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Rede de informações que conecta laboratórios
de São Paulo é inaugurada


Imagine uma internet exclusivamente voltada à geração e difusão de conhecimento, mais segura e mais rápida do que as atuais. Longe de ser apenas uma fantasia, essa internet está sendo desenvolvida e implantada no Brasil, mais precisamente, no estado de São Paulo. Trata-se do projeto KyaTera, cuja cerimônia inaugural ocorreu na semana passada, dia 14 de abril, na Unicamp. A rede gigantesca, tradução da palavra tupi-guarani "kya" (que significa rede de pesca) e do vocábulo grego "tera", interliga laboratórios públicos e privados por meio de fibras ópticas para possibilitar uma troca de informações diferenciada. Coordenado pelo professor do Instituto de Física da Unicamp, Hugo Fragnito, o projeto envolve centros de pesquisa de excelência de oito cidades do estado de São Paulo.

Na inauguração, foram iluminadas as fibras que interconectam a Unicamp, a PUC-Campinas, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) de Campinas e a USP de São Paulo. As metas da primeira fase do projeto, a ser concluída ainda neste ano, incluem também a cidade de São Carlos. Nas seguintes etapas, Santos, Bauru, Rio Claro, São José dos Campos e Riberão Preto serão incorporadas à rede. As equipes de 600 pesquisadores e estudantes já foram selecionadas pela Fapesp, que financia o projeto, para integrar o trabalho.

Os coordenadores de laboratórios envolvidos, os representantes de empresas parceiras e as autoridades presentes puderam assistir, na inauguração, a uma demonstração do potencial da rede. Um experimento de óptica que envolveu dois laboratórios da Unicamp mostrou o que é o tesbed - plataforma de testes - e, ao mesmo tempo, como funcionam os WebLabs - nome dado aos centros de pesquisa do KyaTera. Os WebLabs são interligados por fibras ópticas, formando a rede estável, enquanto os tesbed são formados por outras fibras do KyaTera, funcionando como objeto de estudo, o que permite provar as possibilidades e limitações da internet avançada sem incomodar os usuários.

Cada WebLab tem acesso às duas aplicações principais da rede: as videoconferências e os experimentos remotamente controlados. Por exemplo, um pesquisador da área de engenharia de São Paulo pode, por meio de seu computador, acessar um instrumento que fica em Campinas, solicitar uma medição e ver os resultados. Usando os recursos das videoconferências, um estudioso da apicultura pode assistir ao vivo a um experimento com abelhas reais que está sendo feito numa cidade distante. Assim, a infra-estrutura dos laboratórios é compartilhada e se amplia o acesso aos recursos existentes, beneficiando, inclusive, grupos de pesquisa que não teriam condições financeiras de instalar os instrumentos em seus centros.

Maior capacidade

A grande capacidade da rede KyaTera possibilita a troca de arquivos que, na Internet comum, seria impossível intercambiar. No campo da medicina, por exemplo, existem imagens rotantes em três dimensões que são muito pesadas, exemplificou o coordenador do KyaTera na inauguração.

Como a rede Kyatera tem fibras ópticas próprias, ela não depende da largura de banda oferecida pelos servidores. Sua capacidade e velocidade são potencialmente ilimitadas. Enquanto a velocidade das redes convencionais nunca ultrapassa os dez gigabits por segundo (Gb/s), na rede do projeto as informações trafegarão, inicialmente, a 320 Gb/s. A intenção, porém, é de se trabalhar na escala dos terabits. Um gigabit equivale a um bilhão de bits. O terabit é igual a mil Gb.

Os pesquisadores envolvidos no projeto ressaltaram ainda que a KyaTera funcionará também como base de operações de dois projetos do programa da Fapesp Tidia, ao qual pertence. A capacidade da rede vai permitir sua utilização para o E-learning, projeto de ensino via internet, e para o Incubadora Virtual, que visa à criação de conteúdos digitais de interesse acadêmico, tecnológico ou social.

Durante a cerimônia, foi assinado um protocolo de intenções entre a Unicamp e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, em inglês) em que as partes se dispuseram a trabalhar em colaboração. O diálogo com a comunidade científica internacional foi elogiado pelo reitor da Unicamp, Carlos Henrique de Brito Cruz, que está saindo da Reitoria da Unicamp e em breve assumirá a Diretoria Científica da Fapesp. De acordo com ele, o KyaTera reúne o atendimento a necessidades locais e a competitividade científica internacional indispensável para que um projeto perdure na atualidade.

 

Atualizado em 18/04/05
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