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Apesar de abstratos, temas como nanotecnologia devem estar nas exposições


O desenvolvimento e as aplicações da nanotecnologia têm sido vistos como uma grande promessa tecnológica para este século. Assunto incipiente e atraente, a tecnologia em nano escala tem elementos de interesse de sobra, mas também desafios, para fazer parte das exposições de centros e museus de ciências. "A nanotecnologia é um desafio para sermos mais criativos", afirmou Julia Tagüeña, diretora do Museu Universum do México, que conta com uma exibição sobre o tema. Ela se reuniu com especialistas no último dia 11, durante o IV Congresso Mundial de Centros e Museus de Ciências, no Rio de Janeiro, para debater a importância do tema para o público. Atualmente, poucos ousaram levar a nanotecnologia aos museus.

Entre as dificuldades de se abordar essa tecnologia está justamente sua escala nanométrica, difícil de ser imaginada. Com infindáveis usos previstos nas ciências de materiais, da vida, engenharia da computação e outras, a idéia de solução para as necessidades básicas do ser humano costuma ser mais freqüente do que os possíveis riscos desta tecnologia, como o de toxicidade no corpo humano, efeitos no meio ambiente, implicações econômicas da corrida por patentes, modificação nos quadros de carreiras e possível desemprego, privacidade, entre outros.

Alguns museus já possuem exibições sobre nanotecnologia, como o de Berkeley (EUA), Boston (EUA), Tóquio (Japão), México, Londres (Inglaterra) e Campinas (Brasil). No caso brasileiro, a opção encontrada foi tratar do tema de forma interativa, através da participação do público - principalmente de jovens com idades de 9 a 13 anos - em quatro jogos eletrônicos que o leva a competir e a cooperar, como ocorre no mundo acadêmico. Marcelo Knobel, presidente da Comissão de Implantação do Museu e físico da Unicamp (uma das instituições executora do projeto), acredita que entre as dificuldades de se preparar atividades para estudantes sobre o tema é trabalhar os professores para lidarem com os questionamentos posteriores. Para tanto, a equipe da NanoAventura preparou um material e treinamento voltado para que esses profissionais saibam lidar com a nanotecnologia em sala de aula. "É importante levar para as crianças um conceito que não é usualmente discutido em sala de aula. Além disso usamos a nanotecnologia como meio de incitar a criatividade e mostrar que a matéria é constituída por átomos", afirma Knobel.

Já o Museu Universum, ligado à Universidade Nacional do México e dirigido por Tagüeña, optou por tratar do tema através da física quântica, embora muitos apostem que essa abordagem, por um tema ainda mais abstrato, seja um desafio ainda maior. De acordo com a diretora do museu mexicano não é preciso entender o conceito quântico para trabalhar com a nanoescala, mas sim para entender o conceito de nanotecnologia, ou seja, como ela foi idealizada e desenvolvida.

Nenhuma das exposições latino-americanas aborda as questões relativas aos riscos da tecnologia nanométrica. Julia Tagüeña acredita que, pior do que o risco das exibições contribuírem para a mistificação de que a nanotecnologia é panacéia para todos os problemas da humanidade (de comunicação à saúde, de novos materiais ao controle social), é ficar de fora da discussão. Neste processo, a participação da comunidade científica é fundamental, como no caso dos museus de ciências brasileiro e mexicano.

Atualizado em 15/04/05
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