Estudo
sobre exposição a pesticidas
com crianças é interrompido
No
dia 08 de abril, a Agência de Proteção Ambiental
dos Estados Unidos (EPA, sigla em inglês) interrompeu um
estudo sobre os efeitos de pesticidas em crianças e bebês,
lançado pela própria agência no ano de 2004.
O objetivo do estudo, segundo um memorando
da agência, era o de coletar dados em Jacksonville,
no estado da Flórida (EUA), sobre a exposição
de crianças, com idade entre 3 meses e 3 anos, a pesticidas
e substâncias químicas que podem ser encontradas
nos ambientes típicos das casas. O estudo, segundo documentos
disponíveis no site da EPA, deveria fazer uma análise
comparativa entre crianças expostas e não expostas
ao uso de pesticidas para melhorar a avaliação e
o gerenciamento de riscos.
A
pesquisa gerou inúmeras controvérsias, entre outros
motivos, porque os folhetos de divulgação do programa
de pesquisa - chamado Children's Environmental Exposure Research
Study-Cheers - ofereciam, entre outras coisas, US$ 970, uma
filmadora e uma camiseta para os pais cujas crianças ou
bebês estivessem expostos a esse tipo de pesticida e completassem
dois anos participando do estudo. Os atuais documentos oferecidos
pela agência norte-americana em seu site contêm defesas
a essas críticas, seja com relação a compensação
monetária ou ao possível incentivo ao uso de pesticidas
caseiros nas residências dos voluntários.
A
ONG Aliança para Proteção da Pesquisa Humana
(AHRP,
sigla em inglês) é um dos grupos que vem contestando
a pesquisa com o argumento de que o experimento não só
colocava crianças na condição de animais
de laboratório, como também as expunha a substâncias
que a própria EPA reconhecia como prejudiciais à
saúde. Além disso, a AHRP denuncia a relação
obscura entre financiamentos oriundos da indústria química
e farmacêutica e agências governamentais, cientistas
e instituições acadêmicas. O
alerta baseava-se na ajuda de financiamento para o estudo
de 2 milhões de dólares, provenientes do Conselho
Norte-Americano de Química, entidade representante da indústria
química.
O
aviso de interrupção do estudo, disponível
no site
da EPA, anuncia que o estudo será enviado para revisão
externa e independente, a partir da qual será feito um
relatório, a ser entregue ainda este ano, que dará
subsídios para a agência reavaliar do estudo.