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Brasil já tem primeiro posto com biodiesel, mas ainda é preciso diminuir custos

Foi inaugurado no mês passado em Belo Horizonte (MG) a primeira bomba de combustível comercial de venda de biodiesel. Apesar das diversas vantagens na utilização de um combustível de fonte vegetal, por ser uma fonte de energia renovável, ainda existem desafios importantes para serem resolvidos antes de sua comercialização em grande escala, envolvendo principalmente formas de diminuir o custo. Segundo a Associação da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), o preço médio ao consumidor final do diesel no estado de São Paulo é de R$ 1,45 e o biodiesel de soja pode variar de R$1,25 a R$1,76.

O biodisel é uma fonte de energia obtida a partir de óleos vegetais após realização de processo químico (transesterificação), que gera como sub-produtos a glicerina e biomassa residual. Ele pode ser utilizado não apenas como combustível para veículos, mas também para geração de energia elétrica ou em caldeiras industriais. Vários óleos podem ser usados para obtenção de biodiesel como o de palma (dendê), soja, babaçu, amendoim, girassol e algodão. Pode-se também usar o chamado óleo residual ou de fritura, que é normalmente descartado.

Para discutir esses e outros assuntos referentes ao uso de biocombustíveis, foi realizado no último dia 31 na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) o Seminário Álcool e Biodiesel. Durante o evento, representantes de projetos de utilização de biodiesel da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) e do Instituto de Química da Unicamp e do Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio) da Universidade de São Paulo (USP) apontaram as diversas vantagens na utilização de um combustível de fonte vegetal tão diversificada como o biodiesel. Entre elas, a independência com relação ao petróleo e suas oscilações de preço, produção de baixa poluição, maior flexibilidade de produção, entre outras. "No caso do biodiesel, não existe porcentagem de adição indicada. Ele pode ser utilizado conforme o mercado demandar", afirmou Antônio José da Silva Maciel coordenador do projeto de Biodiesel da Feagri.

A tecnologia para obtenção do combustível vegetal vem sendo estudada já há algum tempo em centros de pesquisa brasileiros e o próprio governo federal tem buscado incentivar sua utilização e consumo. Em 2003, o Governo Federal criou o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel e, em janeiro deste ano, sancionou a Lei 11.097 que determina que, até 2008, todo óleo diesel consumido no Brasil deverá conter 2% de biodiesel. É o chamado Projeto B2, que resultará em uma economia de US$ 160 milhões ao ano, em relação ao diesel importado.

Mas, existem algumas limitações para implementação de projetos como o B2 que envolvem questões como necessidade de algumas adaptações tecnológicas, escolhas importantes sobre a forma de implementação e medidas que diminuam os custos de produção. A utilização de óleo residual ou de fritura para produzir biodiesel foi apontada como uma das alternativas para diminuir os custos, já que o material é normalmente descartado. Mesmo assim, existem custos para a coleta e redução da acidez desse óleo, para que possa ser transformado em biodiesel. "A utilização do óleo residual também diminui o impacto ambiental ocasionado pelo descarte do óleo geralmente em esgotos que provoca entupimento da rede, proliferação de animais transmissores de doenças, além da poluição da água", explicou Maciel.

O óleo residual seria a solução mais adequada para a produção de combustível vegetal em grandes cidades. Já no caso do campo ou interior, a obtenção do diesel através de sementes de oleoginosas, como a palma, seria mais recomendada. "O biodiesel no Brasil não pode ter uma solução globalizada. Temos que possuir várias soluções tecnológicas viáveis que possam ser usadas em regiões diferentes", completou o coordenador do projeto de Biodiesel da Unicamp.

O biodiesel já é uma realidade, de acordo com Ulf Schuchardt, do Instituto de Química da Unicamp. A questão agora é de se fazer uma implementação de forma racional evitando problemas com transporte ou enganos, como o de utilizar esse combustível onde haja outras fontes de energia mais viáveis. "O biodiesel brasileiro ainda não está bem adaptado para utilização em veículos - mas está para geração de energia - e, de maneira geral, ainda é mais caro que o diesel comum", ponderou o químico.

A Unicamp pretende, já a partir do segundo semestre desse ano, implementar um projeto de coleta de óleo residual, produção e utilização do biodiesel em sua frota de veículos e caldeiras.

Leia mais:
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Atualizado em 06/04/05
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