Ambulatório oferece exame para detectar tumores de origem
hereditária
O
Ambulatório de Oncologia do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da USP está organizando o Ambulatório
de Aconselhamento Genético para pacientes com histórico
de câncer na família. Lá eles passarão
por entrevistas e testes de rastreamento genético para descobrir
se a doença dos familiares é de origem hereditária
e quais as chances deles desenvolverem um tumor. "Existe benefício
para o sujeito, seja na forma de alívio quando se descarta
o fator genético, seja na forma de indicação
de medidas preventivas no caso de estarmos frente a um portador
de predisposição genética", explica Miriam
Honda Federico, chefe do serviço de Oncologia do Hospital
das Clínicas da USP.
O
trabalho será iniciado com um grupo de três famílias
que além do acompanhamento clínico farão testes
sanguíneos para sequenciamento genético onde se determinam
marcadores ou genes com mutações. Se uma mulher possui
mutações nos genes BRCA 1 e BRCA 2, por exemplo, ela
tem uma chance que varia entre 50% a 80% de desenvolver um câncer
de mama ao longo da vida. Este fator pode determinar que esta mulher
faça exames preventivos (ultra-sonografia e mamografia) antes
da idade recomendada para a maioria das mulheres.
Segundo
dados da Sociedade Brasileira de Mastologia, em 65% dos casos o
câncer de mama é descoberto já num estágio
avançado da doença o que agrava a situação
e causa danos físicos e psicológicos às pacientes.
Com o aconselhamento genético este quadro pode ser melhorado.
O
sequenciamento genético pode indicar se uma pessoa tem predisposição
a desenvolver o câncer através da identificação
de mutações genéticas. O Ambulatório
de Aconselhamento Genético da USP conta com a parceria do
Hospital do Câncer e do Instituto Ludwig. Este último
dará assessoria técnica para a equipe da USP para
realização dos exames.
O
Instituto Ludwig, um dos maiores centros de estudos de câncer
do mundo, e o Hospital do Câncer de São Paulo, em parceria
com a Fapesp, já patentearam o exame e deverão repassar
a técnica para a empresa Diagnósticos da América
(DASA), que controla grandes laboratórios de diagnósticos
no Brasil. A partir daí, planos de saúde conveniados
com estes laboratórios poderão oferecer o exame para
pacientes que antes tinham que fazer testes fora do Brasil.
O ambulatório da USP, por sua vez, tem a intenção
de tornar o aconselhamento genético rotina para pacientes
que vem do Sistema Único de Saúde (SUS) ainda que
inicialmente um número restrito de pessoas sejam atendidas.
"Inicialmente nosso enfoque será para casos de câncer
familiar detectados em nosso ambulatório geral. Do ponto
de vista de atendimento, só existe justificativa para indicar
o estudo genético em indivíduos suspeitos de serem
portadores de predisposições genéticas, para
as quais existam recomendações médicas a serem
feitas. Essa recomendação tem o intuito de prevenir
o aparecimento da doença ou de detectá-la em estágios
iniciais, quando a cura é possível", conclui.