a defasagem salarial e as deterioradas condições
de trabalho do professor do ensino público. Sobre o Fundeb,
que deve expandir a experiência para o Ensino Infantil e
Médio, Borges afirma que é uma meta audaciosa, mas
o grande obstáculo está justamente na dificuldade
de obtenção de recursos que viabilizem a proposta.
Segundo
o MEC, os atuais R$ 740 milhões investidos atualmente pela
União no Fundef serão substituídos, já
no primeiro ano da existência do Fundeb, por R$ 1,9 bilhão.
O recurso complementar para esta expansão deverá
vir, em primeiro lugar, da incorporação de outros
programas educacionais que passarão a fazer parte do Fundeb
- como os destinados a Educação de Jovens e Adultos
e repasses dos específicos para ensino médio feito
aos Estados- somando cerca de R$ 1,6 bilhão. Completariam
esta soma - e aí está o primeiro ponto polêmico
- cerca de R$ 300 milhões oriundos de cortes de gastos
do governo federal em outras áreas.
Nos
anos seguintes, o investimento seria crescente até atingir,
em quatro anos, cerca de R$ 4,3 bilhões em 2009. Para atingir
tal objetivo, deve ser aprovada uma emenda constitucional que
aumenta a vinculação dos recursos para a educação
no orçamento geral da União. Este segundo ponto
também é controverso não apenas porque a
tramitação no Congresso Nacional pode se estender,
mas porque setores da área econômica já manifestaram
discordância em relação à proposta,
fazendo com que ela tivesse que ser reformulada pelo MEC pelo
menos duas vezes.
Leia
mais:
-
Propostas de recursos da Educação polemizam prioridades do governo
-
Ministério da Educação lança conjunto de medidas voltadas
para o ensino básico