Relatório
denuncia política decepcionante de Lula em relação
à questão indígena
O
governo atual mantêm a mesma atuação de governos
anteriores ao privar os indígenas de terras necessárias
para sua sobrevivência , estimulando violações
de seus direitos humanos. Esse é um dos apontamentos do
relatório da Anistia Internacional (mais conhecida organização
não-governamental internacional) denominado Brasil-
Estrangeiros em Nosso Próprio País, lançado
em 30 de março. O documento confirma a política
decepcionante do presidente Lula em relação aos
índios e denuncia a constante impunidade quanto à
violência e assassinatos cometidos contra as comunidades
indígenas.
Na
campanha eleitoral de 2002, o PT - um partido geralmente visto
como aliado do movimento indígena - apresentou o programa
Compromisso com os Povos Indígenas do Brasil, em
que propunha estratégias para a resolução
das questões indígenas. "A política
indigenista do governo brasileiro nas últimas décadas
requer profundas mudanças para que possa responder aos
anseios dos povos indígenas e da comunidade brasileira
como um todo", descrevia o programa. O relatório denuncia
que, mesmo após decorrido mais da metade do mandato, ainda
não existe uma política clara e uma estratégia
coerente para tentar resolver os problemas que assolam os índios
brasileiros. A Anistia ressalta a necessidade de o governo cumprir
suas promessas eleitorais e respeitar suas obrigações
internacionais, caso contrário, o aumento da violência
será irreversível.
De
acordo com dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
apresentados no relatório, em 2003 a violência aumentou
consideravelmente e totalizou 23 assassinatos de índios,
a maioria ligados a questão da terra. No início
do mesmo ano, o líder Guarani-Kaiowá, Marcos Verón,
foi espancado até a morte na frente de seus familiares
por resistir a expulsão de sua terra ancestral no Mato
Grosso do Sul, onde hoje está enterrado. A falta de terras
dos Guarani-Kaiowá, aliás, é apontada como
responsável por problemas socioeconômicos estruturais
recentes, como alta mortalidade infantil, alcoolismo e suicídio.
Desde o início do ano até o presente, 17 índios
Guarani-Kaiowá já morreram de desnutrição
em Dourados, também no Mato Grosso do Sul.
Para
a Anistia, a falta de punição da violência
àqueles que executaram os ataques e assassinatos no passado
foram o alicerce da violência que ocorre no presente. Um
exemplo disso é um ataque a 100 índios Tikuna, a
comando de um madeireiro em 1988. Na ocasião, foram assassinados
14 índios, entre eles 6 crianças. A condenação,
em 2001, do mandante do crime representava uma esperança
de vitória contra a impunidade, mas em outubro de 2004
o Tribunal Federal revogou a sentença do comandante do
crime e diminuiu a punição dos demais envolvidos
no massacre.
O
documento denuncia ainda a demora no processo de demarcação
de terra devido a falhas administrativas da Fundação
Nacional do Índio (Funai). A demarcação visa
assegurar aos índios o direito ao usufruto autônomo
de seu território e, após demarcado o território,
cabe ao Estado defendê-lo de qualquer tipo de invasão,
o que, conforme consta no Relatório, não acontece.
Em
uma carta lançada à imprensa pela Funai, no dia
seguinte ao lançamento do relatório, o órgão
responde às críticas da Anistia Internacional afirmando
que reconhece os crônicos problemas que permeiam a questão
indígena, mas que vem trabalhando para, junto com os índios,
sanarem problemas como o acesso a terra, pobreza, violência,
entre outros.
Atualmente,
o Brasil possui cerca de 345 mil índios, vivendo em aldeias
espalhadas entre 215 sociedades indígenas, de acordo com
dados da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Fora de aldeias, estima-se que existam entre 100 e 190 mil, inclusive
em áreas urbanas. Estima-se que na época da colonização,
cerca de 4 milhões de índios habitavam o país.
Leia
íntegra
do Relatório
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