Notícias da Semana

Notícias Anteriores

Eventos
Abril

Maio
Junho
Julho

Divulgue
seu evento


 

Palmeira real australiana é alternativa para consumo sustentável de palmito


Estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) avaliou a qualidade para industrialização do palmito retirado da palmeira real australiana e constatou que as características sensoriais (relativas ao paladar) e para industrialização desse palmito são muito semelhantes as das espécies jussara e açaí, mais consumidas pelos brasileiros. Ao contrário da atividade extrativista-predatória, geralmente utilizada para retirada dessas palmeiras, o cultivo da palmeira real australiana pode reduzir danos ambientais e os riscos para a saúde, oriundos da extração na mata e processamento do palmito em instalações precárias.

Cultivo de palmeira real australiana da fazenda do Instituto Agronômico de Ubatuba (SP). Palmeiras com mais de 4 anos de cultivo.

Para Shirley Berbari, pesquisadora do Ital e uma das coordenadoras do estudo, a industrialização de palmito no Brasil sempre foi muito problemática e possibilitou a formação de uma "cadeia produtiva toda errada, com uma prática do extrativismo sem nenhum tipo de controle nas matas". Além da preocupação ambiental, caso o palmito não seja processado com base em controles tecnológicos, pode trazer problemas à saúde humana, como o botulismo, provocado por uma bactéria patogênica (Clostridium botulinum) que se desenvolve em conservas alimentícias. "Como a tecnologia para o processamento do palmito na forma de conserva é relativamente simples, o produto acaba sendo processado em condições precárias, sem nenhum tipo de cuidado higiênico sanitário", afirmou a pesquisadora.

Atualmente, mercados internacionais, como o europeu, não vêem a extração de palmito nativo com bons olhos, mas Berbari acredita que "a organização da cadeia produtiva do palmito começando pelo cultivo da matéria prima, passando do extrativismo para o cultivo, trará uma melhora muito grande na qualidade do produto". Outra vantagem é o aumento da capacidade de extração: colheita a cada quatro anos de cultivo na palmeira australiana contra uma média de sete anos nas outras espécies.

O Brasil é hoje o quarto exportador mundial de palmito em conserva, depois de perder mercado para Peru, Equador e Venezuela. Apesar de ainda ocupar uma posição importante, a maior parte da produção nacional é destinada ao mercado interno. Por isso, a importância de alternativas de espécies cultiváveis como a palmeira real que têm características sensoriais muito próximas a das outras espécies aceitas pelo paladar do brasileiro. "A palmeira australiana era utilizada no Brasil praticamente apenas para ornamentação. Hoje já existem alguns cultivos no sul do país para retirada do palmito", conta a pesquisadora.

É bom lembrar que as posições de destaque no mercado mundial e grande consumo interno foram possíveis através do extrativismo da palmeira jussara da Mata Atlântica, que após 40 anos de extração foi quase extinta. Cada árvore de palmital cortada demora em média sete anos para crescer e rende apenas um vidro de 300 gramas de palmito. A retirada da jussara passou a ser considerada crime ambiental, o que ainda não ocorre para o açaí, predominantemente retirado da Mata Amazônica e da Ilha do Marajó (Pará). "A viabilidade para o cultivo e extração de palmito de tipos diferentes dos nativos como a palmeira real australiana busca justamente evitar a devastação das nossas matas, como já ocorreu na Mata Atlântica e agora está ocorrendo na Amazônica", enfatizou.

Também faz parte do projeto desenvolvido pelo Ital a criação de novos produtos para agregar valor às partes do palmito que não são comercializadas em toletes em conserva tradicionais. Entre eles, estão sendo desenvolvidos recheios prontos para consumo para tortas e pastéis e uma sopa. "Esses produtos eram vendidos a baixo custo e agora poderão ser usados para fazer produtos por maior valor agregados e já processados", afirma Berbari.

Faltam ainda estudos relacionados à melhoria no cultivo e rendimento da palmeira real para viabilizar a produção em escala industrial. "Mas, do ponto de vista de industrialização e das características sensoriais, o palmito da palmeira real australiana se mostrou totalmente adequado", conclui.

Atualizado em 20/04/05
http://www.comciencia.br
contato@comciencia.br

© 2001
SBPC/Labjor

Brasil