Entidades cobram construção de depósito
de lixo radioativo
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Crédito:
Bruno Buys
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A
prefeitura municipal de Angra dos Reis, o Instituto Brasileiro do
Meio-Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
representantes da Eletronuclear/MME, da Comissão Nacional
de Energia Nuclear (CNEN), de ONGs e da população
residente nas imediações das usinas nucleares de Angra
I e II reuniram-se na quarta feira (28), para discutirem a construção
de um terceiro Depósito Intermediário de Rejeito Radioativos
(DIRR). A cobrança das entidades, porém, foi mais
forte para a construção de um depósito definitivo,
como é previsto em lei.
Há,
atualmente, dois outros depósitos intermediários.
Um, mais antigo, está com sua capacidade completa e o outro
teve parte de sua capacidade embargada pela prefeitura de Angra.
Segundo Sylvia de Souza Chada, chefe do escritório regional
do Ibama em Angra dos Reis, a construção do terceiro
depósito é urgente, por questões de segurança.
Ele explica que a audiência pública é uma parte
do processo de licenciamento. "Agora as partes envolvidas têm
15 dias para enviarem suas manifestações e documentos
para a divisão de licenciamento do Ibama em Brasília,
para que o Instituto dê seu parecer final referente a construção
da unidade três".
A
área de construção do depósito III será
nas imediações dos depósitos I e II, na própria
região da usina. Isso evita o transporte dos rejeitos radioativos
para fora dos limites da central nuclear, facilitando o controle
e tornando a operação mais segura para as comunidades
vizinhas e o meio ambiente. Além disso, toda a infra-estrutura
viária necessária para o transporte dos rejeitos nas
unidades I e II já se encontra implantada, o que diminui
os custos.
José
Rafael Ribeiro, da ONG Sociedade Angrense de Proteção
Ecológica (Sapê), afirma que sua entidade é
favorável à construção do terceiro depósito,
apesar de posicionar-se contrariamente à geração
de energia nuclear. "Pior que ter os depósitos é
ter o lixo mal armazenado", acrescenta ele.
Ribeiro
afirma que a Sapê, durante a audiência, preocupou-se
em cobrar da Eletronuclear e da CNEN a construção
de um depósito definitivo, questionando também aos
consultores da agência se a cidade de Angra dos Reis tem condições
de abrigá-lo. A assessoria de comunicação da
CNEN informou que a construção de um depósito
final para os rejeitos radioativos é o assunto que exige
mais atenção do que atualmente vem recebendo.
Não
existe ainda uma definição do local aonde deverá
ser construído um depositário nacional de rejeitos
radioativos. O maior problema, segundo a assessoria da CNEN, é
o fato de não haver uma ação coordenada entre
os estados (SP, RJ e MG) para abrigar o depósito final. A
assessoria ainda afirma que pela lógica, a região
sudeste deverá ser a escolhida, por ser o pólo produtor
desse tipo de rejeito. Mineradoras, institutos de pesquisa, centros
médico, além das usinas de Angra dos Reis, são
os grandes produtores de lixo nuclear no Brasil.
Conforme
consta no Relatório
de Impacto Ambiental (RIMA) da Unidade III do depósito
intermediário, está prevista para 2009 a construção
do depósito final .
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